São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 2006

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CSN oferece US$ 9,6 bi por siderúrgica Corus

Brasileira eleva proposta por controle da siderúrgica anglo-holandesa após indianos terem dado US$ 9,2 bi anteontem

Tata Steel, concorrente da CSN, sinaliza que pode dar novo lance; decisão deve ser tomada por acionistas da Corus no próximo dia 20

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Horas depois de a siderúrgica indiana Tata Steel fazer proposta de US$ 9,2 bilhões para a compra da anglo-holandesa Corus, a brasileira CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) fez oferta ainda maior, de US$ 9,6 bilhões. A indiana já sinaliza que elevará sua proposta, esquentando mais a disputa.
A Tata ofereceu 500 centavos de libra esterlina por ação da Corus no domingo, enquanto a CSN informou em comunicado na manhã de ontem que aceita pagar 515 centavos de libra em dinheiro por cada ação da empresa -ou 3% acima da Tata.
Uma combinação da CSN com a Corus criaria o quinto maior grupo global no setor de siderurgia, com produção de aproximadamente 24 milhões de toneladas anuais e, até 2010, de cerca de 50 milhões de toneladas de minério de ferro.
Enquanto em Londres as ações da Corus fecharam ontem com alta de 5,45%, no Brasil, o mercado reagiu mal. A ação ON (com direito a voto) da CSN foi a que mais caiu ontem na Bovespa- 2,31%.
O presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, passou o domingo em negociação com o presidente da Corus, Jim Leng. A conversa passou da meia-noite, e assessores financeiros a prosseguiram pela madrugada.
"O ímpeto estratégico dessa combinação é crescimento -no Brasil e na Europa", disse Steinbruch, que é colunista da Folha. Ele acrescentou que o objetivo é otimizar os ativos da CSN, que tem reservas de minério de ferro, principal componente do aço, "e transformá-los em produtos de alta qualidade e de custo reduzido usando a avançada tecnologia da Corus e sua plataforma de distribuição européia".
Leng, da Corus, também falou em sinergia: "Essa oferta [da CSN] é consistente com nosso objetivo estratégico de assegurar acesso a matérias-primas, produção de baixo custo e mercados em expansão."
Desde o início de outubro, quando a Tata fez a primeira proposta de compra da Corus, a ação da empresa anglo-holandesa já subiu 34%. O embate pela Corus já dura dois meses: no dia 4 de outubro, a Tata ofereceu cerca de US$ 7,7 bilhões.
A CSN montou uma linha de crédito subscrita por um consórcio de bancos incluindo Barclays Bank, Goldman Sachs, BNP Paribas, além do UBS e ING, que entraram recentemente na operação. A linha de financiamento junto a três desses bancos (Barclays, Sachs e ING) soma US$ 8 bilhões, informou em teleconferência à analistas o diretor financeiro da CSN, Otavio Lascano. Em novembro, a direção da empresa informou, em conversa com jornalistas, que tem crédito com o bancos no valor de mais de 100% do valor a ser pago na operação. Naquela época, a CSN oferecia pouco mais de US$ 8 bilhões pela Corus, e o temor do mercado era um desequilíbrio na relação entre dívida e geração de caixa da CSN com a possível aquisição.
O comando da Corus publicou nota ontem informando "que pretende recomendar, de forma unânime, que os acionistas da Corus votem a favor do plano estruturado pela CSN". No dia 20 de dezembro haverá reunião de acionistas e administradores da empresa que deve debater a questão.


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