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Maranhão deixa BB sem conseguir conter "petização" do banco
Lima Neto, funcionário de carreira, assume interinamente a presidência da maior instituição financeira do Brasil
Novo presidente promete continuidade, e Maranhão cita apenas "questões pessoais" como motivo para deixar o cargo
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem a
troca do comando do Banco do
Brasil, a maior instituição financeira do país. No lugar do
atual presidente, Rossano Maranhão, assume interinamente
Antônio Francisco de Lima Neto, funcionário de carreira e
atual vice-presidente de Varejo
e Distribuição do BB.
Maranhão ficará no cargo até
o final da semana. Ontem, não
quis divulgar seu destino profissional e afirmou que sai por
"razões pessoais". Limitou-se a
dizer que atuará na iniciativa
privada. Antes, porém, deverá
cumprir quarentena (ainda indefinida). Ele é o segundo presidente do BB que deixa o cargo
sem conseguir dar prosseguimento ao processo de "despetização" da instituição.
O banco foi parcialmente loteado pelo PT assim que o presidente Lula assumiu o mandato. Antes mesmo da escolha do
primeiro presidente do BB na
gestão Lula, os petistas já estavam acomodados nas diretorias e vice-presidências, o que
acabou derrubando Cassio
Casseb da presidência. Assim
como seu antecessor, Maranhão também teve problemas
com integrantes do PT loteados
na cúpula do BB.
Além disso, ele não concordava com algumas idéias defendidas pelo ministro Guido
Mantega (Fazenda), a quem o
BB está vinculado. Um dos motivos de atrito foi a exigência de
os bancos federais comandarem um processo de redução
das taxas de juros.
Funcionário de carreira do
BB, Maranhão, que ganhou o
apoio do ex-ministro Antonio
Palocci Filho (Fazenda) para ficar no cargo com a queda de
Casseb, sempre brigou por uma
atuação comercial do banco,
que tem ações em bolsa. Preparado para sair desde novembro,
aguardava um sinal do presidente. Ontem, Lula foi à sede
do BB justamente para anunciar a troca de comando.
Em reunião fechada, no final
da manhã, anunciou aos 22 diretores e sete vice-presidentes
presentes a substituição de Maranhão por Lima Neto. Após o
comunicado, Lula pediu a
Mantega que, ao lado de Maranhão e Lima Neto, anunciasse à
imprensa a troca de comando.
Lima Neto, 41, não é filiado a
nenhum partido político. Cearense de Fortaleza, ele entrou
no banco em 1979, então com
14 anos de idade, por meio do
programa Menor Aprendiz.
Antes de chegar à área de Varejo e Distribuição, ocupou a vice-presidência de Negócios Internacionais e Atacado -vaga
deixada por Maranhão no final
de 2004. Segundo Mantega, Lima Neto "está perfeitamente
entrosado com a estratégia que
o banco vem desenvolvendo".
Seu futuro no cargo, porém,
ainda é incerto, principalmente
por conta da pressão dos petistas espalhados nos demais escalões do banco, que querem a
presidência.
Além disso, internamente,
comenta-se que Lima Neto não
teria o traquejo político para
enfrentar as pressões políticas
no segundo mandato. Ele permanecerá como interino até
pelo menos o início do ano que
vem, quando Lula deverá estar
com a nova equipe fechada.
Ontem, em entrevista, falou
em manter a "competitividade"
e a "lucratividade" do banco.
"Muito trabalho, muita responsabilidade. É muita honra", disse. Nos primeiros nove meses
do ano, o BB teve um lucro de
R$ 4,8 bilhões.
Maranhão estava no cargo
desde o final de 2004, quando
assumiu, primeiro interinamente, a vaga deixada por Casseb. Apesar de funcionário de
carreira, assumiu o posto com o
aval do senador José Sarney
(PMDB-AP). Ontem, disse que
deixou o banco por motivos
pessoais. "Cumpri as determinações do presidente. Eu não
tenho nenhuma razão, a não
ser a questão pessoal", afirmou
Maranhão.
Sob seu comando, viu o envolvimento de um dos diretores do BB nos escândalos do
dossiê contra tucanos e também no do mensalão, que desgastaram a imagem do banco.
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