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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Lula afirma que não vai faltar crédito
Após a reunião de quase quatro horas com Lula, os empresários saíram convencidos de
que o governo não irá medir esforços para socorrer as empresas que necessitarem de crédito. O pacote anunciado por
Guido Mantega e por Henrique
Meirelles só reforça essa tese.
Segundo participantes da
reunião, Lula pediu até que os
empresários informem a ele
qualquer dificuldade de crédito
para poder tomar as medidas
necessárias.
"O governo vai fazer o que
puder para o impacto da crise
ser o menor possível sobre as
empresas", diz Jackson Schneider, presidente da Anfavea (associação das montadoras).
A reunião de Lula com os empresários e o pacote mostram
claramente que o governo passou a admitir que o Brasil não
está imune à crise, uma posição
bem diferente das declarações
anteriores de que o país não seria atingido pela tormenta.
"O governo abraçou a crise",
diz Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating.
A dúvida é saber se as medidas surtirão efeito ou não. Ninguém sabe dizer hoje qual é a
profundidade da crise e se todas essas medidas de alívio fiscal serão capazes de reverter a
queda observada na economia.
Para Erivelto Rodrigues, por
exemplo, o pacote pode não ser
suficiente e novas ações deverão ser tomadas. O governo já
estaria até estudando medidas
adicionais.
No geral, os economistas
acharam positivas as iniciativas
de alívio fiscal, até porque a carga tributária é muito alta.
A medida considerada mais
discutível foi permitir o uso das
reservas cambiais para as empresas saldarem seus débitos
externos. Trata-se, em primeiro lugar, de um uso não muito
comum para as reservas.
Mas, além disso, de nada vai
adiantar abrir essa torneira se o
custo do financiamento continuar muito alto. A maior dificuldade hoje das grandes empresas não é a falta de crédito,
mas sim o juro cobrado sobre
esses empréstimos.
13º será usado para pagar dívida por 35% das pessoas, diz pesquisa
Cerca de 35% dos brasileiros
devem usar seu 13º salário para
pagar dívidas neste ano. Outros
52% destinarão o recurso às
compras de Natal, segundo
pesquisa da Fiesp/Ciesp feita
com mil consumidores em novembro. Cerca de 7% dos pesquisados pretendem reformar
a casa com o 13º, outros 7% irão
aplicar em investimento bancário, 4% pretendem viajar e
mais 4% gastarão com lazer.
Enquanto em 2005 e 2006 o
principal destino do 13º salário
era o pagamento de dívidas
(48% em 2005 e 45% em 2006),
em 2008, ele passou a ser as
compras de Natal.
O uso do 13º salário para investimento bancário teve uma
queda de 10% em 2007 para 7%
neste ano, indicando que as
pessoas estão mais dispostas a
gastar o 13º com compras que
em investi-lo.
Dos que usarão o 13º para pagar dívidas, 45% são das classes
D e E e 38% são mulheres.
As pessoas estão dispostas a
gastar em média R$ 64 por presente no Natal neste ano. Para
32%, esse valor é igual ao do
ano passado, para 19%, ele é
menor, e, para 17%, maior.
Segundo a pesquisa, hoje,
65% não estão pagando nenhuma prestação, empréstimo ou
financiamento. Esse percentual está maior neste ano. Em
2007, 60% não pagavam.
Para 69% dos entrevistados
que estão pagando, o financiamento ou prestação é de alguma loja. Para 24%, trata-se de
um empréstimo bancário. A dívida com lojas prevalece entre
os mais jovens. Entre os que
têm renda mensal superior a
R$ 1.800, é o empréstimo bancário que prevalece.
A participação da prestação
em alguma loja foi sendo reduzida nos últimos anos, dando
espaço aos empréstimos bancários (veja tabela acima).
ADIADA:
EMPRESÁRIOS TERÃO PRAZO MAIOR PARA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
Apesar de não conseguir barrar a aprovação do projeto de
lei que estende a substituição tributária a mais setores, a
Fiesp conseguiu convencer o governo paulista e os deputados a adiarem a entrada em vigor do sistema de 1º de fevereiro para 1º de abril de 2009, informa o presidente do PTB
Empresarial, Adalberto Nador, que participou de reuniões
entre os deputados e líderes empresariais na terça. O argumento foi que a cobrança antecipada dos impostos na indústria teria um impacto forte no caixa neste momento de crise.
Homem gasta mais no cartão do que mulher, diz estudo
Cerca de 20% dos portadores
de cartões de crédito no Brasil
hoje possuem dívidas, segundo
pesquisa do Ibope Inteligência
em setembro. As dívidas são referentes a crédito rotativo, parcelamento da fatura ou inadimplência. Foram abordadas mais
de 15 mil pessoas das regiões
metropolitanas de Belo Horizonte, Campinas, Curitiba, Distrito Federal, Florianópolis,
Fortaleza, Porto Alegre, Recife,
Rio, Salvador e São Paulo.
A pesquisa também mostra
que os homens gastam 26% a
mais do que as mulheres nos
cartões de crédito. E que no topo da lista dos usuários que
mais consomem com cartão estão homens paulistas, de classe
A, acima de 50 anos. Na avaliação por classe, a C tem 1,4 cartão por portador.
IMIGRAÇÃO
Em meio à crise,
um casal de dinamarqueses resolveu desembarcar no Brasil.
Annette e Soren Garde acabam de abrir
no país a Scandinavia
Designs, nos Jardins,
em São Paulo, para
vender objetos de decoração, móveis,
brinquedos e roupas
com design escandinavo. A loja, que segmentou as vendas em
atacado, varejo e vendas corporativas, já
encontrou um cenário menos positivo
nos negócios com
empresas. "Nas vendas corporativas não
vou ter muito negócio. As empresas passaram a economizar
nos brindes e presentes para clientes
VIPs. Por isso vamos
focar no atacado", diz
Soren. O outro desafio de Soren, cujos
fornecedores são todos da Europa, é o
câmbio. Como seu
estoque atual foi
comprado antes do
aprofundamento da
crise, os preços ainda
estão mantidos. "Na
próxima entrega, deve sair mais caro."
EM CASA
Luis Molina assume a presidência da Otis no Brasil,
uma das maiores fabricantes
de elevadores e escadas rolantes do mundo. Molina
vem da matriz da empresa
nos Estados Unidos.
COMPRA DIFÍCIL
O Depen (Departamento
Penitenciário Nacional) realiza hoje sua terceira tentativa de compra de equipamentos para as penitenciárias brasileiras. O órgão quer
investir R$ 17 milhões em
aparelhos de inspeção de
raio-X e detectores de metais para vistorias. De acordo com o Depen, fornecedores que não dispõem de
equipamentos dentro do padrão exigido pelo órgão têm
usado liminares e ações de
impugnação para adiar a
realização do pregão presencial. É possível que o pregão
de hoje também seja cancelado, pois uma empresa do
setor entrou com uma ação
pedindo sua impugnação.
CAMISA 9
No último ano, a Medial
Saúde desembolsou R$ 16,5
milhões para colocar seu logotipo na camisa do Corinthians. Mas a marca nunca
apareceu tanto quanto na
última semana, após o anúncio de que Ronaldo Fenômeno se juntará ao time. O problema é que o contrato está a
uma semana de vencer e não
será renovado. "Ficamos felizes que essa contratação
aconteça em um momento
tão positivo para o Corinthians, quando a Medial ainda comemora com o clube o
acesso à Série A", diz Carla
Altman, diretora de marketing da Medial. Em tempo de
crise, o dinheiro será aplicado em outros negócios da
companhia. O Corinthians
diz estar negociando patrocínio com seis empresas.
com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e CRISTIANE BARBIERI
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