São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Lula afirma que não vai faltar crédito

Após a reunião de quase quatro horas com Lula, os empresários saíram convencidos de que o governo não irá medir esforços para socorrer as empresas que necessitarem de crédito. O pacote anunciado por Guido Mantega e por Henrique Meirelles só reforça essa tese.
Segundo participantes da reunião, Lula pediu até que os empresários informem a ele qualquer dificuldade de crédito para poder tomar as medidas necessárias.
"O governo vai fazer o que puder para o impacto da crise ser o menor possível sobre as empresas", diz Jackson Schneider, presidente da Anfavea (associação das montadoras).
A reunião de Lula com os empresários e o pacote mostram claramente que o governo passou a admitir que o Brasil não está imune à crise, uma posição bem diferente das declarações anteriores de que o país não seria atingido pela tormenta.
"O governo abraçou a crise", diz Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating.
A dúvida é saber se as medidas surtirão efeito ou não. Ninguém sabe dizer hoje qual é a profundidade da crise e se todas essas medidas de alívio fiscal serão capazes de reverter a queda observada na economia.
Para Erivelto Rodrigues, por exemplo, o pacote pode não ser suficiente e novas ações deverão ser tomadas. O governo já estaria até estudando medidas adicionais.
No geral, os economistas acharam positivas as iniciativas de alívio fiscal, até porque a carga tributária é muito alta.
A medida considerada mais discutível foi permitir o uso das reservas cambiais para as empresas saldarem seus débitos externos. Trata-se, em primeiro lugar, de um uso não muito comum para as reservas.
Mas, além disso, de nada vai adiantar abrir essa torneira se o custo do financiamento continuar muito alto. A maior dificuldade hoje das grandes empresas não é a falta de crédito, mas sim o juro cobrado sobre esses empréstimos.

13º será usado para pagar dívida por 35% das pessoas, diz pesquisa

Cerca de 35% dos brasileiros devem usar seu 13º salário para pagar dívidas neste ano. Outros 52% destinarão o recurso às compras de Natal, segundo pesquisa da Fiesp/Ciesp feita com mil consumidores em novembro. Cerca de 7% dos pesquisados pretendem reformar a casa com o 13º, outros 7% irão aplicar em investimento bancário, 4% pretendem viajar e mais 4% gastarão com lazer.
Enquanto em 2005 e 2006 o principal destino do 13º salário era o pagamento de dívidas (48% em 2005 e 45% em 2006), em 2008, ele passou a ser as compras de Natal.
O uso do 13º salário para investimento bancário teve uma queda de 10% em 2007 para 7% neste ano, indicando que as pessoas estão mais dispostas a gastar o 13º com compras que em investi-lo.
Dos que usarão o 13º para pagar dívidas, 45% são das classes D e E e 38% são mulheres.
As pessoas estão dispostas a gastar em média R$ 64 por presente no Natal neste ano. Para 32%, esse valor é igual ao do ano passado, para 19%, ele é menor, e, para 17%, maior.
Segundo a pesquisa, hoje, 65% não estão pagando nenhuma prestação, empréstimo ou financiamento. Esse percentual está maior neste ano. Em 2007, 60% não pagavam.
Para 69% dos entrevistados que estão pagando, o financiamento ou prestação é de alguma loja. Para 24%, trata-se de um empréstimo bancário. A dívida com lojas prevalece entre os mais jovens. Entre os que têm renda mensal superior a R$ 1.800, é o empréstimo bancário que prevalece.
A participação da prestação em alguma loja foi sendo reduzida nos últimos anos, dando espaço aos empréstimos bancários (veja tabela acima).

ADIADA:
EMPRESÁRIOS TERÃO PRAZO MAIOR PARA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

Apesar de não conseguir barrar a aprovação do projeto de lei que estende a substituição tributária a mais setores, a Fiesp conseguiu convencer o governo paulista e os deputados a adiarem a entrada em vigor do sistema de 1º de fevereiro para 1º de abril de 2009, informa o presidente do PTB Empresarial, Adalberto Nador, que participou de reuniões entre os deputados e líderes empresariais na terça. O argumento foi que a cobrança antecipada dos impostos na indústria teria um impacto forte no caixa neste momento de crise.

Homem gasta mais no cartão do que mulher, diz estudo

Cerca de 20% dos portadores de cartões de crédito no Brasil hoje possuem dívidas, segundo pesquisa do Ibope Inteligência em setembro. As dívidas são referentes a crédito rotativo, parcelamento da fatura ou inadimplência. Foram abordadas mais de 15 mil pessoas das regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Campinas, Curitiba, Distrito Federal, Florianópolis, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio, Salvador e São Paulo.
A pesquisa também mostra que os homens gastam 26% a mais do que as mulheres nos cartões de crédito. E que no topo da lista dos usuários que mais consomem com cartão estão homens paulistas, de classe A, acima de 50 anos. Na avaliação por classe, a C tem 1,4 cartão por portador.

IMIGRAÇÃO

Em meio à crise, um casal de dinamarqueses resolveu desembarcar no Brasil. Annette e Soren Garde acabam de abrir no país a Scandinavia Designs, nos Jardins, em São Paulo, para vender objetos de decoração, móveis, brinquedos e roupas com design escandinavo. A loja, que segmentou as vendas em atacado, varejo e vendas corporativas, já encontrou um cenário menos positivo nos negócios com empresas. "Nas vendas corporativas não vou ter muito negócio. As empresas passaram a economizar nos brindes e presentes para clientes VIPs. Por isso vamos focar no atacado", diz Soren. O outro desafio de Soren, cujos fornecedores são todos da Europa, é o câmbio. Como seu estoque atual foi comprado antes do aprofundamento da crise, os preços ainda estão mantidos. "Na próxima entrega, deve sair mais caro."

EM CASA
Luis Molina assume a presidência da Otis no Brasil, uma das maiores fabricantes de elevadores e escadas rolantes do mundo. Molina vem da matriz da empresa nos Estados Unidos.

COMPRA DIFÍCIL
O Depen (Departamento Penitenciário Nacional) realiza hoje sua terceira tentativa de compra de equipamentos para as penitenciárias brasileiras. O órgão quer investir R$ 17 milhões em aparelhos de inspeção de raio-X e detectores de metais para vistorias. De acordo com o Depen, fornecedores que não dispõem de equipamentos dentro do padrão exigido pelo órgão têm usado liminares e ações de impugnação para adiar a realização do pregão presencial. É possível que o pregão de hoje também seja cancelado, pois uma empresa do setor entrou com uma ação pedindo sua impugnação.

CAMISA 9
No último ano, a Medial Saúde desembolsou R$ 16,5 milhões para colocar seu logotipo na camisa do Corinthians. Mas a marca nunca apareceu tanto quanto na última semana, após o anúncio de que Ronaldo Fenômeno se juntará ao time. O problema é que o contrato está a uma semana de vencer e não será renovado. "Ficamos felizes que essa contratação aconteça em um momento tão positivo para o Corinthians, quando a Medial ainda comemora com o clube o acesso à Série A", diz Carla Altman, diretora de marketing da Medial. Em tempo de crise, o dinheiro será aplicado em outros negócios da companhia. O Corinthians diz estar negociando patrocínio com seis empresas.

com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e CRISTIANE BARBIERI



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