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análise
Ação pode ajudar mais na política do que na economia
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Tudo somado e arredondado para cima, o impacto do
pacote de alívio tributário
equivale a 0,8% da carga nacional de impostos e a 0,5%
do consumo das famílias
-na hipótese pouco provável de o dinheiro ser integralmente direcionado à compra
de bens e serviços.
O mesmo governo já havia
acenado com medidas mais
ousadas neste mesmo ano. A
redução da contribuição previdenciária patronal, incluída na proposta de reforma
tributária, significaria uma
renúncia fiscal de R$ 24 bilhões anuais. Prometida desde o primeiro ano do primeiro mandato do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, a
desoneração da folha de salários pode ser feita por uma
simples medida provisória.
A cada iniciativa semanal
com objetivo declarado de
estimular a economia, fica
mais aparente uma espécie
de esquizofrenia da agenda
de reação à crise internacional: as grandes variáveis capazes de influenciar decisivamente a atividade econômica, os juros e as metas de
aperto fiscal, permanecem
inalteradas -apenas pararam de subir.
Na parte dos manuais de
economia que mais agrada
aos críticos da teoria convencional, uma recessão deve
ser evitada ou combatida por
meio da queda dos juros e do
aumento do déficit do governo, com redução dos impostos e aumento dos gastos.
Como mostrou o economista
britânico John Maynard
Keynes em plena depressão
da década de 1930, dessa forma se reativam o consumo e
os investimentos.
Os herdeiros do pensamento keynesiano instalados na equipe econômica demonstram conhecer na prática os limites do que anunciam como "política anticíclica", ou seja, de sentido
contrário à tendência de desaceleração da economia.
Mesmo com previsões cada vez mais pessimistas para
2009, a margem para o corte
dos juros segue estreita. A
disparada do dólar inspira
cuidados com a inflação, a
eterna preocupação dos ortodoxos, e um eventual aquecimento do consumo pode
elevar ainda mais o déficit
nas transações com o exterior, temor recorrente dos
heterodoxos.
Tampouco há cenário encorajador para menos impostos. A arrecadação sofrerá os efeitos da inevitável desaceleração, e os gastos adicionais com o novo salário
mínimo e os reajustes concedidos ao funcionalismo já estão contratados. A promessa
de preservar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) pouco significa, porque ele mal consegue gastar
metade de seu orçamento.
Resta ao governo transmitir otimismo, mostrar iniciativa, produzir expectativas
mais favoráveis, não ser acusado de omissão.
Há resultados a colher, senão na economia presente,
na política futura.
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