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BC terá de responder por juro elevado, diz Mantega
Ministro afirma que Fazenda faz sua parte ao reduzir custo financeiro com corte no IOF
Copom decidiu manter taxa Selic em 13,75% anteontem;
ministro diz que empresários
se queixaram ao presidente Lula sobre a decisão do BC
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Defensor público da queda
nos juros, o ministro Guido
Mantega (Fazenda) disse ontem que o Banco Central terá
de responder pelos efeitos na
economia da decisão de manter
inalterada a taxa de 13,75% na
última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).
"Ele [BC] tomou essa decisão
[de não reduzir os juros]. Ele
vai responder por ela", afirmou
Mantega, ao ser questionado
sobre o resultado da reunião do
Copom, que, mesmo pressionado pelo presidente Lula nas últimas semanas, não mexeu na
taxa Selic, usada como referência pelo mercado.
Ao fazer o comentário, Mantega deu outra alfinetada no
banco ao dizer que o BC tem de
responder por seus atos, assim
como ele responde pelos da política fiscal. "Eu estou dizendo
que tem de baixar o custo financeiro e, no que me diz respeito, estou baixando o juro no
país", citando a decisão de reduzir a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 3% para 1,5% no crédito direto ao consumidor, divulgada ontem na Fazenda.
A intenção do governo era
baixar a alíquota do IOF apenas
depois de o BC reduzir as taxas
de juros, mas a queda mais forte no ritmo da economia brasileira neste final de ano levou o
governo a antecipar a medida.
Apesar das críticas indiretas
ao BC, Mantega lembrou que o
presidente Lula decidiu que o
Banco Central tem uma "autonomia relativa" e que isso "pode trazer algum inconveniente
em algum momento, mas, de
modo geral, traz dividendos,
um equilíbrio, porque retira a
interferência política".
Ele acrescentou preferir não
julgar se a decisão do presidente de dar autonomia ao BC era
"certa ou errada", mas que era o
que Lula havia estabelecido
dentro do governo desde o primeiro mandato. Nos últimos
dias, o presidente chegou a confidenciar que poderia limitar a
autonomia do BC caso ele não
sinalizasse uma redução dos juros neste final do ano.
A redução nos juros acabou
não acontecendo, nem foi adotado o viés de baixa pelo BC,
mas o banco fez questão de
anotar em seu comunicado
pós-reunião do Copom que foi
discutida a possibilidade de
cortar a taxa, mas que, por unanimidade, foi decidido não tomar esse caminho.
Durante conversa com jornalistas, o ministro disse que vários empresários reclamaram
da decisão do BC na reunião,
ontem pela manhã, com Lula,
da qual participou também o
presidente do BC, Henrique
Meirelles. "Vários empresários
falaram sobre isso. Reclamaram, disseram que a principal
coisa é baixar a Selic."
Mais tarde, sentado ao lado
de Meirelles para uma entrevista coletiva, o ministro não citou diretamente a Selic, mas se
referiu ao custo financeiro das
operações no mercado dizendo
que com as taxas de juros anteriores era impossível crescer.
Em seguida, porém, ressaltou que os juros futuros, que
também têm impacto no crédito final, estão em queda e ressaltou a necessidade de diminuir o "spread" bancário (diferença entre o valor cobrado dos
clientes e o pago pelos bancos
para captar recursos). Para isso, o ministro afirmou que usará os bancos públicos como indutores dessa redução.
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