|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Indústria e varejo confirmam forte retomada da China
Investimentos e importações também crescem e mostram recrudescimento da demanda interna, turbinada pelo crédito
Notícias trazem preocupação ao Partido Comunista quanto
à inflação e se será necessário
frear ainda mais medidas de
estímulo adotadas há um ano
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
A produção industrial da
China aumentou 19,2% em novembro em comparação com o
mesmo mês do ano passado,
enquanto as importações cresceram 26,7%. Outros dados divulgados ontem, de vendas no
varejo à inflação e investimentos, confirmam a forte recuperação chinesa.
Os investimentos em ativos
fixos aumentaram 32,1% entre
janeiro e novembro em relação
ao mesmo período de 2008. Depois de meses de deflação, o índice de preços ao consumidor
subiu 0,6% (em outubro, havia
caído 0,5%).
O PIB chinês deve crescer
cerca de 8,5% neste ano, a expansão mais elevada entre as
dez maiores economias do
mundo, graças à concessão recorde de crédito pelos bancos
estatais e ao investimento pesado em infraestrutura pública.
A China pode superar o Japão e
virar a segunda economia do
globo em 2010.
As exportações caíram 1,2%,
ante 13,8% em outubro e patamares superiores a 20% no início do ano. O superavit comercial foi de US$ 177,96 bilhões
entre janeiro e novembro,
30,6% menor que no mesmo
período de 2008.
As importações entre janeiro
e novembro foram de US$ 893
bilhões, enquanto as exportações chinesas atingiram US$
1,07 trilhão (7,75 vezes as exportações brasileiras).
Os dados sobre a recuperação chinesa tiveram impacto
positivo em diversas Bolsas pelo mundo, principalmente em
países beneficiados pela demanda chinesa.
Os números superaram as
previsões dos especialistas, porém parte de sua robustez vem
da comparação com novembro
de 2008, um dos piores meses
para a economia chinesa na última década.
Alguns números demonstram o fortalecimento da demanda interna -o consumo no
varejo aumentou 15,8% em novembro (o número inclui compras governamentais)- assim
como das importações, com
destaque para a compra de matérias-primas, o que tem impacto direto na balança comercial brasileira. A China superou
os Estados Unidos e se tornou o
maior parceiro comercial do
Brasil em 2009.
Bolha imobiliária
Por conta da forte recuperação, o governo chinês já está
voltando a recorrer a alguns
freios para evitar um novo superaquecimento da economia.
Para combater a especulação
imobiliária, o governo estabeleceu uma taxa de 5,5% para
quem vende um imóvel até cinco anos após a compra.
Os preços do metro quadrado
residencial subiram 5,7% em
novembro nas 70 maiores cidades chinesas.
A concessão de créditos também se desacelerou. Em novembro, foram emprestados
294,8 bilhões de yuans (R$ 73,7
bilhões), cerca de um terço do
que foi concedido nos meses do
primeiro semestre.
Em 2009, os bancos estatais
emprestaram 9,210 trilhões de
yuans (R$ 2,30 trilhões ou 80%
do PIB brasileiro). Em todo o
ano de 2008, o total de créditos
foi de 4 trilhões de yuans.
As boas notícias trazem
preocupações ao Partido Comunista quanto a um eventual
retorno da inflação, se será necessário frear ainda mais as
medidas de estímulo adotadas
há um ano e como prevenir bolhas como a imobiliária. E se a
moeda, o yuan, precisará ser
valorizada, objeto de pressão
internacional pela vantagem
comercial que sua atual paridade com o dólar lhe dá.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Comércio: País acusa EUA e Rússia de dumping de aço Índice
|