São Paulo, sábado, 12 de dezembro de 2009

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Indústria e varejo confirmam forte retomada da China

Investimentos e importações também crescem e mostram recrudescimento da demanda interna, turbinada pelo crédito

Notícias trazem preocupação ao Partido Comunista quanto à inflação e se será necessário frear ainda mais medidas de estímulo adotadas há um ano


RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

A produção industrial da China aumentou 19,2% em novembro em comparação com o mesmo mês do ano passado, enquanto as importações cresceram 26,7%. Outros dados divulgados ontem, de vendas no varejo à inflação e investimentos, confirmam a forte recuperação chinesa.
Os investimentos em ativos fixos aumentaram 32,1% entre janeiro e novembro em relação ao mesmo período de 2008. Depois de meses de deflação, o índice de preços ao consumidor subiu 0,6% (em outubro, havia caído 0,5%).
O PIB chinês deve crescer cerca de 8,5% neste ano, a expansão mais elevada entre as dez maiores economias do mundo, graças à concessão recorde de crédito pelos bancos estatais e ao investimento pesado em infraestrutura pública. A China pode superar o Japão e virar a segunda economia do globo em 2010.
As exportações caíram 1,2%, ante 13,8% em outubro e patamares superiores a 20% no início do ano. O superavit comercial foi de US$ 177,96 bilhões entre janeiro e novembro, 30,6% menor que no mesmo período de 2008.
As importações entre janeiro e novembro foram de US$ 893 bilhões, enquanto as exportações chinesas atingiram US$ 1,07 trilhão (7,75 vezes as exportações brasileiras).
Os dados sobre a recuperação chinesa tiveram impacto positivo em diversas Bolsas pelo mundo, principalmente em países beneficiados pela demanda chinesa.
Os números superaram as previsões dos especialistas, porém parte de sua robustez vem da comparação com novembro de 2008, um dos piores meses para a economia chinesa na última década.
Alguns números demonstram o fortalecimento da demanda interna -o consumo no varejo aumentou 15,8% em novembro (o número inclui compras governamentais)- assim como das importações, com destaque para a compra de matérias-primas, o que tem impacto direto na balança comercial brasileira. A China superou os Estados Unidos e se tornou o maior parceiro comercial do Brasil em 2009.

Bolha imobiliária
Por conta da forte recuperação, o governo chinês já está voltando a recorrer a alguns freios para evitar um novo superaquecimento da economia. Para combater a especulação imobiliária, o governo estabeleceu uma taxa de 5,5% para quem vende um imóvel até cinco anos após a compra.
Os preços do metro quadrado residencial subiram 5,7% em novembro nas 70 maiores cidades chinesas.
A concessão de créditos também se desacelerou. Em novembro, foram emprestados 294,8 bilhões de yuans (R$ 73,7 bilhões), cerca de um terço do que foi concedido nos meses do primeiro semestre.
Em 2009, os bancos estatais emprestaram 9,210 trilhões de yuans (R$ 2,30 trilhões ou 80% do PIB brasileiro). Em todo o ano de 2008, o total de créditos foi de 4 trilhões de yuans.
As boas notícias trazem preocupações ao Partido Comunista quanto a um eventual retorno da inflação, se será necessário frear ainda mais as medidas de estímulo adotadas há um ano e como prevenir bolhas como a imobiliária. E se a moeda, o yuan, precisará ser valorizada, objeto de pressão internacional pela vantagem comercial que sua atual paridade com o dólar lhe dá.


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