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Pão de Açúcar e Bahia fazem acerto no Cade
Empresas comunicam ao conselho que operações das redes continuarão separadas até o final de janeiro
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As operações do Grupo Pão
de Açúcar e da Casas Bahia permanecerão separadas até o final de janeiro. A informação foi
comunicada ontem ao Cade
(Conselho Administrativo de
Defesa Econômica) pelos executivos das empresas, embora a
fusão ainda não tenha sido notificada oficialmente aos órgãos de defesa da concorrência.
Em reunião com o presidente do Cade, Arthur Badin, o presidente do conselho de administração do Pão de Açúcar,
Abilio Diniz, e o diretor-executivo da Casas Bahia, Michael
Klein, buscaram "tranquilizar"
a autoridade antitruste esclarecendo que nenhuma medida
estrutural será tomada até o final do próximo mês.
As empresas deverão notificar a fusão até o dia 28. "Eles
apresentaram, pela primeira
vez, os traços gerais da operação e, sobretudo, quiseram
tranquilizar o Cade para que as
coisas sejam analisadas com
calma. Creio que seja o tempo
necessário para recebermos as
informações e analisarmos se
haverá necessidade de adotarmos medidas", disse Badin.
Nos últimos anos, tem sido
praxe no Cade a adoção de
acordos com as empresas para
"congelar", na maioria das vezes parcialmente, o processo de
fusão. Conhecido como Apro,
esse acerto garante as condições para que o negócio seja
desfeito no futuro se, ao final da
análise do ato de concentração,
o Cade julgar que a fusão traz
danos ao mercado.
"As medidas tomadas olhando o histórico do Cade são para
preservação da reversibilidade
da operação, preservação de
ativos e postergação da efetivação da operação. Agora, nesse
caso concreto, não sei se vai ser
necessário", afirmou Badin.
Segundo Klein, a reunião
com o Cade foi um passo de
"aproximação" e teve o objetivo
de demonstrar que as empresas
pretendem "colaborar" com as
autoridades antitruste. "Estamos tranquilos com essa operação e vamos fornecer todas as
informações, fazer tudo direitinho. Mas acho que não precisará haver nenhuma restrição",
acrescentou Diniz.
Na conversa com os jornalistas, o diretor-executivo da Casas Bahia chegou a dizer que as
operações entre as duas empresas permaneceriam separadas
até a análise final pelo Cade.
Os advogados das empresas,
no entanto, esclareceram em
seguida que as atividades permanecerão separadas de acordo com a programação preestabelecida pelas partes. "Não é
que as operações não vão poder
se juntar até a aprovação do Cade, porque isso poderia levar
um ano. Também não vamos
nos antecipar em um Apro. As
empresas entendem que a fusão não deverá gerar danos ao
mercado", afirmou a advogada
Barbara Rosenberg.
O presidente do Cade disse
ainda que os dados apresentados foram gerais. Ele evitou comentar possíveis restrições à
fusão. "Eu não conheço o mercado, seria leviano fazer uma
avaliação. A informação que tenho é como consumidor. Sei
onde atuam Pão de Açúcar, Casas Bahia e Ponto Frio. Que eu
saiba Casas Bahia não vende iogurte, carne, limão e banana.
Pão de Açúcar tem lojas que
vendem linha dura, o Extra.
Ponto Frio e Casas Bahia estão
obviamente no mesmo mercado. Mas saber isso não é suficiente", afirmou Badin.
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