São Paulo, sábado, 12 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pão de Açúcar e Bahia fazem acerto no Cade

Empresas comunicam ao conselho que operações das redes continuarão separadas até o final de janeiro

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As operações do Grupo Pão de Açúcar e da Casas Bahia permanecerão separadas até o final de janeiro. A informação foi comunicada ontem ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) pelos executivos das empresas, embora a fusão ainda não tenha sido notificada oficialmente aos órgãos de defesa da concorrência.
Em reunião com o presidente do Cade, Arthur Badin, o presidente do conselho de administração do Pão de Açúcar, Abilio Diniz, e o diretor-executivo da Casas Bahia, Michael Klein, buscaram "tranquilizar" a autoridade antitruste esclarecendo que nenhuma medida estrutural será tomada até o final do próximo mês.
As empresas deverão notificar a fusão até o dia 28. "Eles apresentaram, pela primeira vez, os traços gerais da operação e, sobretudo, quiseram tranquilizar o Cade para que as coisas sejam analisadas com calma. Creio que seja o tempo necessário para recebermos as informações e analisarmos se haverá necessidade de adotarmos medidas", disse Badin.
Nos últimos anos, tem sido praxe no Cade a adoção de acordos com as empresas para "congelar", na maioria das vezes parcialmente, o processo de fusão. Conhecido como Apro, esse acerto garante as condições para que o negócio seja desfeito no futuro se, ao final da análise do ato de concentração, o Cade julgar que a fusão traz danos ao mercado.
"As medidas tomadas olhando o histórico do Cade são para preservação da reversibilidade da operação, preservação de ativos e postergação da efetivação da operação. Agora, nesse caso concreto, não sei se vai ser necessário", afirmou Badin.
Segundo Klein, a reunião com o Cade foi um passo de "aproximação" e teve o objetivo de demonstrar que as empresas pretendem "colaborar" com as autoridades antitruste. "Estamos tranquilos com essa operação e vamos fornecer todas as informações, fazer tudo direitinho. Mas acho que não precisará haver nenhuma restrição", acrescentou Diniz.
Na conversa com os jornalistas, o diretor-executivo da Casas Bahia chegou a dizer que as operações entre as duas empresas permaneceriam separadas até a análise final pelo Cade.
Os advogados das empresas, no entanto, esclareceram em seguida que as atividades permanecerão separadas de acordo com a programação preestabelecida pelas partes. "Não é que as operações não vão poder se juntar até a aprovação do Cade, porque isso poderia levar um ano. Também não vamos nos antecipar em um Apro. As empresas entendem que a fusão não deverá gerar danos ao mercado", afirmou a advogada Barbara Rosenberg.
O presidente do Cade disse ainda que os dados apresentados foram gerais. Ele evitou comentar possíveis restrições à fusão. "Eu não conheço o mercado, seria leviano fazer uma avaliação. A informação que tenho é como consumidor. Sei onde atuam Pão de Açúcar, Casas Bahia e Ponto Frio. Que eu saiba Casas Bahia não vende iogurte, carne, limão e banana. Pão de Açúcar tem lojas que vendem linha dura, o Extra. Ponto Frio e Casas Bahia estão obviamente no mesmo mercado. Mas saber isso não é suficiente", afirmou Badin.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: 119 sabiam da negociação, afirma Globex
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.