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POLÍTICA MONETÁRIA
Segundo Henrique Meirelles, Banco Central terá que explicar à sociedade se teto de gastos extrapolar
BC deve ter limite para operar no mercado
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL À BASILÉIA
A Lei de Responsabilidade Monetária que o governo pretende
encaminhar ao Congresso ainda
neste ano vai além da autonomia
operacional do Banco Central e de
mandatos fixos para o presidente
e os diretores da instituição. O BC
deverá também respeitar limites
de gastos com operações de política monetária realizadas no mercado financeiro. A informação é
do presidente da instituição, Henrique Meirelles.
Essas transações -principalmente compra e venda de títulos
do Tesouro Nacional- são feitas
para adequar a oferta de dinheiro
em circulação na economia à meta de inflação perseguida pelo
Banco Central. Somente de janeiro a setembro do ano passado, o
BC teve um prejuízo de R$ 14,3 bilhões com essas transações, conhecidas como operações de
mercado aberto.
Essas operações são o principal
instrumento do BC na condução
da política monetária. É por meio
delas que o BC "impõe" ao mercado a taxa básica de juros da economia (Selic), decidida mensalmente pelo Copom (Comitê de
Política Monetária). Mas, quando
geram prejuízo, quem paga a conta é o Tesouro Nacional, ou seja, o
contribuinte.
Segundo Meirelles, o formato final da Lei de Responsabilidade
Monetária ainda não foi definido.
Ele disse que está em estudo quais
serão os limites impostos ao BC e
como serão aplicados. Adiantou,
contudo, que o BC terá de prestar
esclarecimentos à sociedade se,
eventualmente, extrapolar o teto
de gastos estabelecido pela lei.
Prejuízo
Nos últimos quatro anos, somente em 2000 o Banco Central
não teve prejuízo com as operações de mercado aberto. Naquele
ano, o lucro foi de R$ 1,227 bilhão.
No ano anterior -quando houve
a maxidesvalorização do real-,
no entanto, o rombo que o Tesouro teve de cobrir foi de R$
4,492 bilhões. Em 2001, o prejuízo
foi de R$ 6,040 bilhões.
O BC tem dado transparência
aos resultados contábeis de suas
operações no mercado aberto.
Mas hoje a instituição não tem de
respeitar limites de gastos nem
prestar esclarecimentos à sociedade sobre eventuais prejuízos.
Atualmente, a única obrigação
do presidente da instituição nesse
sentido (dar explicações) é em relação à meta de inflação. Quando
o BC não cumpre a meta estabelecida para o ano, o presidente do
banco tem de enviar uma carta
aberta ao ministro da Fazenda
com as razões que levaram a inflação a se desviar do alvo e o que
a autoridade monetária fará para
recolocá-la na trajetória desejada.
O BC não cumpriu no ano passado (bem como em 2001) a meta
de inflação. Provavelmente já
nesta semana Meirelles enviará a
carta ao ministro Antonio Palocci
Filho (Fazenda) com as explicações sobre o aumento de preços
acima da meta em 2002.
Meirelles está na Basiléia (Suíça) para a reunião do BIS (Banco
Internacional de Compensações)
-o banco central dos bancos
centrais. É seu primeiro compromisso internacional no cargo.
Ontem, reuniu-se com dirigentes de bancos centrais e executivos de instituições financeiras
privadas, entre as quais os 15
maiores bancos do mundo. Para
Meirelles, "havia consenso de que
o Brasil está no caminho certo".
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