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LAVOURA DOENTE
Clima mais ameno favoreceu o desenvolvimento do fungo causador da doença, que já atinge oito Estados
Ferrugem da soja vem mais cedo e preocupa
FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO
Responsável por perdas de mais
de US$ 1 bilhão nas últimas duas
safras de soja, a ferrugem asiática
apareceu mais cedo na safra
2003/2004, levando a Embrapa-Soja (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) a lançar alerta para que os produtores fiquem
atentos ao surgimento dos sinais
da doença. A soja foi o principal
produto exportado pelo Brasil em
2003. Os climas mais amenos do
final do ano passado e do início
deste ano favoreceram o desenvolvimento do fungo Phakopsora
pachyrhizi, causador da ferrugem, informa o fitopatologista
Ademir Henning, pesquisador da
Embrapa-Soja.
Já há relato de aparecimento da
doença em oito Estados nesta safra (veja quadro). "O agricultor
deve ficar alerta, fazer um monitoramento constante em sua lavoura e conversar com os vizinhos, para saber se a doença já está em sua região", disse Henning.
Isso porque o fungo se propaga
pelo vento e, se ele já apareceu na
região, é muito fácil ele ser transmitido a lavouras próximas.
A ocorrência de muitas chuvas
ou mesmo o orvalho aliado a
temperaturas mais baixas -entre 17C e 23C- são os principais fatores que favorecem o desenvolvimento do fungo.
Já em novembro do ano passado houve os primeiros registros
de lavouras contaminadas, em
Goiás e Mato Grosso. Na safra
2002/2003, os primeiros casos foram notificados em janeiro.
Esse aparecimento mais cedo
acabou pegando as plantas ainda
no estado vegetativo, cerca de 25
dias após a germinação, informa
a Embrapa-Soja. E, quanto mais
cedo aparece, mais danos a doença causa à planta.
Normalmente, a ferrugem, ao
prejudicar a folha da soja, afeta a
fotossíntese da planta, faz as folhas caírem e os grãos perderem
peso. Na safra passada, o foco
mais importante foi encontrado
na Bahia, onde houve quebra de
25% da safra, com redução de 510
mil toneladas em relação ao que
teria sido colhido sem o ataque
do fungo. Isso levou até um pesquisador norte-americano ao Estado, causando suspeita de espionagem (leia texto nesta página).
Segundo o pesquisador José Tadashi Yorinori, da Embrapa-Soja,
a variável transgênica que está
sendo plantada neste ano no país,
com autorização do governo, não
é imune à contaminação pelo
fungo da ferrugem. "Em tese, nenhuma variável plantada hoje no
país é resistente ao fungo."
Estados
Em Goiás, onde há a maior incidência de ferrugem registrada até
o momento, a Secretaria da Agricultura local organizou na sexta-feira um seminário técnico sobre
a doença e prepara uma campanha de alerta sobre o problema
nos principais municípios produtores do Estado.
Em São Paulo, a Secretaria da
Agricultura informa que serão coletadas amostras de soja na região
de Cândido Mota para serem analisadas em laboratório oficial e
confirmar a contaminação ou
não. Já em Mato Grosso, a secretaria informa que, como a soja é
plantada no Estado em sua maioria por grandes produtores e o governo estadual foca sua estratégia
de assistência técnica nos pequenos agricultores, ainda não há
previsão de nenhum programa
especial de prevenção, mas essa
orientação pode ser mudada conforme a gravidade do problema.
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