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LUÍS NASSIF
A TV aberta e
a TV digital
Na discussão sobre TV digital, os maiores interessados obviamente são as emissoras
abertas, os chamados broadcasters. Há dez anos, o tema vem
sendo estudado pela Sociedade
de Engenharia de Televisão. De
cinco anos para cá, passou-se para a etapa de testes e avaliações.
Diretor técnico da Rede Globo,
Fernando Bittencourt considera
que a decisão sobre a TV digital
poderá representar a diferença
entre a vida e a morte para as
TVs abertas.
Sua visão é simples. No começo, havia apenas os broadbanders, gerando conteúdo distribuído pela TV aberta. Depois,
surgiu o cabo, com conteúdo dos
broadcasters e outros mais, tendo o diferencial da interatividade. Junto, veio o satélite, com as
mesmas qualidades. Mais recentemente, as empresas de telefonia, que eram apenas voz, tornaram-se digitais, abrindo espaço
para a banda larga e para a internet. Dentro de muito pouco
tempo, a qualidade técnica da
banda larga será igual ou melhor do que a TV em casa, assim
como a qualidade dos celulares.
De todas as mídias, a única que
não é digital é a TV aberta. E é a
única gratuita, que vive apenas
de publicidade.
Com a implantação da TV digital, as emissoras atuais não
prevêem um crescimento do bolo
publicitário. Por isso, trata-se
muito mais de uma estratégia
defensiva, para não perder publicidade para os concorrentes
que já se digitalizaram.
Para competir nesse ambiente,
a TV aberta necessitará das seguintes características:
1) Programação com qualidade similar ao satélite, cabo e telecom.
2) Condições de ser recebida
em aparelhos móveis, também
sendo gratuita e sem necessitar
da intermediação da telefonia
celular.
3) Integração com demais mídias. Será possível, por exemplo,
assistir ao jogo pela TV aberta e
encomendar o replay pelo cabo
ou pela rede de telecom.
O sistema que melhor supre essas necessidades é o japonês, segundo Bittencourt. Há uma
questão relevante em jogo. Cada
canal possui 6 Mhz no espectro.
Há duas alternativas para o uso
do espectro: ou colocar a alta definição (o que comprometerá o
espectro todo) ou fazer quatro
transmissões diferentes, simultâneas, mas sem a alta definição.
Como modelo de negócio, Bittencourt considera que a divisão
em várias programações é suicida. De um lado, não será suficiente para a TV aberta competir com as centenas de canais da
TV a cabo. De outro, haverá
uma pulverização da audiência
e, conseqüentemente, da publicidade.
O grande problema é que, se
quiser lançar a alta definição, o
governo terá que disponibilizar
um outro canal para cada emissora poder, durante oito a dez
anos, transmitir simultaneamente a programação analógica
e a digital -até que se complete
a renovação dos aparelhos para
a nova tecnologia.
Para o consumidor, a transição do analógico para o digital
seria feita por meio dos setop-box. De início, será uma caixinha que receberá sinal digital e
jogará em um aparelho analógico, com algum ganho de qualidade. Depois, o sinal poderá ser
colocado diretamente em uma
tela plana.
No endereço eletrônico www.
projetobr.com.br, há um conjunto grande de artigos e trabalhos dos diversos atores envolvidos no processo.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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