São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 2007

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Inflação fica dentro da meta oficial desde 2004

Sob Lula, só em 2003 objetivo não foi alcançado, com o IPCA atingindo 9,3%

Ausência de crises externas ajuda política monetária do Banco Central; no segundo mandato de FHC, meta foi atingida só no ano 2000


DA SUCURSAL DO RIO

Desde 2004, o governo Lula cumpriu sistematicamente a meta para o IPCA, o que fortalece a credibilidade da tão criticada política monetária do Banco Central. Mas o preço veio no crescimento tímido: nos três primeiros anos do governo Lula (2003-2005), o PIB cresceu 2,6%, em média. Em 2006, deve ficar abaixo de 3%.
Mas a inflação de 2006 de 3,1% ficou longe do centro da meta, de 4,5% [com tolerância de dois pontos]. "Todo o mercado esperava uma inflação mais alta, acima de 4,5%. As condições de 2006 foram extremamente favoráveis", disse o economista Carlos Thadeu de Freitas Filho, do Grupo de Conjuntura da UFRJ.
Os críticos ao BC dizem que ele poderia perseguir uma inflação na meta, de 4,5%, e permitir um crescimento maior com taxas mais baixas de juros.
O economista Alexandre Sant'Anna, da ARX Capital, discorda: "É normal e salutar a inflação convergir para patamares mais baixos. Num regime de metas, é natural ora ficar abaixo ora ficar acima".
Para Sant'Anna, efeitos como o câmbio favorável, os vários alimentos com preços em queda e a ausência de reajustes dos combustíveis configuraram um cenário "de choques positivos". Tal ambiente, disse, não poderia ser previsto.
Tanto Sant'Anna como Freitas recordam que o BC, ao identificar uma situação mais favorável, corrigiu o rumo e intensificou a queda dos juros.
"No começo do ano passado, o mercado previa a Selic [taxa de juros] a 15% ao final de 2006. Fechou o ano a 13,25%", disse Freitas. Neste ano, os economistas estimam que a meta será novamente cumprida com folga, o que permitirá novas reduções da Selic.
Já em 2005 a história não foi bem assim. O IPCA ficou em 5,69%. A meta original de inflação era de 4,5%, também com intervalo de dois pontos para cima ou para baixo. Naquele ano, a equipe econômica tinha uma "meta ajustada" de 5,1%.
Em 2004, a meta era mais frouxa, de 5,5%. O intervalo de tolerância também era maior -2,5 pontos percentuais. Naquele ano, o BC "entregou" uma inflação de 7,60%, bem perto do teto máximo de 8%.
Mas o governo Lula fez malabarismos para atingir o objetivo: fixou uma nova meta mais alta para 2004 e 2005 -respectivamente de 5,5% e 4,5%, contra os 4% e os 3,75% fixados ainda no governo FHC.
2003 foi o único ano de governo petista no qual a meta não foi cumprida. Diante ainda dos efeitos da crise de confiança rumo às eleições de 2002, a equipe econômica colocou uma "meta ajustada" de 8,5%, que também não foi alcançada. O IPCA ficou em 9,30%.
No segundo mandato do governo FHC, com várias crises globais, a meta de inflação foi atingida apenas em 2000, com o IPCA em 5,97%.
Criado em 1999 pelo então presidente do BC, Armínio Fraga, o regime de metas de inflação prevê que o BC tem de perseguir uma marca definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional, formado pelo presidente do BC e os ministros da Fazenda e do Planejamento) por meio da política monetária. (PEDRO SOARES)


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