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Inflação fica dentro da meta oficial desde 2004
Sob Lula, só em 2003 objetivo não foi alcançado, com o IPCA atingindo 9,3%
Ausência de crises externas ajuda política monetária do Banco Central; no segundo mandato de FHC, meta foi atingida só no ano 2000
DA SUCURSAL DO RIO
Desde 2004, o governo Lula
cumpriu sistematicamente a
meta para o IPCA, o que fortalece a credibilidade da tão criticada política monetária do
Banco Central. Mas o preço
veio no crescimento tímido:
nos três primeiros anos do governo Lula (2003-2005), o PIB
cresceu 2,6%, em média. Em
2006, deve ficar abaixo de 3%.
Mas a inflação de 2006 de
3,1% ficou longe do centro da
meta, de 4,5% [com tolerância
de dois pontos]. "Todo o mercado esperava uma inflação
mais alta, acima de 4,5%. As
condições de 2006 foram extremamente favoráveis", disse
o economista Carlos Thadeu de
Freitas Filho, do Grupo de
Conjuntura da UFRJ.
Os críticos ao BC dizem que
ele poderia perseguir uma inflação na meta, de 4,5%, e permitir um crescimento maior
com taxas mais baixas de juros.
O economista Alexandre
Sant'Anna, da ARX Capital, discorda: "É normal e salutar a inflação convergir para patamares mais baixos. Num regime de
metas, é natural ora ficar abaixo ora ficar acima".
Para Sant'Anna, efeitos como
o câmbio favorável, os vários
alimentos com preços em queda e a ausência de reajustes dos
combustíveis configuraram um
cenário "de choques positivos".
Tal ambiente, disse, não poderia ser previsto.
Tanto Sant'Anna como Freitas recordam que o BC, ao identificar uma situação mais favorável, corrigiu o rumo e intensificou a queda dos juros.
"No começo do ano passado,
o mercado previa a Selic [taxa
de juros] a 15% ao final de 2006.
Fechou o ano a 13,25%", disse
Freitas. Neste ano, os economistas estimam que a meta será novamente cumprida com
folga, o que permitirá novas reduções da Selic.
Já em 2005 a história não foi
bem assim. O IPCA ficou em
5,69%. A meta original de inflação era de 4,5%, também com
intervalo de dois pontos para
cima ou para baixo. Naquele
ano, a equipe econômica tinha
uma "meta ajustada" de 5,1%.
Em 2004, a meta era mais
frouxa, de 5,5%. O intervalo de
tolerância também era maior
-2,5 pontos percentuais. Naquele ano, o BC "entregou"
uma inflação de 7,60%, bem
perto do teto máximo de 8%.
Mas o governo Lula fez malabarismos para atingir o objetivo: fixou uma nova meta mais
alta para 2004 e 2005 -respectivamente de 5,5% e 4,5%, contra os 4% e os 3,75% fixados
ainda no governo FHC.
2003 foi o único ano de governo petista no qual a meta
não foi cumprida. Diante ainda
dos efeitos da crise de confiança rumo às eleições de 2002, a
equipe econômica colocou uma
"meta ajustada" de 8,5%, que
também não foi alcançada. O
IPCA ficou em 9,30%.
No segundo mandato do governo FHC, com várias crises
globais, a meta de inflação foi
atingida apenas em 2000, com
o IPCA em 5,97%.
Criado em 1999 pelo então
presidente do BC, Armínio Fraga, o regime de metas de inflação prevê que o BC tem de perseguir uma marca definida pelo
CMN (Conselho Monetário
Nacional, formado pelo presidente do BC e os ministros da
Fazenda e do Planejamento)
por meio da política monetária.
(PEDRO SOARES)
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