São Paulo, domingo, 13 de janeiro de 2008

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Gestão de riqueza no Brasil é a mais lucrativa

Margem de lucro dos bancos que administram fortunas no país é de 55%, ante 45% na Ásia e 29% na América do Norte

Estrangeiros saem na frente na disputa por clientes porque coordenaram maior parte dos processos de abertura de capital, diz consultoria

DA REPORTAGEM LOCAL

Os bancos no Brasil estão entre os que mais ganham com a administração de fortunas. Segundo o BCG, a lucratividade média dos "private banks" -como são conhecidas as instituições que atendem clientes com mais de R$ 1 milhão- saltou de 49%, em 2003, para os atuais 55%. Na Ásia, esse índice é de 45%, contra 39,4% registrados na Europa e 29,4% na América do Norte.
Dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) mostram que, nos últimos cinco anos, as fortunas brasileiras investidas cresceram 210%, ao passar de R$ 381,1 bilhões, em 2002, para R$ 1,181 trilhão, em 2007. Esse montante representa 12,6% do total dos investimentos no país.
De olho nesse mercado, o banco suíço Credit Suisse decidiu comprar a Hedging-Griffo, no ano passado.
Com essa operação, sua carteira saltou de US$ 7,6 bilhões em ativos para US$ 20 bilhões. Em 2006, o suíço UBS adquiriu o Pactual, um dos líderes na gestão de fortunas.
Para André Xavier, sócio do BCG, os estrangeiros saíram na frente na disputa por clientes porque coordenaram a maior parte dos processos de abertura de capital (IPO) e de aquisições no país nos últimos anos.
Mas há reação dos bancos nacionais. Na semana passada, o Itaú ficou entre os 15 maiores "private banks" do mundo em lista divulgada pela revista "Euromoney", especializada em finanças. No Brasil, o banco perdeu apenas para o UBS.
Lywal Salles, diretor do "private" do Itaú, diz que, em três anos, sua carteira saltou de R$ 7 bilhões para R$ 50 bilhões. "Atingimos o objetivo na metade do prazo previsto", diz. "A meta é chegar a R$ 70 bilhões."
O Bradesco já conta com 5.000 clientes com mais de R$ 1 milhão. Segundo José Luiz Acar Pedro, vice-presidente-executivo do banco, esse total deverá crescer 30% neste ano. "Eles têm R$ 33 bilhões aplicados conosco e queremos elevar esse volume em 20%."
Diferentemente da maioria dos clientes convencionais dos bancos, cujo histórico financeiro é avaliado ao pedir empréstimos, é o cliente "private" que analisa o perfil dos bancos para decidir quem administrará seus recursos. Nessa hora, um dos principais atrativos é a taxa de retorno dos investimentos.
De acordo com o BCG, nos últimos seis anos, as fortunas aplicadas no Brasil cresceram a um ritmo médio anual de 22,4%. É a segunda maior taxa do mundo, perdendo apenas para a da China, de 23,4%, no mesmo período considerado.
"Com a estabilidade financeira e jurídica do Brasil, os milionários brasileiros estão não só deixando mais recursos no país como optando por aplicações mais arriscadas", afirma Oliveira, do UBS Pactual.
"Mas, quando querem se arriscar, os bancos cobram mais." Esse é um dos motivos que fazem do "private" brasileiro um dos mais rentáveis do mundo.
(JULIO WIZIACK)


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