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Acionista controlador da Oi foi o maior financiador do PT em 2006
Andrade Gutierrez doou R$ 6,4 milhões para o partido, o dobro do 2º colocado
LEONARDO SOUZA
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dos principais acionistas
privados da Oi e maior interessado na compra da Brasil Telecom, o grupo Andrade Gutierrez foi também o maior financiador do PT em 2006, ano com
o último dado disponível.
A construtora mineira doou
R$ 6,4 milhões para o partido
-dinheiro usado sobretudo para financiar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de outras campanhas
petistas. Em um distante segundo lugar, de acordo com a
prestação de contas feita ao
TSE (Tribunal Superior Eleitoral), veio o Santander, com contribuição de R$ 3,23 milhões.
Além da doação ao partido, a
Andrade Gutierrez doou R$
1,52 milhão diretamente para a
campanha de Lula em 2006.
Para que a Oi possa comprar
a BrT, é preciso um decreto
presidencial mudando a legislação. O governo apóia a venda
da BrT. Na semana passada, os
controladores da Oi acertaram
o preço de compra da outra tele
por R$ 4,8 bilhões. Os grandes
mentores do projeto e principais negociadores foram os empresários Sérgio Andrade, da
Andrade Gutierrez, e Carlos Jereissati, do grupo La Fonte.
Andrade teve como avalistas
da operação o próprio presidente Lula e a ministra-chefe
da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Andrade é um empresário bem
próximo de Lula. Os dois se conhecem desde a época em que
Lula perdeu a eleição para Fernando Collor de Mello (1989),
quando Andrade lhe deu apoio.
Procurada na noite de sexta,
a assessoria de imprensa da Andrade Gutierrez afirmou que a
empresa não iria se pronunciar.
O tesoureiro do PT, Paulo
Ferreira, disse não haver nada
de anormal no grande volume
de doações da Andrade Gutierrez. "Na eleição de 2006, houve,
por parte de várias empresas,
uma política de centralizar as
doações para o PT. Houve um
contato com a empresa e as
doações foram feitas."
Na campanha de 2006, a
maior doação da Andrade Gutierrez foi para o PT. O PSDB
recebeu R$ 3,1 milhões, menos
da metade da contribuição dada aos petistas. A construtora,
contudo, doou R$ 1,5 milhão
para o candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin,
praticamente a mesma quantia
destinada a Lula.
Em anos eleitorais, várias
empresas preferem usar uma
brecha jurídica conhecida como doação oculta. Em vez de
darem dinheiro para as campanhas eleitorais, elas doam recursos para o caixa dos partidos, que então repassam o
montante a seus candidatos.
São duas as vantagens para a
empresa. A primeira e mais óbvia é evitar que a doação fique
carimbada para determinada
campanha, o que pode se tornar um problema futuro.
A segunda e mais sutil é burlar o limite legal de doações
eleitorais de 2% do faturamento bruto da empresa doadora
no ano anterior ao pleito. Por
isso é impossível determinar
quanto cada campanha eleitoral petista recebeu da doação
feita via partido.
Na soma do que foi dado ao
PT e a Lula, a Andrade Gutierrez contribuiu com R$ 7,92
milhões. A vice-líder, a Vale,
doou, por meio de suas subsidiárias, R$ 6,65 milhões. Em
terceiro lugar, ficou a construtora Camargo Corrêa, com R$
5,5 milhões. O PT diz que as
doações são corretas e registradas na Justiça Eleitoral. E
admite que a maior parte das
contribuições recebidas em
2006 foi empregada na campanha de reeleição de Lula.
Nos bastidores, o argumento apresentado pelo Planalto
para aceitar mudar o decreto
seria criar uma grande empresa nacional para competir com
gigantes mundiais do setor, como a mexicana Telmex -que
no Brasil controla a Claro- e a
espanhola Telefónica. Lula teria recebido estudos mostrando que os preços praticados
pelas multinacionais, principalmente a Telmex, estão muito acima das tarifas do Brasil.
Maior adversário do governo no setor de telefonia e ex-controlador da BrT, o banqueiro Daniel Dantas (Opportunity) tem uma versão diferente. Num processo nos EUA,
movido pelo Citibank, advogados do Opportunity acusaram
a Oi de ter corrompido integrantes do PT no governo para
que a lei fosse alterada para
permitir a compra da BrT.
Por isso, a Oi teria investido
(mais de R$ 10 milhões) na Gamecorp, do filho do presidente
Lula Fábio Luiz Lula da Silva, o
Lulinha -segundo os advogados do Opportunity.
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