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Bradesco troca presidente e tenta recuperar espaço
Luiz Carlos Trabuco Cappi assume cargo com a aposentadoria de Marcio Cypriano
Após perder liderança para fusão Itaú/Unibanco, banco tenta ganhar participação de mercado por meio
do crescimento orgânico
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Bradesco, que perdeu no
ano passado o posto de maior
banco privado do país, terá um
novo presidente a partir março,
com a aposentadoria de Marcio
Cypriano, que levou a instituição a figurar entre os maiores
bancos do mundo. Assumirá
Luiz Carlos Trabuco Cappi, 57,
atual presidente da Bradesco
Seguros e Previdência, que comanda a maior seguradora do
país, segmento em que o Bradesco ainda tem liderança folgada à frente da concorrência.
A indicação de Trabuco acaba com os rumores de que o
Bradesco estudava alterar o estatuto para manter Cypriano
na presidência, especialmente
após as fusões de Itaú/Unibanco, Santander/Real e Banco do
Brasil/Nossa Caixa/Votorantim. Pelo estatuto do Bradesco,
os principais executivos devem
se aposentar aos 65 anos.
Cypriano completou 65 anos
em novembro do ano passado.
Além da recondução de
Cypriano à presidência por
mais cinco anos, falava-se na
possibilidade da indicação ao
cargo de José Luiz Acar Pedro,
responsável pela operação do
Bradesco BBI, o banco de investimento do grupo. Acar era
visto como defensor da renovação do banco, que chegou atrasado às operações de abertura
de capital e de atacado. Até o
presidente da Vale, Roger Agnelli, que iniciou carreira no
banco, foi citado como possível
sucessor. A holding Bradespar
é a maior acionista da Vale.
Formado em filosofia pela
USP, Trabuco trabalhou a vida
inteira no Bradesco. Entrou no
banco em 1969, como escriturário em uma agência de Marília (SP), onde nasceu. Depois
foi transferido para a matriz,
em Osasco, onde fez parte da
equipe de Amador Aguiar, fundador do Bradesco. Foi diretor
de marketing, diretor-executivo, vice-presidente e vice-presidente-executivo. Desde 2003,
respondia pela presidência da
Bradesco Seguros, vivendo entre a sede da seguradora, no
Rio, e Osasco, sede do banco.
Mesmo sem fazer aquisições,
Trabuco mais que dobrou o tamanho da seguradora. O executivo pegou a empresa com patrimônio líquido de R$ 3,5 bilhões e com R$ 37,7 bilhões em
ativos e deve entregá-la com
patrimônio de R$ 9 bilhões e
mais de R$ 80 bilhões em ativos. Desde 2003, a seguradora
ampliou sua participação de
mercado de 17% para 24%.
Cypriano ocupou a presidência do Bradesco por dez anos,
logo após a saída de Lázaro
Brandão, o segundo presidente.
Em sua gestão, Cypriano fez o
valor de mercado do Bradesco
saltar de US$ 5,3 bilhões para
US$ 28 bilhões, segundo a Economática -em maio de 2008,
chegou a US$ 69,7 bilhões.
Antes de suceder Lázaro
Brandão, Cypriano presidiu o
BCN, comprado em 1997. Na
presidência do Bradesco, comandou uma das mais agressivas políticas de expansão por
meio de aquisições, comprando: Banco do Estado da Amazônia (2000), Boavista (2000),
Continental (2001), Banco Cidade (2002), Ford (2002), Finasa (2003), BBVA (2003),
Zogbi (2003), Banco do Estado
do Maranhão (2004), Morada
(2005), Banco do Estado do
Ceará (2005) e Amex (2006).
Para João Augusto Salles, da
consultoria Lopes Filho, a indicação de Trabuco reforça a estratégia de crescimento orgânico do Bradesco, após o recente
movimento de consolidação do
setor. Salles lembra que Trabuco foi o homem que consolidou
a liderança da seguradora a
partir de ganhos de eficiência e
do corte de custos.
"Trabuco fez um trabalho de
busca de eficiência que vingou.
Ele entrou para ajustar o setor
de seguros e conseguiu fazer isso. Ele não vai querer reinventar a roda", disse.
"Acreditava que a mudança
de estatuto [para manter
Cypriano] poderia ocorrer.
Mas poderia parecer que estava
alterando as regras. Isso mostra boa prática de boa governança corporativa. O Trabuco
se deu muito bem quando assumiu a Bradesco Seguros. Ele vai
implementar essa política de
crescimento orgânico acelerado para retomar a liderança",
disse Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Ratings.
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