|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo prepara socorro à estatal de energia de Goiás
Pacote prevê crédito de R$ 1,35 bi do BNDES e de R$ 3,1 bi da Eletrobrás à Celg; estatal federal assumiria 41% do grupo
Celg deve R$ 6 bi, dos quais um terço para a União, e está impedida de reajustar tarifa; Estado é governado pelo PP, da base aliada
LEILA COIMBRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Palácio do Planalto e o governo de Goiás finalizam um
plano de socorro à Celg, a estatal goiana de energia, em uma
operação que envolve a Eletrobrás e o BNDES. A concessionária tem dívidas de R$ 6 bilhões e está há três anos sem
poder reajustar as tarifas por
motivos de inadimplência. O
congelamento provoca perdas
anuais de R$ 400 milhões.
O pacote de salvação prevê a
compra pela Eletrobrás de 41%
da participação do Estado de
Goiás na Celgpar, holding que
controla a distribuidora. O governo goiano, com 99,6% das
ações, manteria-se no controle
da concessionária, evitando assim que houvesse a federalização da companhia.
O plano contempla também
uma injeção de dinheiro federal, tanto via BNDES, que irá liberar empréstimo de R$ 1,35
bilhão à empresa, como pela
própria Eletrobrás, que financiará R$ 3,1 bilhões com recursos da RGR (um encargo federal do setor elétrico administrado pela estatal federal).
Dentre os problemas enfrentados pela Celg está o vencimento de sua concessão, previsto para 2015. Com o fim dela,
torna-se impossível a negociação de empréstimos no longo
prazo. Mas a proposta feita pela
Eletrobrás e pelo Ministério de
Minas e Energia inclui a renovação da concessão até 2035.
O secretário da Fazenda de
Goiás, Jorcelino Braga, disse à
Folha que o esqueleto do acordo já foi negociado, mas ainda
faltam detalhes a acertar. "Estamos finalizando as premissas
deste plano, que em breve será
levado ao Conselho de Administração da distribuidora",
disse ele.
A previsão inicial era anunciar o socorro ainda neste mês.
Mas nem todas as pendências
foram resolvidas. Um dos pontos de discórdia é o preço. A
oferta inicial da Eletrobrás foi
de R$ 40 milhões por 41% da
Celgpar, além de exigir todas as
cadeiras da diretoria e a vice-presidência. O governador de
Goiás, Alcides Rodrigues (PP),
acha o preço baixo.
A dívida da Celg com a União
chega a R$ 2 bilhões. Esse dinheiro é recolhido pela Eletrobrás, mas não é dela: é relativo à
compra da energia da usina de
Itaipu e também a encargos federais. Ao caixa da Eletrobrás
pertencem apenas R$ 220 milhões da dívida, parte que será
transformada em ações.
No pacote de benesses, o governo federal faz "vista grossa"
ao caos financeiro instalado na
distribuidora. Se quisesse, a
União já poderia ter cassado a
concessão da Celg por conta do
volume de dívidas e dos compromissos não cumpridos.
Outras estatais
Para outras distribuidoras
estaduais em situação semelhante, o tratamento foi mais
duro: a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) interveio na maranhense Cemar e
pediu a cassação das concessões da CEA, no Amapá; e da
CER, em Roraima.
A agência reguladora disse,
por meio de sua assessoria, que
pode até sugerir a cassação de
uma concessão, mas que a decisão final é do Ministério de Minas e Energia. A Aneel não sugeriu nenhuma intervenção ao
fim da concessão da Celg. Além
das dívidas com a União, a distribuidora deve R$ 500 milhões em ICMS ao Estado.
Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Câmbio e revolução bolivariana Próximo Texto: Safra tem produção de álcool 7,7% menor Índice
|