|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Número 2 do banco quer Mercosul forte
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O pensamento do segundo homem forte na hierarquia do
BNDES, Darc Antônio da Luz
Costa, 54, deixa claro que as teorias liberais estão dando lugar no
banco a teses nacionalistas a respeito do desenvolvimento do
país.
Seu perfil é visto, de forma preocupante, como ultranacionalista
pela ala mais liberal do banco e de
forma entusiasmada pelo setor
mais afinado com a nova diretoria. Ele esteve cedido à ESG (Escola Superior de Guerra) e escreveu
vários textos que revelam sua
preocupação com a soberania nacional e com um projeto de desenvolvimento menos dependente.
Em uma entrevista em dezembro de 2000, Costa mostrou-se
crítico do projeto de integração
comercial da Alca (Área de Livre
Comércio das Américas): "O que
há é um discurso de uma nova colonização por meio da globalização e da proposta da Alca. Querem tirar do povo sua soberania
para instalar uma nova era colonial. (...) Neste projeto [que aceita
a Alca", o Brasil se insere como
parte de um projeto maior cujo
centro da decisão encontra-se em
Washington. É uma nova colonização que acaba com a soberania
e com a independência do país."
Em mais de um texto, ele defende o fortalecimento da integração
entre os países da América do Sul.
"A cooperação sul-americana é o
caminho para a inserção internacional do Brasil", afirma.
Para o vice do BNDES, a estratégia de desenvolvimento nacional
e de integração econômica de cunho liberal está transformando o
país em "uma periferia da América anglo-saxã".
Política econômica
"Em termos de política econômica, há, antes de tudo, uma
constatação: a visão liberal sempre nos colocou vulneráveis. O
Brasil e todos os retardatários
perdem muito ao abraçar o discurso da completa abertura ao
sistema internacional devido às
relações assimétricas de poder
que essa visão maximiza com o
centro e com sua maior expressão: a América de origem inglesa."
Costa também demonstra em
seus textos uma preocupação
-muito comum em meios militares- com o interesse estrangeiro na região amazônica.
"As pressões internacionais [sobre a região amazônica" no momento são limitadas, mas podem
crescer em quantidade e intensidade até se tornarem uma ameaça
de ocupação territorial (...)."
Para evitar que isso ocorra, ele
defende o desenvolvimento da região: "Temos de cobrir a Amazônia de civilização e isso corresponde a cobri-la de energia. No
início do século 20, o petróleo era
o recurso mais importante, e suas
maiores jazidas estavam depositadas no Oriente Médio. O ciclo
do petróleo está chegando ao fim
e inicia-se o da biodiversidade."
O vice-presidente do BNDES é
engenheiro formado pela PUC do
Rio. Funcionário do banco, onde
já ocupou o cargo de chefe da
consultoria técnica e de superintendente, estava cedido à ESG até
ser chamado por Carlos Lessa,
presidente, para compor a nova
diretoria.
Texto Anterior: "Hospital": AES deveria quitar em abril última parcela de empréstimo com BNDES Próximo Texto: Comércio global: Proposta dos EUA é restrita, diz Argentina Índice
|