São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

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Lucro do Bradesco sobe 15% e supera R$ 6,3 bi em 2006

Se descontadas as aquisições no ano, resultado do banco fica em R$ 5,5 bilhões

Desempenho foi puxado pelo crédito, que teve alta de 24%; por outro lado, inadimplência de pessoas físicas também cresceu

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bradesco abriu a safra de balanços dos gigantes do setor bancário brasileiro mostrando sua robustez. O lucro líquido recorrente do banco totalizou R$ 6,363 bilhões em 2006 -cifra 15,4% superior aos dados de 2005, quando o lucro foi de R$ 5,514 bilhões.
O balanço de alguns bancos -além de Bradesco, o Itaú e o Unibanco- no ano passado foi marcado por pesadas amortizações referentes a aquisições feitas nos últimos tempos.
No caso do Bradesco, se forem considerados esses eventos extraordinários, o lucro líquido em 2006 fica em R$ 5,054 bilhões, um pouco abaixo do ano anterior.
De qualquer forma, os resultados obtidos nos últimos dois anos são impressionantes quando comparados ao final da década de 90. Em 98 e 99, por exemplo, o lucro do banco girou em torno de R$ 1 bilhão. Apenas no exercício de 2001 o lucro superou os R$ 2 bilhões (veja quadro nesta página).
"Fizemos amortizações de todo o nosso estoque de ágio", afirmou Márcio Cypriano, presidente do Bradesco. A principal responsável pelos ágios a serem amortizados foi a aquisição da American Express, por US$ 490 milhões, realizada em março. Além dela, o Bradesco comprou o Banco do Estado do Ceará e o BCN, entre outros.
Essas diferenças entre os lucros não afetaram os acionistas, que tiveram o percentual a que têm direito a receber na forma de dividendos calculado a partir dos R$ 6,363 bilhões.
No quarto trimestre, o banco lucrou R$ 1,62 bilhão, o que representou um crescimento de 11% em relação ao mesmo período de 2005.
O Bradesco mostrou que a ampliação das operações de crédito e do segmento de seguros, previdência privada e capitalização foram os motores de seu resultado.

Mais crédito
A carteira total de crédito, considerando avais e fianças, saltou 24,2% entre 2005 e o ano passado, alcançando os R$ 116,2 bilhões. "O crédito é um grande impulsionador de nosso resultado. E o foco na pessoa física continua sendo importante", disse Cypriano.
O segmento de pessoa física continuou sendo fundamental para essa expansão, com crescimento de 19,2% no período. A movimentação com cartões de crédito também se destacou, com aumento de 83,2% no ano.
Mas a consistente expansão do crédito à pessoa física tem tido um efeito colateral para os bancos: o aumento da inadimplência. No caso do Bradesco, o índice de inadimplência do segmento de pessoa física, considerando atrasos acima de 90 dias, subiu de 5% em dezembro de 2004 para 6,3% da carteira em dezembro de 2006.
"Há não muito tempo, os bancos se focavam muito em títulos públicos, que têm risco menor, para buscar resultados. Com a recente mudança de perfil, especialmente no aumento de crédito pessoal, houve um crescimento na inadimplência", diz Marcel Artoni de Marco, analista financeiro do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração).
O analista afirma não achar que essa situação seja preocupante, mas que as instituições financeiras já começam a ser um pouco mais cautelosas na concessão de crédito.
O patrimônio líquido do Bradesco passou de R$ 19,41 bilhões em dezembro de 2005 para R$ 24,63 bilhões no fim do ano passado.


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