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Serra reduz ICMS e promete investir mais
Pacote de estímulo econômico em SP prevê desonerações e a aceleração de investimentos de R$ 20,6 bi programados no Orçamento
Segundo o governo, meta do plano é preservar 858 mil empregos e evitar que a economia do Estado entre em uma "espiral" de crise
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo,
José Serra (PSDB), anunciou
ontem um pacote de aceleração
de investimentos públicos no
valor de R$ 20,6 bilhões e medidas de desoneração tributária
para tentar segurar o nível da
atividade econômica no Estado. O tucano refutou considerar o programa de "Estímulo à
Atividade Econômica" como
uma espécie de "PAC paulista"
-versão reduzida do Programa
de Aceleração do Crescimento,
gerido pelo governo federal.
O objetivo de Serra com o
programa é "turbinar a demanda" em São Paulo e evitar que o
maior parque industrial do
país, responsável por 40% do
PIB (Produto Interno Bruto)
da indústria nacional, afunde
numa "espiral" de crise e eleve
o número de desempregados,
que já somam 2 milhões de trabalhadores em todo o Estado.
"O que estamos procurando
fazer? É turbinar a demanda.
São Paulo deve ter hoje 2 milhões de desempregados [...]
Esses investimentos têm impacto no sentido de manter
perto de 800 mil empregos",
disse Serra, durante a solenidade de lançamento das medidas,
ontem no Palácio dos Bandeirantes. O programa tem como
meta manter 858 mil empregos
em São Paulo.
Das 33 medidas incluídas no
pacotão, apenas 17 são novas.
Entre as principais novidades,
estão a desoneração de ICMS
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços) para
investimentos, a antecipação
de gastos do Tesouro paulista
em 2009, a expansão do crédito
para a pequena e média empresa com recursos da Nossa Caixa
e incentivos à qualificação profissional.
As medidas de desoneração
de ICMS buscam estimular o
investimento. São três: 1)
reembolsar mais rapidamente
o ICMS cobrado na aquisição
de máquinas e equipamentos,
reduzindo o prazo atual, de até
quatro anos; 2) isentar o ICMS
cobrado das empresas que adquirem insumos usados em
produtos exportados, semelhante ao regime já adotado no
plano federal; e 3) prorrogar de
30 de junho para 31 de dezembro os efeitos da redução da alíquota de ICMS (de 18% para
12%) de oito tipos de produto.
"Essas medidas reduzirão a
pressão sobre o capital de giro
das empresas. Hoje elas pagam
o ICMS, e o crédito gerado é
ressarcido só em 48 meses. A
Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de SP] discutirá
agora os setores que terão desoneração", disse Paulo Skaf,
presidente da entidade.
Por ora, o governo não sabe
quanto vai custar essa desoneração. Tudo vai depender dos
setores enquadrados no benefício. Os escolhidos devem ser
anunciados em um mês, depois
de rodadas de discussão com a
Fiesp. "Estamos pensando em
alguns setores como o plástico,
o moveleiro e o metalúrgico,
mas ainda não há definição. O
critério básico a ser adotado é o
de incluir setores que gerem
muitos empregos e estejam dispostos a investir", disse Mauro
Ricardo, secretário da Fazenda.
A "mão do Estado"
Serra prometeu usar os R$
20,6 bilhões do investimento já
previsto no orçamento aprovado na Assembleia Legislativa
para turbinar a carteira de
grandes obras de infraestrutura, entre elas o metrô, linhas de
trem, obras viárias, saneamento, habitação e reforma de escolas e delegacias. Do total, 3%
são repasses do PAC federal
(Rodoanel e casas populares).
O total de recursos nas mãos
de Serra é mais do que o valor
gasto pelo governo federal, com
recursos do Orçamento Geral
da União nos dois primeiros
anos de PAC. De 2007 e 2008, a
União pagou em obras do PAC
R$ 18,7 bilhões, segundo o último balanço divulgado. Para este ano, o Planalto prevê investir
R$ 19,7 bilhões (valor do Orçamento) -se incluídas as estatais, a previsão de investimento
sobe para R$ 69,8 bilhões.
O governo estadual evitou dizer que o pacote vai gerar emprego, preferiu afirmar que a
ação tende a contribuir para
não elevar o nível de desocupação. Segundo o secretário do
Emprego e Relações do Trabalho, Guilherme Afif Domingos,
o grande objetivo do programa
estadual de estímulo econômico é ajudar a manter a atual taxa de desocupação em 8,8% da
PEA (População Economicamente Ativa). Para o secretário
de Planejamento, Francisco
Luna, a expansão dos investimentos públicos de R$ 15 bilhões, em 2008, para R$ 20 bilhões neste ano será capaz de
ampliar o número de vagas.
BNDES paulista
Em outra medida anunciada
ontem, a Nossa Caixa alocou
R$ 1 bilhão para a agência de fomento que fará em São Paulo o
papel do BNDES no país. O recém empossado secretário do
Desenvolvimento, Geraldo
Alckmin, será o presidente do
conselho de administração da
Nossa Caixa Desenvolvimento.
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