São Paulo, sábado, 13 de fevereiro de 2010

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Bovespa aumenta presença internacional

BM&FBovespa paga US$ 620 mi para elevar sua participação na Bolsa de Chicago e virar sócia de plataforma de negócios

Objetivo é promover "guinada tecnológica", comprar Bolsas latinas, atender cerca de 80 mi de pessoas físicas no mundo e reduzir custos

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A BM&FBovespa anunciou ontem investimentos de US$ 620 milhões para elevar de 1,8% para 5% a sua participação na Bolsa de Chicago, que tem 98% do mercado americano de commodities e de derivativos. Aceitou ainda pagar US$ 175 milhões, nos próximos dez anos, apenas em royalties e direitos de propriedade intelectual para virar "sócia" da plataforma de negociações da Bolsa americana.
Com o negócio, a brasileira praticamente "compra" um assento no conselho da Bolsa de Chicago, a maior do mundo em valor de mercado, e passa a influir na estratégia da principal rede de negociações de ativos de alcance mundial.
A operação permitirá à Bolsa brasileira uma "guinada tecnológica" capaz de trazer novos investidores ao Brasil, competir em preço e serviço com a Bolsa de Nova York, eventualmente comprar Bolsas na América Latina, atender mais de 80 milhões de pequenos investidores no mundo e ainda levar o dinheiro do brasileiro até as principais oportunidades de investimento no mercado global.
A tecnologia de ponta também permitirá à Bolsa reduzir custos de transação para os grandes fundos de investimento e bancos gigantes, que hoje dominam o mercado internacional e ameaçam trazer ao país sistemas alternativos de negociação com custos menores aos brasileiros (leia à pág. B3).
Hoje, a Bolsa brasileira utiliza quatro diferentes redes, vindas com a fusão entre a antiga Bovespa (ações) e a BM&F (commodities e derivativos), com alcance limitado ao Brasil. As quatro redes serão integradas em uma plataforma única, de alcance global, com capacidade de fechar negócios em menos de um milissegundo (1/ 1.000 s) -hoje, a capacidade é de 10 milissegundos.
A velocidade é importante para atender as operações encaminhadas por supercomputadores, programados para identificar pequenas oportunidades de negócios antes dos demais investidores. Esses computadores ficam dentro da Bolsa e produzem milhares de pequenas operações, gerando um alto volume de negócios. No segmento BM&F, já chegam a 4% do volume de transação, mas a expectativa é que passem de 40% no futuro.
"Daqui a dois anos, vamos chegar ao segundo lugar em valor de mercado [hoje é o 3º]. Ter o padrão de tecnologia que estamos buscando nos insere de uma forma global para criar condição de ser uma das Bolsas que ficarão. Cada vez mais as negociações não têm mais muro", disse Edemir Pinto, presidente da Bolsa.
A Bolsa já podia alcançar investidores globais por meio de parcerias com a própria Bolsa de Chicago. A americana Nasdaq, outra parceira da Bolsa brasileira, também deve apresentar até o final do ano uma plataforma para intercâmbio de negócios com o Brasil.


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