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NEGÓCIOS
Três grupos entregam ofertas para aquisição da maior companhia de longa distância do país; venda pode chegar a US$ 1 bi
Teles fixas querem dividir Embratel em 3
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Foram entregues ontem as propostas para aquele que pode ser o
segundo maior negócio do ano
depois da aliança entre as fabricantes de cerveja AmBev e Interbrew. Três candidatos se apresentaram para a compra da Embratel, adquirida em 1998 pela americana MCI por R$ 2,6 bilhões.
A MCI pôs a Embratel à venda
como uma estratégia para livrar-se do processo de concordata pelo
qual passa nos EUA. O negócio é
estimado entre US$ 500 milhões e
US$ 1 bilhão.
Os três grupos que apresentaram propostas são: uma holding
formada por um consórcio entre
a empresa Geodex e as companhias de telefonia fixa Brasil Telecom, Telemar e Telefônica; a Telmex, do megainvestidor mexicano Carlos Slim; e um consórcio
formado entre o Telos, o fundo de
pensão dos funcionários da Embratel, e mais um grande banco
estrangeiro, cujo nome está sendo
mantido em sigilo.
O resultado já poderá sair amanhã. A decisão será tomada pela
MCI e passará por um conselho
de credores da companhia americana, do qual o mexicano Slim é
integrante.
Nos últimos dias, a grande dúvida era se as fixas iriam ou não
apresentar a proposta de compra
da Embratel. Fizeram-no pouco
antes das 14h de ontem, quando
estourava o prazo fixado pela
MCI para a entrega das ofertas.
A Folha obteve as linhas gerais
da proposta formulada pelas fixas, desenhadas para contornar
restrições da Lei Geral de Telecomunicações, que proíbe uma operadora de telefonia ser dona de
outra. Não foi possível ter acesso
às outras duas ofertas.
A proposta das fixas foi feita por
meio de uma holding chamada
Calais, cujo controle pertence à
Geodex, uma companhia controlada pelo banco Goldman Sachs e
por alguns fundos gerenciados
pelo banco CS First Boston. A
Geodex possui 100% das ações ordinárias (com direito a voto) da
Calais. As três fixas aparecem apenas com ações preferenciais (sem
direito a voto).
As fixas também propõem a divisão da Embratel em três unidades de negócios:
1) concessionária: cuidaria do
mercado de longa distância e da
Vésper. Nesta unidade, que representa 50% do faturamento da
companhia, será mantido o nome
de Embratel;
2) corporativa: absorveria todos
os serviços de fornecimento de
dados, de serviços de voz local
corporativo, de longa distância
doméstico e internacional exclusivamente para clientes corporativos. Esses serviços representam
hoje 40% da receita da Embratel;
3) Star One: concentraria as
operações dos satélites da empresa, que transmitem dados para as
Forças Armadas e para as redes de
TV e rádios do país. A receita dessas operações é de R$ 400 milhões
por ano. A Star One, cujo nome
será mantido, tem 20% de participação da francesa SES Global.
Militares
Para reduzir preocupações do
governo com o interesse estratégico dos militares nas atividades
da Embratel, as operadoras fixas
pretendem oferecer ao governo
brasileiro uma "golden share" na
Star One, instrumento que daria
ao Palácio do Planalto direito de
veto nas decisões da empresa.
A preservação do serviço de
transmissão de dados militares
via satélite para as Forças Armadas é uma preocupação do governo. Os militares têm uma faixa exclusiva de transmissão de dados
por satélite da Embratel -no jargão, a chamada banda "X". As fixas também pretendem convidar
outros sócios para participar do
capital das novas empresas, entre
os quais o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o Telos e o clube de
funcionários da Embratel.
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