São Paulo, sábado, 13 de março de 2004

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NEGÓCIOS

Três grupos entregam ofertas para aquisição da maior companhia de longa distância do país; venda pode chegar a US$ 1 bi

Teles fixas querem dividir Embratel em 3

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

Foram entregues ontem as propostas para aquele que pode ser o segundo maior negócio do ano depois da aliança entre as fabricantes de cerveja AmBev e Interbrew. Três candidatos se apresentaram para a compra da Embratel, adquirida em 1998 pela americana MCI por R$ 2,6 bilhões.
A MCI pôs a Embratel à venda como uma estratégia para livrar-se do processo de concordata pelo qual passa nos EUA. O negócio é estimado entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão.
Os três grupos que apresentaram propostas são: uma holding formada por um consórcio entre a empresa Geodex e as companhias de telefonia fixa Brasil Telecom, Telemar e Telefônica; a Telmex, do megainvestidor mexicano Carlos Slim; e um consórcio formado entre o Telos, o fundo de pensão dos funcionários da Embratel, e mais um grande banco estrangeiro, cujo nome está sendo mantido em sigilo.
O resultado já poderá sair amanhã. A decisão será tomada pela MCI e passará por um conselho de credores da companhia americana, do qual o mexicano Slim é integrante.
Nos últimos dias, a grande dúvida era se as fixas iriam ou não apresentar a proposta de compra da Embratel. Fizeram-no pouco antes das 14h de ontem, quando estourava o prazo fixado pela MCI para a entrega das ofertas.
A Folha obteve as linhas gerais da proposta formulada pelas fixas, desenhadas para contornar restrições da Lei Geral de Telecomunicações, que proíbe uma operadora de telefonia ser dona de outra. Não foi possível ter acesso às outras duas ofertas.
A proposta das fixas foi feita por meio de uma holding chamada Calais, cujo controle pertence à Geodex, uma companhia controlada pelo banco Goldman Sachs e por alguns fundos gerenciados pelo banco CS First Boston. A Geodex possui 100% das ações ordinárias (com direito a voto) da Calais. As três fixas aparecem apenas com ações preferenciais (sem direito a voto).
As fixas também propõem a divisão da Embratel em três unidades de negócios:
1) concessionária: cuidaria do mercado de longa distância e da Vésper. Nesta unidade, que representa 50% do faturamento da companhia, será mantido o nome de Embratel;
2) corporativa: absorveria todos os serviços de fornecimento de dados, de serviços de voz local corporativo, de longa distância doméstico e internacional exclusivamente para clientes corporativos. Esses serviços representam hoje 40% da receita da Embratel;
3) Star One: concentraria as operações dos satélites da empresa, que transmitem dados para as Forças Armadas e para as redes de TV e rádios do país. A receita dessas operações é de R$ 400 milhões por ano. A Star One, cujo nome será mantido, tem 20% de participação da francesa SES Global.

Militares
Para reduzir preocupações do governo com o interesse estratégico dos militares nas atividades da Embratel, as operadoras fixas pretendem oferecer ao governo brasileiro uma "golden share" na Star One, instrumento que daria ao Palácio do Planalto direito de veto nas decisões da empresa.
A preservação do serviço de transmissão de dados militares via satélite para as Forças Armadas é uma preocupação do governo. Os militares têm uma faixa exclusiva de transmissão de dados por satélite da Embratel -no jargão, a chamada banda "X". As fixas também pretendem convidar outros sócios para participar do capital das novas empresas, entre os quais o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o Telos e o clube de funcionários da Embratel.


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