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FOLHAINVEST
FATOR FAMÍLIA
Especialistas recomendam a investidores compra de ações de companhias voltadas para a demanda interna
Empresas de consumo têm cenário positivo
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a expectativa que o crescimento do PIB neste ano seja puxado pelo consumo das famílias e
por investimentos, analistas vêm
recomendando ações de empresas mais voltadas para a demanda
interna.
A força de setores ligados ao
consumo vem da economia doméstica, segundo analistas: o aumento da massa salarial (renda
disponível), e a melhor expectativa dos consumidores, com taxas
de juros e de desemprego em queda, dão segurança e estimulam os
gastos.
Em ano de eleições, que costumam movimentar mais a economia, e de Copa do Mundo, vendas
e receitas do setor ainda devem
receber um empurrão extra.
"Há anos não víamos um cenário tão favorável para empresas de
consumo no país", diz Márcio Kawassaki, da Fator Corretora.
"Estamos recomendando o setor para este ano dada a perspectiva de crescimento da economia",
diz Luiz Antonio Vaz das Neves,
da Planner Corretora.
As ações de exportadoras de
commodities, os papéis mais
atraentes dos últimos anos, perderam parte de sua força, segundo analistas. De um lado, a maior
porção do movimento de alta das
commodities já teria ocorrido. E
de outro lado, a queda do dólar
prejudica as exportadoras que negociam em dólar. Elas têm perdido receitas.
O real apreciado, por sua vez,
beneficia varejistas que vendem
importados, ou produtos que tenham componentes vindos do
exterior, lembra Gina Montone,
do ABN Amro Real Corretora.
Dentre as ações ligadas ao setor
de consumo, os papéis de empresas de varejo são os mais lembrados por analistas de bancos e corretoras.
O tombo de 5,99% do Ibovespa
(Índice da Bolsa de Valores de São
Paulo) na semana passada, pode
ser uma oportunidade para investir nesse setor num patamar mais
baixo de preços.
Mesmo assim, é preciso garimpar bem para encontrar empresas
com bom potencial e que ainda
não estejam caras.
Risco-país
Com a queda do risco-país que
vem ocorrendo, a taxa de desconto usada para calcular os fluxos de
caixa futuros das companhias
também cai, o que aumenta o valor das empresas e, portanto, seu
preço. Sem contar a expressiva alta da Bolsa registrada em janeiro e
a expectativa positiva para muitos
papéis.
"É preciso ser seletivo no setor
de consumo a partir de agora.
Muitos papéis subiram bastante",
diz Mário Quaresma, superintendente de renda variável da BankBoston Asset Management.
Já em 2005, o PIB foi puxado pelo consumo, segundo o IBGE. O
consumo das famílias e o do governo somaram no ano passado
2%. Em 2006, o total deve subir
para 6,8%, segundo projeções,
sendo 4,5% apenas de consumo
das famílias.
"Papéis ligados ao consumo doméstico foram reprecificados nos
últimos meses, e já embutem uma
expectativa de crescimento para
os próximos anos bastante forte, e
muito do que é esperado de queda
de juros para este ano", acrescenta Quaresma. "As empresas precisam começar a entregar o crescimento esperado para justificar os
preços atuais."
Crédito consignado
A desaceleração do crescimento
do crédito consignado também
pode ser um fator positivo para os
varejistas.
"Com o forte crescimento em
2005, o crédito consignado tirou
recursos do setor de consumo",
diz Daniela Bretthauer, do Santander Banespa.
Ao se endividar, um indivíduo
compromete até 30% de sua renda mensal e emprega os recursos
para quitar dívidas ou comprar
bens duráveis (eletrônicos, linha
branca etc.). "Houve queda do
consumo de bens não-duráveis, o
que refletiu no fraco crescimento
do setor de supermercados", diz
Bretthauer, que considera valer a
pena aplicar em ações ligadas a
consumo.
"Investidores já entendem que
as ações de companhias como
CBD, Americanas e Natura estão
menos vinculadas ao cenário global e mais aos seus fundamentos e
qualidades operacionais", afirma
Bretthauer.
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