São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 2006

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TRANSPORTE

Movimento, aliado ao aumento de combustíveis, deve derrubar cotações das ações das principais empresas de cargas

Superoferta derruba as tarifas marítimas

Tuca Vieira - 31.mai.05/Folha Imagem
Navio é carregado com containers no Porto de Santos, em SP; setor de cargas registra superoferta mundial de transporte marítimo


KYUNGHEE PARK
DA BLOOMBERG

O maior navio porta-contêiner do mundo faz sua viagem inaugural para a Europa, partindo de Xangai. Com quatro mais embarcações de porte semelhante com estréia marcada para este ano, o que eleva os lançamentos para um número recorde de 1.992, o setor de transporte marítimo está diante de uma superoferta de capacidade de transporte.
A superoferta, ao longo de 2007, vai deprimir as tarifas de afretamento e as cotações das ações das empresas de transporte marítimo de carga, como a Evergreen Marine Corp., de Taipé, em Taiwan, a Neptune Oriente Lines Ltd., de Cingapura, e a Hanjin Shipping Co. de Seul, na Coréia do Sul. As companhias de transporte marítimo defrontam-se também com a queda dos lucros devido à alta de 55% dos preços do combustível empregado na navegação.
""O setor de transporte marítimo está se encaminhando para um período de dois anos muito difícil devido à queda das tarifas de frete e aos altos custos do combustível", disse o investidor Han Sang Soo, que administra US$ 1 bilhão na Tong Yang Investment Trust Management Co. de Seul. Ele não pretende aumentar sua participação na Hanjin diante dos preços atuais.
As entregas recorde de 1.992 navios este ano significarão um aumento de 47% na capacidade total de carga em relação a 2005, segundo Choi Young Chul, analista do Tong Yang Merchant Bank de Seul.
Os estaleiros da Coréia do Sul, que respondem por 38% do mercado mundial, estão com uma carteira recorde de pedidos por executar de 980 embarcações, das quais os navios porta-contêiner respondem por quase a metade, segundo a Associação dos Estaleiros da Coréia.
A capacidade mundial de transporte de carga vai crescer 56 por cento nos próximos três anos, ultrapassando o aumento da demanda por frete marítimo, segundo o Dresdner Kleinwort Wasserstein. As tarifas de frete em contêineres cairão em 2006 pela primeira vez em cinco anos, previram a Orient Overseas International Ltd. e outras linha de transporte marítimo.
As tarifas de frete médias para contêineres de 20 pés deslocados da Europa para a Ásia no quarto trimestre de 2005 já caíram 7% em relação ao ano anterior, para cerca de US$ 1.709 por contêiner, segundo a Containerisation International, que acompanha o setor de transporte marítimo. Essa foi a segunda queda seguida das tarifas depois da retração de 2,8% observada no terceiro trimestre do ano passado. As tarifas médias dos contêineres de 20 pés deslocados da Ásia para os EUA caíram 1%, para US$ 1.878.
Certamente os preços das ações das empresas de transporte marítimo refletem a superoferta e a queda das tarifas de afretamento e os investidores vêm prevendo a queda dos lucros. As ações da Evergreen, a maior linha de navios porta-contêiner da Ásia, caíram 26% nos últimos 12 meses. Os papéis da Hanjin, a maior da Coréia do Sul, tiveram depreciação de 22% e os da Neptune Orient, a quarta maior empresa de transportes marítimos da Ásia, recuaram 25%. O Índice Morgan Stanley Capital International (MSCI) da Ásia-Pacífico aumentou 20% no mesmo período.
As ações da China Cosco Holdings Co., com sede em Pequim, a segunda maior linha de transporte marítimo da Ásia, caíram 9,2% desde que começaram a ser negociadas, em junho passado. A empresa opera o Cosco Guangzhou, o maior navio cargueiro do mundo.


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