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TVs pagas vão ao Cade e à Justiça contra Telefônica
Anatel autorizou que tele oferecesse TV via satélite
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações) acirrou
o conflito entre os setores de
telefonia e de televisão por assinatura ao aprovar, na semana
passada, a licença de TV paga
via satélite para a Telefônica.
A ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura) informou ontem que recorrerá ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica, do Ministério da Justiça) ou
à Justiça para tentar anular a
decisão do órgão regulador.
O diretor-executivo da entidade, Alexandre Annemberg,
disse ter estranhado a afirmação do ministro das Comunicações, Hélio Costa, na semana
passada, de que a decisão não
foi apenas da Anatel, mas também da Casa Civil e do Ministério das Comunicações.
""Isso indica que houve ingerência do Palácio do Planalto e
do ministério em assuntos da
esfera da Anatel", afirmou Annemberg. Reafirmou que a ABTA é contra a entrada da Telefônica no mercado de TV paga
em São Paulo, por ela ter concessão do serviço de telefonia
local fixa no Estado.
""Ao conceder a licença para o
serviço de TV paga à Telefônica, o governo fortalece o monopólio, em vez de estimular a
concorrência no mercado", disse o executivo. Lembrou que a
Telefônica já negociou a compra das operações de MMDS
-serviço de TV paga com
transmissão pelo ar- e de participação nas empresas de TV a
cabo da TVA, do grupo Abril.
A Telcomp (associação das
empresas de serviço limitado
especializado) também estuda
entrar com ação contra a Anatel. O presidente da entidade,
Luiz Cuza, disse à Folha que a
decisão será tomada pelos advogadosm da Telcomp depois
que a Anatel tornar pública a
documentação do processo da
Telefônica.
Lei permite
Técnicos da Anatel disseram
à Folha que não haveria respaldo legal para a agência vetar
o pedido da Telefônica, porque
o regulamento do serviço de
TV paga com transmissão direta do satélite só exige que o
operador seja estabelecido no
país. A agência diz que, se vetasse o pedido da Telefônica, a
empresa poderia anular a decisão na Justiça. Os técnicos da
Anatel tampouco acreditam
que o projeto possa ser vetado
com o argumento de concentração de mercado.
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