São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2008

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PIB / 2007

Investimentos e mercado interno puxam economia

Crescimento de 5,4% em 2007 está mais bem distribuído que em anos anteriores

Para 2008, analistas e governo prevêem expansão menor; PIB per capita cresce 4% acima da inflação e chega a R$ 13,5 mil no ano

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O Brasil cresceu 5,4% em 2007 e fechou o ano com o PIB (Produto Interno Bruto) "rodando" acima de 6%. Uma série de fatores positivos continuam sustentando a atual fase de expansão, embora analistas e o próprio governo prevejam um crescimento menor neste ano.
O mercado interno está aquecido pelo forte aumento da massa salarial, e os investimentos produtivos batem recordes esperando uma demanda ainda maior no futuro. Para este ano, porém, a crise externa, principalmente nos EUA, deve reduzir o ritmo de crescimento.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), o crescimento de 5,4% no ano passado é o segundo maior da série pela atual metodologia, aferida desde 1996. O recorde anterior havia sido em 2004, com alta do PIB de 5,7%.
Em valores, o PIB brasileiro atingiu R$ 2,55 trilhões em 2007. Já o PIB per capita cresceu 4% em termos reais (acima da inflação), chegando a R$ 13.515,00 no ano passado.
A "qualidade" da atual fase de crescimento é totalmente distinta, e melhor, na comparação com 2004. Naquele ano, o PIB brasileiro cresceu apoiado principalmente nas vendas externas, com a produção das indústrias e do setor agropecuário e mineral especialmente voltada para as exportações.
Neste momento, é o mercado interno quem puxa a forte expansão, bem distribuída pelos diversos setores. O consumo das famílias, que representa cerca de 60% no cálculo do PIB, aumentou 6,5% em 2007.
"Resumindo, o grande motor da economia brasileira em 2007 foi o mercado doméstico. Em 2006, o país já havia assumido esse padrão. Agora, ele se intensificou", afirma Rebeca Palis, do IBGE.
Outros destaques do PIB foram os desempenhos de agropecuária (5,3%), indústria (4,9%; 5,1% no caso da de transformação) e serviços (4,7%).
O ano de 2007 foi o quarto consecutivo de alta no consumo das famílias, amparado em uma elevação de 3,6% da massa salarial (já descontada a inflação) e num aumento de 28,8% no saldo das operações de crédito no sistema financeiro. No acumulado do ano, tudo isso levou a um aumento de 7,6% nas vendas do comércio.

Renda e crédito
Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o mercado interno em 2008 poderá não repetir o bom desempenho do ano passado. Vale espera neste ano expansão menor da renda e do crédito.
Outro grande destaque do PIB de 2007 foi a chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede os investimentos do setor produtivo e que são fundamentais para ampliar a oferta de bens e serviços na economia, reduzindo assim pressões inflacionárias em momentos de expansão.
Muito apoiada nas importações, a FBCF cresceu 13,4% no ano passado, atingindo a maior taxa anual desde o início da série do IBGE, em 1996. Em relação ao último trimestre de 2006, no período entre outubro e dezembro do ano passado, essa expansão foi ainda mais acelerada: 16%.
Ao crescer quase o dobro do ritmo do consumo, os investimentos tendem a garantir o controle da inflação.

Importações
Em 2007, boa parte do atendimento da demanda interna e dos investimentos produtivos em máquinas e equipamentos se deu via importações. As importações cresceram 20,7% em 2007, evolução muito superior à das exportações, que cresceram apenas 6,6%.
Desde 2006, o crescimento das exportações brasileiras vem ocorrendo em patamar inferior ao das importações.
O aumento das importações e a expansão menor das exportações levaram o país a fechar o ano passado, pela primeira vez em cinco anos, com uma necessidade de financiamento externo de R$ 4,5 bilhões, contra uma capacidade de financiamento de R$ 20,8 bilhões em 2006.


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