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PIB / 2007
Investimentos e mercado interno puxam economia
Crescimento de 5,4% em 2007 está mais bem distribuído que em anos anteriores
Para 2008, analistas e governo prevêem expansão menor; PIB per capita cresce 4% acima da inflação e chega a R$ 13,5 mil no ano
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O Brasil cresceu 5,4% em
2007 e fechou o ano com o PIB
(Produto Interno Bruto) "rodando" acima de 6%. Uma série
de fatores positivos continuam
sustentando a atual fase de expansão, embora analistas e o
próprio governo prevejam um
crescimento menor neste ano.
O mercado interno está
aquecido pelo forte aumento da
massa salarial, e os investimentos produtivos batem recordes
esperando uma demanda ainda
maior no futuro. Para este ano,
porém, a crise externa, principalmente nos EUA, deve reduzir o ritmo de crescimento.
Segundo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatísticas), o crescimento de 5,4%
no ano passado é o segundo
maior da série pela atual metodologia, aferida desde 1996. O
recorde anterior havia sido em
2004, com alta do PIB de 5,7%.
Em valores, o PIB brasileiro
atingiu R$ 2,55 trilhões em
2007. Já o PIB per capita cresceu 4% em termos reais (acima
da inflação), chegando a R$
13.515,00 no ano passado.
A "qualidade" da atual fase de
crescimento é totalmente distinta, e melhor, na comparação
com 2004. Naquele ano, o PIB
brasileiro cresceu apoiado
principalmente nas vendas externas, com a produção das indústrias e do setor agropecuário e mineral especialmente
voltada para as exportações.
Neste momento, é o mercado
interno quem puxa a forte expansão, bem distribuída pelos
diversos setores. O consumo
das famílias, que representa
cerca de 60% no cálculo do PIB,
aumentou 6,5% em 2007.
"Resumindo, o grande motor
da economia brasileira em
2007 foi o mercado doméstico.
Em 2006, o país já havia assumido esse padrão. Agora, ele se
intensificou", afirma Rebeca
Palis, do IBGE.
Outros destaques do PIB foram os desempenhos de agropecuária (5,3%), indústria
(4,9%; 5,1% no caso da de transformação) e serviços (4,7%).
O ano de 2007 foi o quarto
consecutivo de alta no consumo das famílias, amparado em
uma elevação de 3,6% da massa
salarial (já descontada a inflação) e num aumento de 28,8%
no saldo das operações de crédito no sistema financeiro. No
acumulado do ano, tudo isso levou a um aumento de 7,6% nas
vendas do comércio.
Renda e crédito
Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o
mercado interno em 2008 poderá não repetir o bom desempenho do ano passado. Vale espera neste ano expansão menor da renda e do crédito.
Outro grande destaque do
PIB de 2007 foi a chamada Formação Bruta de Capital Fixo
(FBCF), que mede os investimentos do setor produtivo e
que são fundamentais para ampliar a oferta de bens e serviços
na economia, reduzindo assim
pressões inflacionárias em momentos de expansão.
Muito apoiada nas importações, a FBCF cresceu 13,4% no
ano passado, atingindo a maior
taxa anual desde o início da série do IBGE, em 1996. Em relação ao último trimestre de
2006, no período entre outubro e dezembro do ano passado, essa expansão foi ainda
mais acelerada: 16%.
Ao crescer quase o dobro do
ritmo do consumo, os investimentos tendem a garantir o
controle da inflação.
Importações
Em 2007, boa parte do atendimento da demanda interna e
dos investimentos produtivos
em máquinas e equipamentos
se deu via importações. As importações cresceram 20,7% em
2007, evolução muito superior
à das exportações, que cresceram apenas 6,6%.
Desde 2006, o crescimento
das exportações brasileiras
vem ocorrendo em patamar inferior ao das importações.
O aumento das importações
e a expansão menor das exportações levaram o país a fechar o
ano passado, pela primeira vez
em cinco anos, com uma necessidade de financiamento externo de R$ 4,5 bilhões, contra
uma capacidade de financiamento de R$ 20,8 bilhões em
2006.
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