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Carga tributária de 36% do PIB é novo recorde, diz estudo
MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL
O bom desempenho econômico em 2007 fez com que a
carga tributária brasileira registrasse novo recorde em proporção do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas
produzidas pelo país num ano).
Estudo divulgado ontem pelo
IBPT (Instituto Brasileiro de
Planejamento Tributário) revela que os contribuintes pagaram R$ 923,24 bilhões em tributos aos três níveis de governo
no ano passado, ou 36,08% do
PIB de R$ 2,559 trilhões.
Esse percentual é 1,02 ponto
superior aos 35,06% calculados
pelo instituto para 2006, quando a carga foi de R$ 817,94 bilhões para um PIB de R$ 2,333
trilhões (em valores nominais).
A Receita Federal não divulgou ontem o cálculo da carga
tributária do país em 2007. Esse cálculo ainda será feito pelo
órgão e divulgado nos próximos
meses (no ano passado, a carga
de 2006 foi divulgada apenas
em 21 de agosto). Pelos dados
da Receita, a carga em 2006 foi
de 34,23% do PIB, ou 0,83 ponto percentual inferior ao número apurado pelo IBPT.
Essa diferença é explicada
pelo fato de que a Receita não
considera no cálculo os valores
recolhidos a título de multas,
juros e correção. Além desses
valores, o IBPT inclui em seu
cálculo as contribuições sindicais, os pagamentos a entidades
de fiscalização do exercício
profissional e custas judiciais.
Quase o PIB de 1997
Para o advogado Gilberto
Luiz do Amaral, presidente do
IBPT e um dos autores do estudo, "apesar da boa notícia do
crescimento do PIB em 5,4%, é
inadmissível que a carga tributária continue aumentando".
O estudo mostra que, enquanto o PIB per capita cresceu
4% em 2007 (em termos reais),
os brasileiros pagaram mais
7,2% em tributos. Diante disso,
Amaral diz que, "se não houver
a imediata redução da carga tributária, o Brasil não terá condições de crescer no ritmo de outros países emergentes".
Se fosse usada a antiga metodologia do IBGE para calcular o
PIB, a carga tributária de 2007
teria sido de 39,92% (também
recorde), com avanço de 1,12
ponto sobre os 38,8% de 2006.
Para ter uma idéia do avanço
da carga tributária no país nos
últimos anos, os R$ 923,24 bilhões arrecadados em 2007
equivalem a quase o próprio
PIB de 1997, de R$ 939,15 bilhões (em valores nominais).
Quem ajudou
Em valores nominais, a carga
tributária cresceu R$ 105,29 bilhões no ano passado em relação ao anterior, segundo o
IBPT. Somente na esfera federal, a receita aumentou R$ 80,2
bilhões, mais do que o dobro da
arrecadação da CPMF (o tributo do cheque, extinto ao final de
2007), de R$ 36,49 bilhões.
Em porcentagem, o maior
crescimento foi na arrecadação
da CSLL (a contribuição que as
empresas pagam sobre o lucro),
que subiu 22,6%. Já o IR foi o
tributo federal de maior receita, com R$ 160,17 bilhões. Mas
o ICMS ainda é o tributo brasileiro que mais arrecada: R$
187,64 bilhões em 2007.
No ano passado, o conjunto
de contribuintes pagou R$ 2,53
bilhões, em média, em tributos
por dia aos três níveis de governo -R$ 2,24 bilhões em 2006.
Na média, foram R$ 105,39 milhões por hora, R$ 1,756 milhão
por minuto ou R$ 29,27 mil por
segundo, revela o estudo.
Cada contribuinte pagou, em
média, R$ 4.943 em tributos no
ano passado (o cálculo considera o total de tributos pagos no
ano dividido pelo conjunto da
população do país, de 187 milhões de pessoas). Esse valor é
12,9% superior aos R$ 4.379 pagos em 2006.
O IBPT calculou também
que, se não tivesse havido aumento de carga fiscal em 2007,
cada brasileiro teria aumento
de renda de R$ 141.
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