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Dinheiro paga maioria dos gastos
Pesquisa do Datafolha para o BC aponta que 77% do dispêndio médio da população é feito com cédula e moeda
Possível razão pela preferência é que 55% recebem salário em espécie;
pessoas carregam R$ 31 em notas e R$ 3,64 em moedas
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cédulas e moedas são o principal meio usado no Brasil para
o pagamento de compras e contas e ganham, de longe, dos cartões de crédito e de débito. É o
que mostra pesquisa feita pelo
Datafolha a pedido do Banco
Central. Pelo levantamento,
77% do gasto médio mensal da
população é feito com dinheiro
em espécie.
Esse comportamento é puxado pelas pessoas de renda mais
alta e que tenham mais anos de
estudo. Entre as classes A e B,
os pagamentos em dinheiro representam 45% dos gastos totais. Entre as pessoas que concluíram um curso superior, essa proporção sobe para 51%.
Uma possível razão para essa
preferência, segundo o BC, é o
alto número de pessoas que recebem salário em dinheiro, e
não por meio de depósito bancário. Pela pesquisa, 55% dos
entrevistados em todo o país
são pagos em espécie, contra
37% dos que recebem via instituição financeira. No Nordeste,
a parcela da população que recebe salários em dinheiro é
maior, chegando a 70%
Para chegar a esses números,
o Datafolha ouviu 2.041 pessoas em todos os Estados entre
os dias 9 e 15 de julho do ano
passado. Desse total, 1.024 entrevistados trabalhavam como
caixas em estabelecimentos comerciais ou em agências bancárias. A margem de erro é de três
pontos percentuais.
Os números sobre a utilização de notas e moedas se referem à parcela dos entrevistados
sem ligação com o comércio ou
com instituições financeiras. O
chefe do Meio Circulante do
BC, João Sidney de Figueiredo
Filho, diz que "questões de ordem prática" ajudam a explicar
a maior utilização de cédulas e
moedas. "Há muitas áreas,
principalmente na economia
informal, em que se usa muito
dinheiro."
Segundo Figueiredo, o controle da inflação é outro fator a
influenciar a menor utilização
de meios eletrônicos de pagamento. "A estabilidade [dos
preços] e as taxas de juros mais
baixas certamente auxiliam a
incentivar o uso da moeda",
afirma. Por esse raciocínio, em
épocas de inflação mais alta, as
pessoas teriam a tendência de
não ficar com muitas cédulas e
moedas nas mãos, já que o dinheiro perderia valor muito rapidamente.
A pesquisa mostra que o uso
do caixa eletrônico também depende da idade, sendo mais comum sua utilização pelos mais
jovens. Na média geral, 7% dos
entrevistados afirmam não utilizar os pontos de atendimento
automáticos para sacar dinheiro. Se consideradas apenas as
pessoas acima de 60 anos, essa
proporção sobe para 21%.
Moedas
A pesquisa também mostra
quais são as cédulas e moedas
mais usadas pela população.
Segundo o levantamento, as
pessoas carregam consigo, em
média, R$ 31 em notas e R$ 3,64
em moedas.
O objetivo do levantamento
foi tentar identificar eventuais
problemas de falsificação de
notas e de falta de troco no país.
Esse foi o foco das perguntas
feitas para empregados do comércio e de bancos.
Nesse segmento da população, 46% dos entrevistados reclamaram da falta de moedas
de R$ 1 em circulação -em pesquisa semelhante feita em
2005, esse problema havia sido
citado por 30%.
De acordo com o BC, por causa desse problema, decidiu-se
produzir 400 milhões de moedas de R$ 1 neste ano. A um custo de R$ 0,26 por unidade, elas
devem se somar às 900 milhões
que já circulam hoje.
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