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AMÉRICA LATINA
Depósitos em conta corrente até US$ 160 podem ser retirados; acima disso, só 50%; saldo fica retido por um ano
Equador impõe limite a saque bancário
das agências internacionais
O pacote econômico do Equador, anunciado anteontem pelo
presidente Jamil Mahuad, foi rejeitado por 83% da população, segundo instituto de pesquisa local.
No entanto, levou o país para mais
próximo de um acordo com o FMI
(Fundo Monetário Internacional),
segundo a ministra das Finanças,
Ana Lucia Aminjos.
Na quinta-feira à noite, o governo anunciou que ficam limitadas a
US$ 160 as retiradas bancárias dos
depósitos até aquele valor feitos
em conta corrente até 5 deste mês,
último dia de funcionamento dos
bancos. Para a poupança, o limite de saque é de US$
400.
As pessoas que tiverem depósitos acima desses valores poderão
sacar apenas 50%. O restante será
congelado por um ano.
Mahuad divulgou também que
irá aumentar o preço dos combustíveis em 165% e elevar em 50% a
alíquota do IVA (Imposto sobre
Valor Agregado), cobrado sobre
bens e produtos, de 10% para 15%.
Mahuad
Para a ministra, o pacote é "doloroso, mas necessário". "A crise
econômica tem de ser enfrentada
se não o Equador irá direto para a
hiperinflação, o que seria muito
pior", justificou.
Para ela, o pacote foi bem recebido pelo FMI (Fundo Monetário Internacional). O Equador espera
chegar a um acordo com o organismo para obter empréstimo de US$
400 milhões.
O pacote pretende reduzir o déficit de US$ 1,2 bilhão nas finanças
do governo e restabelecer a confiança no sucre, a moeda local, que
sofreu desvalorização vertiginosa.
De acordo com Carlos Larreategui, presidente da associação dos
banqueiros, as medidas levarão o
país a uma severa recessão.
"O problema de congelar os depósitos é que provocará todos os
tipos de reações entre os equatorianos."
Segundo a pesquisa realizada ontem, 84% da população está pessimista com os rumos da economia e
78% dizem acreditar que as medidas não solucionarão a crise.
De acordo com analistas, o empréstimo com o FMI é crucial para
evitar a moratória de parte dos
US$ 13 bilhões de dívida externa.
Segundo alguns economistas, o
pacote parece adequado às exigências do FMI. No entanto, outros dizem que o governo precisa ir ainda
além para sanear os problemas do
sistema financeiro do país.
"Há muito para ser alcançado se
eles quiseram um acordo com o
FMI e acho que será difícil", afirmou Jerome Booth, chefe de pesquisa da Ashmore Investment Management, em Londres.
Os bancos devem reabrir somente na segunda-feira, depois de ficarem fechados por uma semana,
cumprindo decisão do governo.
A determinação foi feita para evitar o pânico da população e a retirada de dinheiro.
A economia do Equador está
sendo afetada pelos baixos preços
do petróleo e pelo fenômeno El Niño, que em 1998 causou prejuízos
de US$ 2,6 bilhões.
Nos últimos dois dias, sindicatos
e partidos de oposição promoveram uma greve geral. Durante as
manifestações, 235 pessoas foram
presas.
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