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PRODUÇÃO
Sondagem conjuntural do Ibre revela que há mais empresários que prevêem melhora dos negócios nos próximos meses
Indústria espera novo ciclo de crescimento
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de um período de ajuste
de estoques e produção em baixa,
a indústria brasileira prepara-se
para começar novo ciclo de crescimento, que deve intensificar-se
nos próximos meses. Pelo menos
é essa a expectativa dos empresários do setor, sugerem os resultados preliminares da Sondagem
Conjuntural da Indústria de
Transformação, cuja prévia foi divulgada ontem.
A pesquisa mostrou que 54%
dos 491 empresários consultados
pelo Ibre (Instituto Brasileiro de
Economia, da FGV) dizem avaliar
que a situação dos negócios será
melhor nos próximos seis meses,
ou seja, no período entre abril e
setembro de 2006. A proporção
não diz muito, mas a evolução dela no tempo, sim. Ela só tem aumentado desde o primeiro trimestre de 2005, quando apenas
42% responderam que esperavam uma situação boa para os seis
meses seguintes.
Desde aquele trimestre, a proporção dos "otimistas" em relação ao futuro só subiu. Por outro
lado, a proporção de "pessimistas", os que consideram que a situação irá piorar, caiu do pico de
22% no segundo trimestre de
2005 para os atuais 10%.
Poucos empresários disseram
que os estoques mantidos por eles
são insuficientes, enquanto a proporção dos que avaliam ter excesso de estoque é de 11%. Reflexo,
diz Aloisio Campelo, do Ibre, do
processo de ajuste de estoques
que começou no final de 2005.
O segundo semestre do ano passado foi um período de desaceleração da indústria, que reduziu a
produção e passou a ajustar seus
estoques. "As empresas ajustaram os estoques para enfrentar a
demanda fraca e adaptar-se ao
novo cenário", diz Campelo.
Agora, mostra a pesquisa, a diferença entre os que dizem ter
muito estoque e os que dizem ter
estoque insuficiente é de seis pontos percentuais (média histórica
de sete pontos), ou seja, as empresas estão mais ou menos ajustadas, ainda que haja exceções.
Outro sinal de que o ajuste de
estoques abriu caminho para novo ciclo de alta da produção é que,
antes do ajuste, os empresários
avaliavam que haveria crescimento da procura por seus produtos,
mas, ao mesmo tempo, diziam
que não elevariam a produção.
Traduzindo: o aumento da demanda era perfeitamente atendido com os estoques acumulados.
Agora, há expectativa de aumento da procura e também da
produção. Segundo a pesquisa,
16% dos industriais responderam
que esperam demanda forte por
seus produtos, índice só alcançado em abril em 2004. A julgar pelas previsões dos empresários,
eles responderão a esse sinal do
mercado consumidor com mais
produção: 56% prevêem alta da
produção e 25%, do emprego.
O quadro geral da pesquisa, diz
Campelo, não é tão diferente do
encontrado em abril do ano passado. Mas há uma diferença crucial: aquelas eram expectativas
captadas no momento em que a
economia entrava em ciclo de desaceleração. Agora, ao contrário,
são projeções feitas com base em
um cenário que, todos esperam,
seja de aquecimento econômico.
"São expectativas moderadas,
que mostram uma evolução gradual, uma recuperação gradual",
diz Campelo, que lembra ainda
que a crise política, que em outros
tempos poderia afetar o cenário
econômico, não tem tido impacto
na expectativa dos empresários,
tampouco na dos consumidores.
"[Os empresários] não parecem
estar sendo muito sensibilizados
com o que está ocorrendo no plano político. Apenas com a agenda
econômica", afirma Campelo.
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