São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PRODUÇÃO

Sondagem conjuntural do Ibre revela que há mais empresários que prevêem melhora dos negócios nos próximos meses

Indústria espera novo ciclo de crescimento

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de um período de ajuste de estoques e produção em baixa, a indústria brasileira prepara-se para começar novo ciclo de crescimento, que deve intensificar-se nos próximos meses. Pelo menos é essa a expectativa dos empresários do setor, sugerem os resultados preliminares da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, cuja prévia foi divulgada ontem.
A pesquisa mostrou que 54% dos 491 empresários consultados pelo Ibre (Instituto Brasileiro de Economia, da FGV) dizem avaliar que a situação dos negócios será melhor nos próximos seis meses, ou seja, no período entre abril e setembro de 2006. A proporção não diz muito, mas a evolução dela no tempo, sim. Ela só tem aumentado desde o primeiro trimestre de 2005, quando apenas 42% responderam que esperavam uma situação boa para os seis meses seguintes.
Desde aquele trimestre, a proporção dos "otimistas" em relação ao futuro só subiu. Por outro lado, a proporção de "pessimistas", os que consideram que a situação irá piorar, caiu do pico de 22% no segundo trimestre de 2005 para os atuais 10%.
Poucos empresários disseram que os estoques mantidos por eles são insuficientes, enquanto a proporção dos que avaliam ter excesso de estoque é de 11%. Reflexo, diz Aloisio Campelo, do Ibre, do processo de ajuste de estoques que começou no final de 2005.
O segundo semestre do ano passado foi um período de desaceleração da indústria, que reduziu a produção e passou a ajustar seus estoques. "As empresas ajustaram os estoques para enfrentar a demanda fraca e adaptar-se ao novo cenário", diz Campelo.
Agora, mostra a pesquisa, a diferença entre os que dizem ter muito estoque e os que dizem ter estoque insuficiente é de seis pontos percentuais (média histórica de sete pontos), ou seja, as empresas estão mais ou menos ajustadas, ainda que haja exceções.
Outro sinal de que o ajuste de estoques abriu caminho para novo ciclo de alta da produção é que, antes do ajuste, os empresários avaliavam que haveria crescimento da procura por seus produtos, mas, ao mesmo tempo, diziam que não elevariam a produção. Traduzindo: o aumento da demanda era perfeitamente atendido com os estoques acumulados.
Agora, há expectativa de aumento da procura e também da produção. Segundo a pesquisa, 16% dos industriais responderam que esperam demanda forte por seus produtos, índice só alcançado em abril em 2004. A julgar pelas previsões dos empresários, eles responderão a esse sinal do mercado consumidor com mais produção: 56% prevêem alta da produção e 25%, do emprego.
O quadro geral da pesquisa, diz Campelo, não é tão diferente do encontrado em abril do ano passado. Mas há uma diferença crucial: aquelas eram expectativas captadas no momento em que a economia entrava em ciclo de desaceleração. Agora, ao contrário, são projeções feitas com base em um cenário que, todos esperam, seja de aquecimento econômico.
"São expectativas moderadas, que mostram uma evolução gradual, uma recuperação gradual", diz Campelo, que lembra ainda que a crise política, que em outros tempos poderia afetar o cenário econômico, não tem tido impacto na expectativa dos empresários, tampouco na dos consumidores. "[Os empresários] não parecem estar sendo muito sensibilizados com o que está ocorrendo no plano político. Apenas com a agenda econômica", afirma Campelo.


Texto Anterior: Crise no ar: Artistas fazem ato e criticam governo
Próximo Texto: Emprego no setor cresce após 4 meses
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.