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Investimento no exterior recua 67% no ano
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com o agravamento da crise,
empresas brasileiras já dão sinais de que não manterão o nível recorde de investimentos
externos que se observou nos
últimos anos. Segundo dados
do Banco Central, de janeiro a
fevereiro, o dinheiro aplicado
por essas companhias no exterior caiu 67% em relação ao
mesmo período de 2008.
O número se refere a investimentos diretos feitos por empresas brasileiras em outros
países, o que inclui aquisição de
outras companhias ou expansão da capacidade produtiva de
plantas já instaladas no exterior. No primeiro bimestre deste ano, esse fluxo somou US$
1,48 bilhão, contra US$ 4,54 bilhões observados nos primeiros dois meses de 2008.
Ao longo de 2008, os investimentos brasileiros no exterior
chegaram a US$ 34,09 bilhões,
valor mais alto já registrado pelas estatísticas do BC e que corresponde a uma média de US$
2,84 bilhões por mês -quase o
quádruplo da média apurada
no primeiro bimestre de 2009.
Ainda assim, alguns especialistas avaliam que a queda nos
investimentos externos é temporária e a situação deve se reverter depois de passada a fase
mais aguda da crise.
"A tendência [de internacionalização] não muda. As empresas brasileiras já perceberam, há muito tempo, que elas
só serão grandes se forem fortes também no mercado global", diz Antônio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP.
Para Lacerda, a situação
atual do mercado pode até abrir
oportunidade para que companhias brasileiras com boa situação financeira possam partir
para aquisições de empresas
estrangeiras com dificuldades
em seus mercados locais.
O problema, nesse caso, seria
superar a escassez de crédito
para encontrar fontes de financiamento para a compra.
Para o professor Álvaro Cyrino, pesquisador da Fundação
Dom Cabral, é de esperar que,
com a crise, as empresas adiem
seus novos projetos de investimento no exterior, mas mantenham as unidades que já estejam em operação. "Até porque
não é tão simples para uma empresa, neste momento, se desfazer de seus ativos", diz.
Segundo o BC, nos primeiros
dois meses deste ano, empresas
brasileiras desfizeram investimentos -ou seja, venderam
suas filiais no exterior- no valor de US$ 2,16 bilhões, muito
próximo dos US$ 2,19 bilhões
no mesmo período de 2008.
Para Cyrino, o impacto mais
imediato para empresas brasileiras com negócios em outros
países é sentido nas exportações. "Nesse caso, já se percebe
que [as empresas] estão redirecionando suas atividades para
mercados mais atrativos, ou
mesmo ao mercado interno."
Por isso, afirma, é preciso
que o governo brasileiro atue
de forma agressiva nas negociações com outros países para
evitar que medidas protecionistas intensifiquem o efeito
que a crise tem tido sobre o setor produtivo brasileiro.
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