São Paulo, segunda-feira, 13 de abril de 2009

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Comércio Brasil-China pode prescindir do dólar

DE PEQUIM

O consultor americano James L. McGregor afirma que o país pode vir a aceitar a proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de prescindir do dólar nas transações entre os países e usar reais e yuans no comércio bilateral. Leia trechos da entrevista que trata da relação do país com o Brasil.

 

REAL E YUAN
Não sei o que Hu Jintao respondeu a Lula quando ele propôs as transações sem dólar, usando o yuan e o real. Hu não é loiro de olhos azuis, o que ajuda [risos]. Mas a China já usa o yuan com alguns países do Sudeste Asiático, então não é impossível que tope a proposta feita pelo Brasil.
Não é nada antiamericano, o mundo está mudando e a China pode e gosta de experimentar.
Mas, ao contrário do que ocorre com o Sudeste Asiático, a maior parte das exportações brasileiras para a China é de matérias-primas, com preços internacionais. Só não sei as ramificações dessa decisão para o Brasil. As matérias-primas são cotadas em dólar, têm preços globais, como será essa negociação em duas moedas com regimes de câmbio diferentes?

BRASIL E CHINA
O governo chinês adora dizer que não gosta de misturar comércio e investimentos com política, o que é uma mentira enorme. As decisões aqui são superpolitizadas. A China briga com a França e cancela compras de aviões da Airbus, briga com os EUA e cancela compras da Boeing. Acho que os empresários brasileiros devem aproveitar a boa relação entre os dois países. A China precisa do Brasil, quer o Brasil como amigo por ser uma economia grande e rica em recursos naturais.

COMMODITIES
Acho que a importação de commodities pela China vai voltar a crescer, mas com preços mais realistas, mais parecidos aos praticados até o ano de 2007. Os preços de ferro e cobre no ano passado eram uma anomalia, inflados, não realistas. A China continua em um frenesi construtivo. No interior faltam pontes, estradas asfaltadas, trens, metrôs, tudo está sendo construído agora. O país continuará a importar muito.


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