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Plano prevê comando misto para banda larga
Telebrás fará gerenciamento e setor privado explorará ligação entre a rede e as cidades
Proposta será apresentada
a Lula nos próximos 15 dias;
Casa Civil e Planejamento
aprovam, mas Fazenda e
Comunicações se opõem
SIMONE IGLESIAS
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Telebrás ficará com a responsabilidade pelo gerenciamento do sistema do Plano Nacional de Banda Larga, formando a "espinha dorsal" do serviço, enquanto as empresas de telefonia privada vão explorar a
ligação entre a rede pública de
cabos de fibras ópticas e as cidades. Na ponta, elas vão competir com os pequenos provedores na venda do serviço ao
consumidor final.
Em linhas gerais, essa é a
proposta fechada pela área técnica do governo a ser apresentada ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva nos próximos 15
dias. A divisão, segundo assessores da Casa Civil, será da seguinte maneira: a estatal gerencia o "backbone", a rede principal de cabos, e as empresas privadas ficam com o "backhaul",
os sistemas de linhas que fazem
a conexão dessa rede com as cidades.
O uso da Telebrás depende
apenas de uma palavra final da
Advocacia-Geral da União por
conta das pendências de ações
trabalhistas, mas tende a ser favorável. A escolha da empresa
pública de telefonia conta com
oposição do Ministério das Comunicações e resistências do
Ministério da Fazenda, mas é
defendida pela Casa Civil e pelo
Ministério do Planejamento.
A pasta das Comunicações
defende um sistema que seja
operado pelas empresas de telefonia, enquanto a Fazenda é a
favor do uso de uma estatal, tal
como o plano está concebido.
Só coloca restrições na escolha
da Telebrás por receio de seu
passivo trabalhista.
Caberá ao presidente da República bater o martelo, mas
ele já deu declarações favoráveis ao uso da Telebrás. Segundo a Folha apurou, o governo
preferia montar uma nova empresa pública para administração do plano de banda larga,
mas teme as repercussões políticas e as dificuldades que seriam enfrentadas no Congresso Nacional -já que a medida
teria de passar pelo Legislativo
em ano eleitoral.
Aprovada a proposta da área
técnica, o sistema a ser adotado
no programa será misto, utilizando consórcios de empresas
privadas que poderiam alugar a
rede principal de propriedade
do governo, operar as ligações
da rede com as cidades e vender ao consumidor o serviço de
banda larga.
Evitar monopólio
Para operarem no sistema, as
empresas privadas do setor terão de seguir regras que vão regular a qualidade e o preço do
serviço. Com isso, o governo
quer impedir o monopólio e garantir internet com conexão rápida (banda larga) a baixo custo
principalmente para as classes
de menor renda.
O modelo fechado pelos técnicos não exclui a possibilidade
de o governo operar também na
venda do serviço ao consumidor final. Isso aconteceria nos
locais onde o setor privado não
operasse por falta de interesse
comercial.
Depois que o programa for
aprovado pelo presidente, o governo montará um grupo, que
terá a participação do setor privado, para discutir como implementá-lo nos próximos anos.
Na administração Lula, devem
ser feitos apenas testes em cerca de 300 cidades.
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