|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AL tem teto de expansão de 5%, diz especialista
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
No melhor cenário possível, a
América Latina está "condenada"
a um teto de crescimento de 5%
ao ano. Isso se os principais países
da região, em particular o Brasil,
conseguirem aprovar todas as reformas que vêm sendo propostas
e encaminhadas.
Segundo o economista Pedro-Pablo Kuczynski, co-editor do livro "Depois do Consenso de
Washington - Retomando o Crescimento e as Reformas na América Latina", o sentimento de "frustração" na região deve persistir
por muito anos, mesmo se "quase
tudo der certo".
Durante os anos 90, quando a
América Latina adotou boa parte
das reformas propostas pelo chamado "Consenso de Washington", expressão cunhada pelo
economista John Williamson, o
outro co-autor do livro lançado
ontem nos EUA, o crescimento na
região foi, em média, de 3%.
A taxa revelou-se insuficiente
para reduzir as desigualdades e o
desemprego na região. No período, a força de trabalho cresceu a
um ritmo médio de 2% ao ano.
A limitação ocorreu, segundo
Kuczynski, apesar do recorde nos
investimentos diretos, que corresponderam a 4% do PIB da região.
Historicamente, o melhor período para a América Latina se
deu entre 1940 e o final dos anos
80, quando o crescimento médio
anual bateu em 5,2%.
"Infelizmente, parece que agora
a região está começando a envelhecer antes mesmo de ter crescido", diz Kuczynski, que prevê
problemas nos sistemas de aposentadoria de vários países da região no futuro próximo.
Frederick Jasperson, diretor do
Departamento Latino-Americano do Instituto de Finanças Internacionais, concorda com a previsão de expansão limitada. "Resultados melhores só virão se os países souberem tirar o máximo proveito de suas reformas."
Para Williamson, o setor exportador e o nível das taxas de juros
dos países da região serão determinantes para avaliar se a América Latina voltará a crescer a um
ritmo maior.
Os dois economistas defendem
medidas no Brasil para manter a
cotação do real em um nível que
favoreça o setor exportador.
Kuczynski diz que o Banco Central deveria adquirir "agressivamente" reservas em dólar para
evitar a queda da moeda. Já Williamson defende a taxação de capitais de curto prazo.
Texto Anterior: Alemanha "abandona" o pacto da UE Próximo Texto: Frase Índice
|