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São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2003

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AL tem teto de expansão de 5%, diz especialista

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

No melhor cenário possível, a América Latina está "condenada" a um teto de crescimento de 5% ao ano. Isso se os principais países da região, em particular o Brasil, conseguirem aprovar todas as reformas que vêm sendo propostas e encaminhadas.
Segundo o economista Pedro-Pablo Kuczynski, co-editor do livro "Depois do Consenso de Washington - Retomando o Crescimento e as Reformas na América Latina", o sentimento de "frustração" na região deve persistir por muito anos, mesmo se "quase tudo der certo".
Durante os anos 90, quando a América Latina adotou boa parte das reformas propostas pelo chamado "Consenso de Washington", expressão cunhada pelo economista John Williamson, o outro co-autor do livro lançado ontem nos EUA, o crescimento na região foi, em média, de 3%.
A taxa revelou-se insuficiente para reduzir as desigualdades e o desemprego na região. No período, a força de trabalho cresceu a um ritmo médio de 2% ao ano.
A limitação ocorreu, segundo Kuczynski, apesar do recorde nos investimentos diretos, que corresponderam a 4% do PIB da região.
Historicamente, o melhor período para a América Latina se deu entre 1940 e o final dos anos 80, quando o crescimento médio anual bateu em 5,2%.
"Infelizmente, parece que agora a região está começando a envelhecer antes mesmo de ter crescido", diz Kuczynski, que prevê problemas nos sistemas de aposentadoria de vários países da região no futuro próximo.
Frederick Jasperson, diretor do Departamento Latino-Americano do Instituto de Finanças Internacionais, concorda com a previsão de expansão limitada. "Resultados melhores só virão se os países souberem tirar o máximo proveito de suas reformas."
Para Williamson, o setor exportador e o nível das taxas de juros dos países da região serão determinantes para avaliar se a América Latina voltará a crescer a um ritmo maior.
Os dois economistas defendem medidas no Brasil para manter a cotação do real em um nível que favoreça o setor exportador.
Kuczynski diz que o Banco Central deveria adquirir "agressivamente" reservas em dólar para evitar a queda da moeda. Já Williamson defende a taxação de capitais de curto prazo.


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