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SAIBA MAIS
Entenda como a turbulência afeta o pequeno investidor
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
As chacoalhadas do mercado
financeiro nos últimos 15 dias
estão comendo os rendimentos
dos pequenos e médios investidores que aplicam em fundos
DI e de renda fixa.
Quando o investidor aplica
em um fundo de renda fixa, seu
dinheiro soma-se ao de outros
cotistas do fundo e é usado pelo
banco para comprar títulos do
governo (em geral LTNs - Letras Financeiras do Tesouro
Nacional). Esses papéis pagam
juros prefixados e definem o
rendimento do fundo.
No entanto, como os juros
oscilam diariamente no mercado, os gestores fazem também
operações no mercado futuro
de juros, negociando contratos
de DI na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). O contrato futuro de DI mostra a expectativa dos investidores sobre
qual será a taxa Selic na data do
seu vencimento.
O que ocorreu nos últimos
dias é que os contratos futuros
de DI que vencem em janeiro
do ano que vem, os mais procurados, começaram a sinalizar a alta dos juros. A taxa do
DI futuro saltou de 15,62% ao
ano, no dia 6, para 17,15% ontem. "Esse movimento é totalmente atípico e fez os fundos
de renda fixa perderem muito", diz Renato Ramos, gestor
de renda fixa do HSBC Brain.
Segundo Ramos, até a próxima reunião do Copom, na semana que vem, o mercado de
renda fixa vai continuar oscilando. "Estamos vivendo dias
de estresse, mas não há motivos reais para que permaneça
esse patamar de juros futuros."
Os fundos DI chegaram a ter
cotas negativas este mês devido
à desvalorização que vinham
tendo as LFTs. Esses papéis respondem por, no mínimo, 80%
da carteira onde estão aplicados os recursos desses fundos.
As LFTs têm diferentes vencimentos -de curto, médio e
longo prazos. Quanto menor o
prazo do papel, menor é o juro
que ele paga e menor o risco de
sofrer oscilações de preço.
Nos últimos anos, o governo
lançou LFTs com vencimentos
em 2007, 2008 e 2009 para alongar o prazo da sua dívida. Esses
papéis pagam juros maiores e
muitos gestores -apostando
num cenário otimista para a
economia- compraram LFTs
longas para suas carteiras.
Mas, desde o início do ano, o
cenário mudou. "Atualmente,
40% dos ativos dos fundos estão no overnight", diz Alexandre Póvoa, economista-chefe
do banco Modal. Essa mudança fez as LFTs de longo prazo
perderem liquidez (facilidade
de negociação) e seu preço despencou, afetando os fundos DI.
Os analistas não esperam novas oscilações fortes dos DI,
pois na semana passada o governo comprou parte dos títulos de longo prazo, dando liquidez ao papel.
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