São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 2006

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Justiça volta a adiar decisão sobre a Varig

Trabalhadores do Grupo Varig têm até amanhã para cumprir exigências e, depois disso, 72 horas para depositar US$ 75 mi

Consórcio formado por TAP, Air Canada e fundo de investimento Brooksfield começa a negociar proposta de compra com a empresa


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de homologar ontem a proposta de compra da Varig apresentada pelos funcionários, a Justiça impôs a condição de que o consórcio NV (que representa os trabalhadores da Varig) mostre a origem dos recursos até as 12h de amanhã.
A decisão do juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, responsável pelo processo de recuperação da empresa, mantém a situação da Varig em suspenso. A companhia tem audiência marcada hoje na Corte de Falências de Nova York e precisa convencer o juiz Robert Drain a estender o prazo de uma liminar que protege os aviões da Varig de arresto pelas empresas de leasing.
A Varig esperava receber antes da audiência os US$ 75 milhões de antecipação previstos no edital de venda. Segundo o juiz Ayoub, o comprador tem a obrigação de depositar essa antecipação até 72 horas depois da homologação final da proposta. Na última sexta-feira, a Boeing ganhou na Justiça americana o direito de retomar sete aeronaves a partir de hoje.
Além do imbróglio na Justiça americana, a Varig precisará voltar a negociar com a BR Distribuidora. A companhia tem garantido o fornecimento de combustível até hoje. Segundo o presidente do Conselho de Administração da Varig, Humberto Rodrigues, a companhia aérea tem recebíveis de compra de passagens com cartão de crédito a oferecer.
O agravamento da crise da Varig pôde ser medido nos últimos dias pelo cancelamento de vôos. Somente ontem, 20 vôos foram cancelados. A companhia atribuiu os cancelamentos a uma operação de adequação da frota à demanda.
Apesar de a proposta do TGV ter sido a vencedora do leilão, um consórcio formado por TAP, Air Canada e pelo fundo Brooksfield iniciou conversas com a Varig. O presidente da TAP, Fernando Pinto, que já foi presidente da Varig, veio ao Brasil para iniciar as negociações com a empresa.
O fundo de investimento canadense Brooksfield é controlador do Brascan, escolhido como administrador dos FIPs (Fundos de Investimento e Participação), o principal instrumento desenhado no plano de recuperação da Varig para reorganizar a estrutura da empresa. Com perfil de investimento mais conservador, o fundo tem recursos para investir no país. Somente em fundos de empresas de capital fechado, o Brooksfield dispõe de US$ 1 bilhão para aplicar no Brasil. Segundo fontes do setor, o fundo teria procurado a OceanAir para fazer uma proposta de participação no consórcio.
O consultor Paulo Sampaio lembra que a Air Canada já injetou recursos na US Airways, que faz parte do Star Alliance, o mesmo acordo comercial do qual a Varig faz parte.
Segundo Ayoub, qualquer proposta direta de compra seria considerada ilegal porque o leilão teve uma proposta vencedora. Assim, uma das hipóteses é que o consórcio se alie ao TGV. Mas o juiz destacou que "não está vedada" a possibilidade de um novo leilão caso o TGV não consiga esclarecer os pontos solicitados pela Justiça.
Além da origem dos recursos, o juiz questiona o uso de debêntures da nova Varig Operações para o pagamento de R$ 500 milhões. Ele diz que será necessária "a substituição das debêntures ofertadas pelas hipóteses contempladas no edital e, alternativamente, qualquer solução que atenda as obrigações extraconcursais".
O presidente da Varig, Marcelo Bottini, elogiou a decisão de Ayoub. "O juiz está sendo cauteloso e responsável, como deve ser ao tratar do destino de uma grande empresa como a Varig, que gera mais de 50 mil empregos diretos e indiretos no Brasil e no exterior e traz mais de US$ 1,5 bilhão de divisas anualmente para o país."


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