São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 2006

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Bolsa cai 4,33% e zera os ganhos no ano

Declaração de membro do Fed sobre inflação abala mercados em todo o mundo; na Colômbia, queda recorde pára pregão

Semana deve continuar tensa, com a divulgação de indicadores de preço nos EUA; dólar avança 1,28% e fecha cotado a R$ 2,29


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A semana começou muito ruim para o mercado financeiro global. E isso antes de importantes dados sobre a inflação norte-americana, que tem tudo para sacudir os investimentos, serem divulgados. No Brasil, a Bovespa desabou 4,33%. O dólar subiu 1,28% e terminou o dia vendido a R$ 2,29.
A queda de ontem levou a Bovespa a praticamente anular seus ganhos acumulados no ano. Agora, a Bolsa paulista tem alta de apenas 0,29% em 2006.
Na tarde de ontem, uma declaração do presidente regional do Fed (o banco central dos EUA) de Dallas, Richard Fisher, trouxe desconforto em um dia que caminhava para ser tranqüilo. Fisher disse que "todos estão preocupados sobre a possibilidade do repasse das pressões de gás e petróleo. Há uma certa angústia entre as pessoas do Fed em relação aos índices de inflação".
Nos EUA, a Bolsa eletrônica Nasdaq perdeu 2,05%. O Dow Jones, principal índice do mercado de Nova York, caiu 0,91%.
Entre os latino-americanos, a Colômbia foi a que mais sofreu, com perdas de 10,46%, a maior baixa desde 2001. O movimento fez com que fosse acionado o "circuit break" -sistema de paralisação dos negócios para evitar perdas maiores. Na Argentina, a queda do mercado acionário foi de 4,56%. No México, em 4,30%.
Há um mês, o mercado global entrou em um período de considerável turbulência que parece estar longe de seu fim. As dúvidas e temores de analistas e investidores giram em torno dos riscos de crescimento inflacionário nos EUA e a conseqüente possibilidade de os juros seguirem em alta no país.
O Fed se reúne no fim do mês, e até lá o mercado tende a oscilar bastante. A expectativa é que os juros americanos subam de 5% para 5,25%.
Nos EUA, a divulgação de um déficit orçamentário acima do previsto não agradou aos investidores. O déficit atingiu US$ 42,83 bilhões, enquanto os especialistas projetavam que a cifra não ultrapassasse os US$ 40 bilhões. Em maio do ano passado, o déficit no Orçamento ficou em US$ 35,42 bilhões.
Jason Vieira, da consultoria GRC Visão, diz em relatório que "a semana está focada nos dados de inflação dos EUA, que basicamente definirão o rumo da atual volatilidade nos mercados mundiais".
Hoje, será conhecido o resultado do PPI (sigla em inglês para índice de preços no atacado), e amanhã, o CPI (a inflação ao consumidor) de maio.
Se os dados vierem acima do previsto, as Bolsas tendem a ter mais um dia ruim. Isso acontece porque inflação acima do desejado é combatida com juros maiores. E há o temor de que, se os juros subirem acima de certo nível, acabem por frear a economia americana mais que o necessário. Além disso, amanhã também será conhecido o Livro Bege -compilação de dados feita pelo Fed sobre a situação da economia americana.
Elevações de juros na semana passada na Europa, na Ásia e na África já tinham castigado bastante os mercados.


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