São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mercosul e México acertam aproximação

Mexicanos atuarão como observadores do bloco enquanto avançam nas negociações de um acordo de livre comércio

País enfrenta pressão da opinião pública interna, que quer mais proximidade com países latinos e menor dependência dos EUA


CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O México terá que avançar nas negociações de um acordo de livre comércio com o Mercosul antes de aderir ao bloco, disse ontem o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ao chanceler mexicano, Luis Ernesto Derbez, que esteve em Brasília a convite do chanceler brasileiro e reiterou o interesse de seu país de integrar o bloco sul americano.
Ficou acertado, porém, que, por enquanto, o México vai participar das reuniões do bloco na condição de observador.
Com mais de 70% de suas trocas comerciais com os EUA, além da maioria de seus investimentos concentrados naquele mercado, o México quer diversificar suas relações econômicas e, para isso, já assinou 44 acordos comerciais nos últimos anos, segundo a Câmara Brasil-México de Indústria, Comércio e Turismo, inclusive um com o Mercosul, em 2002, mas que ainda não saiu do papel.
Depois que a Venezuela iniciou seu processo de adesão ao Mercosul como membro pleno, em dezembro do ano passado, o México voltou a consultar o bloco sobre a possibilidade de entrar para o bloco antes de avançar no acordo de livre comércio. Mas, segundo Amorim, isso só será possível quando houver um calendário de redução das tarifas de comércio entre o México e o Mercosul.
"O preço que tem na porta do Mercosul é igual para qualquer membro, o que pode variar é a forma de pagamento, ou seja, os prazos", disse Amorim.
Politicamente o governo mexicano enfrenta pressão da opinião pública doméstica, que quer mais proximidade com países latino-americanos e menos com os Estados Unidos. Por outro lado, muitos setores mexicanos, como o do agronegócio, por exemplo, não estão contentes com o Nafta -a área de livre comércio entre o México, os Estados Unidos e o Canadá-, por isso resistem a novos arranjos de abertura comercial.
Por causa das críticas domésticas à excessiva proximidade com americanos, faz parte da política externa do governo mexicano aproximar-se do Mercosul. No mês que vem, o país escolhe novo presidente. "Há uma série de requisitos para ser membro associado. Por enquanto vamos seguir como observadores, para não cair no problema de antes de só olhar para o Norte", disse Derbez.
Para passar da condição de membro associado (com participação nas reuniões políticas e com acordos de preferência comercial) para a de membro plenos (com adesão à Tarifa Externa Comum), a Venezuela saiu da Comunidade Andina e assinou acordos com todos os países do bloco conjuntamente.
No caso do México, a situação é mais complicada. O país assinou acordos de preferência comercial com Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai separadamente e nenhum com a Venezuela. Com o Brasil, o acordo envolve só 800 produtos.
Nos últimos cinco anos, as empresas mexicanas investiram US$ 8 bilhões no Brasil. No mesmo período o Brasil investiu US$ 200 milhões lá..


Texto Anterior: Foco: Torcida celebra Copa com 80% de cornetas, buzinas e chapéus "made in China"
Próximo Texto: Slim critica alta mortalidade de empresas na AL
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.