São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2008

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Estatização da Varig teria sido a melhor solução, afirma juiz

DA SUCURSAL DO RIO

O juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pelo processo de recuperação judicial da Varig, afirmou ontem em entrevista à Folha que a melhor solução para a empresa teria sido a estatização, por meio de uma intervenção direta do governo. Segundo Ayoub, na primeira etapa do processo de recuperação da empresa, o governo era favorável à busca de uma solução de mercado e estava disposto a aceitar a quebra da companhia.
"Na minha opinião, se o governo tivesse participado desde o início, estatizando a empresa, saneando-a, porque os maiores credores são o próprio governo, seria, para mim, a melhor solução", disse.
Ele relatou ter tido encontros com o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e com o ex-ministro da Defesa Waldir Pires em busca de uma solução "menos traumática" para a companhia. O juiz disse não ter "qualificação técnica" para julgar se o governo estava certo ou errado, mas mencionou que o próprio governo mudou de opinião e passou a ser favorável à manutenção das operações da empresa.
Durante um seminário na Confederação Nacional do Comércio, ocorrido no dia 26 de maio, em gravação à qual a Folha teve acesso, o juiz disse ter recebido "pressões de todo tipo de segmentos possíveis".

Empresa viável
Ayoub relatou o episódio em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo não colocaria dinheiro em empresa falida e, com isso, prejudicou as operações da Varig, com queda nas vendas de bilhetes e no fluxo de caixa. Em seguida, o juiz marcou uma entrevista coletiva para dizer que a empresa era viável e que não decretaria a falência enquanto ela pudesse ser recuperada.
Na entrevista de ontem, disse que não sofreu pressões e que se referiu anteriormente à dificuldade do processo de recuperação da Varig do ponto de vista quantitativo e qualitativo. "Ninguém se atreve a nos pressionar porque não nos prestamos a isso", disse.
No final do seminário em maio, o juiz se irritou com uma pergunta de um ex-funcionário, que questionou se ele considerava a Varig uma empresa recuperada diante do grande número de funcionários demitidos e da crise no Aerus, o fundo de pensão dos funcionários da Varig. (JANAINA LAGE)


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