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Ofício põe em xeque declarações de Zuanazzi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dentro da mala que a ex-diretora da Anac Denise Abreu
levou ao Senado estavam 12 mil
folhas que detalham o tumultuado processo de venda da Varig e revelam incoerências nos
depoimentos do ex-presidente
Milton Zuanazzi e do ex-procurador-geral da agência João Ilídio, que negaram anteontem a
pressão do Executivo no caso.
Zuanazzi disse aos senadores
que não havia nenhuma representação contra Denise Abreu
no Ministério da Defesa. Detalhou ainda que consultou o então ministro Waldir Pires, que
lhe garantiu não ter nenhum
procedimento interno contra a
ex-diretora.
Mas um ofício assinado pela
advogada Adriana Marubayachi Angelozzi pede o arquivamento da representação no Ministério da Defesa no mesmo
dia em que a diretoria da Anac
aprovou a venda da VarigLog
para o fundo americano e os
três sócios brasileiros.
Denise Abreu condicionava
sua participação na votação
que aprovou a venda à retirada
da representação da qual é acusada de lobby pela TAM. Contra a ex-diretora foi protocolada ainda uma representação
por "supressão de documentos". A Varig pedia ao Ministério da Defesa que se apurasse o
motivo pelo qual Denise Abreu
não incluiu pareceres que comprovavam a origem do capital
dos compradores.
A documentação mostra ainda que a Procuradoria Geral da
Anac emitiu três pareceres distintos sobre a necessidade de se
provar que a VarigLog era controlada por mais de 80% de capital nacional.
Novos documentos
Uma ata da reunião da diretoria do dia 18 de abril de 2006
cita parecer da procuradoria
sustentando a necessidade de a
VarigLog apresentar novos documentos sobre o capital da
empresa.
A decisão fez com que Roberto Teixeira acionasse a Justiça
questionando a decisão da
agência, em especial de Denise
Abreu, que era relatora do processo. "O assunto em questão,
não se sabe de que forma, foi
atribuído à competência de Denise Abreu, que havia há poucos dias assumido o cargo, após
ser guindada da assessoria jurídica da Casa Civil e, por conseguinte, do ex-ministro José
Dirceu", escreveram os advogados do escritório de Roberto
Teixeira na ação, que foi retirada justamente para assegurar a
aprovação da Anac no dia 23 de
junho de 2006.
À Folha, a agência Ilídio disse que não lembra de ter assinado pareceres exigindo cópia
das declarações do Imposto de
Renda dos sócios nem a remessa da documentação para a Receita Federal e para o Banco
Central. Mas, no dia 12 de dezembro, a Anac decide, com base em parecer da procuradoria,
encaminhar documentação do
processo ao Ministério da Fazenda e ao BC para que eles
analisassem toda as alterações
contratuais e indicassem eventuais irregularidades.
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