São Paulo, terça-feira, 13 de julho de 2004

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BRASIL X ARGENTINA

Setor privado diz que Brasil precisa abandonar "excesso de diplomacia" e ser mais duro com país vizinho

Para empresários, falta firmeza ao governo

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresários criticaram ontem a posição do governo brasileiro na disputa comercial com a Argentina e exigiram "habilidade política", "firmeza" e "endurecimento" na negociação. No último dia 5, a Argentina anunciou que iria restringir a importação de máquinas de lavar, refrigeradores e televisores brasileiros. Em 2003, o Brasil vendeu 500 mil fogões, geladeiras e lavadoras ao país vizinho.
Cláudio Vita Filho, vice-presidente da Philco, disse ser "estranho que ainda não tenhamos [o governo] tido uma reação muito firme. Temos de endurecer e marcar posição". A direção da CCE, dona de 35% do mercado de televisores na Argentina, critica "o excesso de diplomacia" do atual comando brasileiro na questão. "Não entendo por que o governo não partiu "para cima" nesse caso", disse Synésio Batista da Costa, vice-presidente da empresa.
Na quinta-feira passada, a presidência da Eletros, entidade que representa o setor eletrônico, disse temer que o governo brasileiro adote uma "política dos panos quentes" para tratar do assunto.
Na avaliação de Rui Hirschheimer, presidente da Electrolux, o governo brasileiro precisará de "presença e habilidade política" nas negociações, se quiser avanços. "Essa situação precisa ser resolvida o mais rápido possível."
Até o momento, pelo lado do governo brasileiro, a única "ameaça" aos argentinos partiu do ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento). Na última semana, ele disse que o Brasil também tem munição para fomentar a "guerra comercial", se assim desejar. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e demais ministros minimizaram o atrito.
Amanhã, representantes do empresariado e técnicos do governo brasileiro se reúnem com empresários argentinos para tentar uma solução negociada que encerre o conflito. Na quinta-feira, o encontro será entre lideranças dos dois governos apenas, com a presença do secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Marcio Fortes.


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