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LUÍS NASSIF
Joio e trigo na CPI
Coberturas continuadas
de escândalo sempre passam por momentos de estresse.
É quando se esgota o potencial
de notícias da rodada inicial e
se tenta manter o pique antes
que surjam novos temas relevantes. Aí reside o perigo. O
açodamento pode fazer com
que se supervalorizem temas
irrelevantes e não se percebam
temas graves, especialmente
em temas mais técnicos.
Do que tem saído até agora,
dá para avaliar o seguinte:
Fábio da Silva, o filho - sócio
da empresa G4 Entretenimento e Tecnologia Digital, que recebeu injeção de capital da Telemar. Estranhou-se o fato de
uma firma nova, não dispondo
de capital relevante, ter recebido o aporte primeiro e a participação acionária depois. Empresas de conteúdo tecnológico
são avaliadas por alguns pontos específicos. Um deles é o potencial de crescimento do setor. O faturamento global da
indústria de games saltou de
US$ 760 milhões, em 2003, para US$ 11,6 bilhões, em 2004, e
se transformou no principal
ponto de disputa da indústria
da telefonia. Empresas já em
operação têm um "goodwill"
-isto é, um preço maior, por
estar pronta e operando. A empresa citada -pelo que saiu
na mídia- opera desde 2002 e
tem licença do canal G4 -um
canal de games norte-americano. Desde 2003, está na TV
Bandeirantes, ao que consta
com audiência satisfatória
(www.band.com.br/ g4brasil/
programa.asp). A explicação
da venda de debêntures, para
posterior transformação em
ações, é razoável. Permite acelerar o processo, até a formalização da sociedade. A interpretação de que visava esconder os verdadeiros acionistas
não bate com os fatos, já que
30 dias depois a associação foi
formalizada, com registro e tudo.
Empréstimo de aposentado
- a grande barganha com os
pequenos bancos foi em cima
do crédito consignado para
aposentados. Para puxar o fio
da meada, basta identificar
quem impediu que o sistema
de empréstimos fosse atrelado
à existência prévia de conta
corrente do aposentado nos
bancos comerciais. É fraude
grossa.
Previ - o presidente da Previ,
Sérgio Rosa, é pessoa séria.
"Offshore" - todo esse edifício de caixinhas políticas, sonegação, crime organizado começou a desmoronar depois
que o poder de Estado -Ministério Público, Polícia Federal e Receita- começou a se
articular no combate ao uso
criminoso dos fundos "offshore", em um evento histórico em
Pirenópolis, Goiás. Aliás, os
subterrâneos da CPI do Banestado estão esperando um bom
trabalho investigativo.
Delúbio
Há pressão do Palácio para
que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares admita que recebeu
dinheiro de caixa dois de empresas e o repassou ao PT. Luiz
Inácio Lula da Silva julga que
uma admissão de culpa, tipo
"sou culpado, mas não em benefício próprio", amainaria a
crise. Orientado por advogados,
Delúbio se recusa.
Delúbio está mais bem orientado que Lula. O país inteiro está dando provas de maturidade, blindando Lula. Falta quem
o proteja de si próprio.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
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