São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2006

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Inadimplência aumenta 15,3% no primeiro semestre, aponta estudo

Expansão do crédito e prazos maiores no varejo explicam alta, afirma Serasa

DA REPORTAGEM LOCAL

Na esteira da expansão do crédito, a inadimplência de pessoa física no país encerrou o primeiro semestre de 2006 com uma alta de 15,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a Serasa, empresa de análise de crédito.
A variável é freqüentemente apontada pelos bancos como o componente com maior peso para justificar os juros em alta praticados no país, a despeito da queda sucessiva da Selic, a taxa básica do Banco Central. Em junho, os juros ao consumidor chegaram a 6,21% ao mês, a maior taxa desde 2003.
O aumento na inadimplência, de acordo com a Serasa, pode ser entendido como uma conseqüência natural do processo de disseminação do crédito no país, bem como do alongamento dos prazos para pagamento aplicados pelo varejo.
No período entre maio de 2005 e maio de 2006 (último dado disponibilizado pelo Banco Central), o crédito para pessoa física aumentou em torno de 30% em termos nominais, acima, portanto, do ritmo registrado pela inadimplência.
Diante da expectativa de manutenção da expansão do crédito no país, a tendência é que a inadimplência continue em alta em relação a 2005 e encerre o ano dessa forma. Pesquisa recente da própria Serasa, com cerca de mil empresas de diferentes setores e regiões, revelou que 60% esperam aumento da inadimplência do consumidor brasileiro neste ano.
Do processo de disseminação do crédito e de amadurecimento do mercado, aliada à estabilidade macroeconômica, decorre o outro fator que explica a inadimplência maior de janeiro a junho deste anos, afirma Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa.
"Até há três anos, o pico [da inadimplência decorrente das compras de fim de ano] concentrava-se no primeiro trimestre. Hoje, estende-se por todo o primeiro semestre."
Em junho, porém, o indicador caiu 12,8% ante o mês anterior, quando a alta havia sido de 13,1% na mesma comparação. Para Almeida, o movimento brusco deveu-se principalmente a um número menor de dias úteis em abril, o que "represou" o número de ocorrências.
Segundo o analista, a recuperação do rendimento do brasileiro e a melhoria do mercado de trabalho formal têm contribuído para amenizar o aumento da inadimplência neste ano.
Para que tais indicadores possam diminuir, assim como os juros ao consumidor, Almeida aponta a necessidade de adoção de políticas mais criteriosas na concessão de empréstimo, especialmente pelo varejo, e medidas como a criação do cadastro positivo de crédito.


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