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Brasil questiona câmbio da China
A pedido dos EUA, país vai incluir discussão sobre desvalorização do yuan na pauta de encontros do G20
Mantega diz que secretário
do Tesouro, Henry Paulson,
"instigou" governo a elevar
pressão para que moeda
chinesa seja valorizada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A pedido dos EUA, o Brasil
vai incluir a discussão sobre a
desvalorização da moeda chinesa na pauta dos encontros do
G20, grupo de países emergentes criado para negociar reduções nos subsídios dados pelos
países ricos. A China e o Brasil
estão entre os principais integrantes do grupo.
De acordo com o ministro
Guido Mantega (Fazenda), o
câmbio chinês é "artificialmente desvalorizado" pela compra
de dólares feita pelo banco central do país. Isso evita que o
yuan, a moeda local, valorize-se
e barateia as exportações chinesas para o resto do mundo.
"Se o governo [chinês] fizesse
menos intervenção, as mercadorias custariam 30% a 40%
mais. Seria o suficiente para
elas perderem na competição
com os produtos brasileiros.
Então é isso que nós queremos
corrigir", disse Mantega.
De acordo com o ministro, o
secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, "instigou" o
governo brasileiro a aumentar
a pressão internacional sobre a
China para que a moeda seja
valorizada. Os dois se reuniram
em Brasília na quarta.
Mantega também informou
que, na próxima reunião do
FMI, em outubro, o governo
brasileiro se manifestará de
"forma mais veemente" sobre a
desvalorização do yuan.
O ministro aproveitou a audiência pública na Câmara dos
Deputados para comparar o
crescimento chinês ao brasileiro. Segundo Mantega, o país
asiático alcança taxas de crescimento de 10% ao ano porque
está fazendo a transição de uma
economia agrícola para uma
com perfil industrial, um processo pelo qual o Brasil passou
no século passado.
"O Brasil é uma economia
emergente madura, cuja taxa
de crescimento boa é de 5% a
6%. Se crescermos 10%, quebramos a cara."
Mantega disse aos deputados
que o governo optou por um
aumento mais moderado do
PIB, porém mais seguro. O ministro explicou que o Brasil
precisa fazer investimentos em
infra-estrutura e fez uma crítica direta à Argentina,que enfrenta um apagão elétrico.
"Não vai acontecer [no Brasil] o que está acontecendo na
Argentina porque o nosso crescimento é mais equilibrado."
EUA e Mercosul
O subsecretário de Assuntos
Políticos do Departamento de
Estado, Nicholas Burns, deixou
claro ontem em Brasília que os
EUA querem derrubar barreiras comerciais com o Mercosul
e aprofundar a relação com o
Brasil na área econômica.
"Temos muito interesse em
trabalhar de perto com o Mercosul e os países líderes do
Mercosul para ver se conseguimos derrubar barreiras de comércio", disse Burns em breve
entrevista na manhã de ontem.
De acordo com o norte-americano, os principais empresários do Brasil e dos Estados
Unidos se reunirão nos próximos meses para verificar formas de derrubar limitações ao
comércio entre os dois países.
No ano passado, a balança bilateral girou US$ 39,2 bilhões,
com um superávit do Brasil de
US$ 9,87 bilhões.
(LEANDRA PERES, FERNANDO NAKAGAWA, IURI DANTAS e SHEILA D"AMORIM)
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