São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BARRIL DE PÓLVORA

MST promete barrar licitação de áreas de exploração de petróleo; ministra afirma que leilão está mantido

Sem-terra ameaçam invadir leilão da ANP

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Protesto de petroleiros e membros do MST contra leilão de áreas de exploração de óleo e gás


GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO

O coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Pedro Stedile, ameaçou invadir o hotel Sheraton, zona sul do Rio, durante a 6ª Rodada de Licitações de áreas de exploração de óleo e gás da ANP (Agência Nacional de Petróleo), a ser realizada nas próximas terça e quarta.
"Se for necessário, vamos ocupar o Sheraton para evitar o leilão", disse Stedile no discurso que fez na manifestação organizada pela FUP (Federação Única dos Petroleiros), filiada à CUT (Central Única dos Trabalhadores), no centro do Rio.
Segundo a PM, cerca de mil pessoas participaram do ato. Os organizadores estimaram 3.000 manifestantes. Usaram dois carros de som e estenderam uma bandeira do Brasil de cerca de 70 m2.
As licitações de áreas de petróleo são mais um embate entre o governo Lula e movimentos sociais aliados do PT. "A manutenção do leilão no mínimo é burrice e, no máximo, entreguismo deslavado", disse Stedile.
Tanto a FUP quanto a CUT sempre estiveram contra as licitações da ANP, que permitem a entrada da iniciativa privada na exploração de petróleo. A reação é maior agora porque, pela primeira vez, estarão sendo licitadas áreas devolvidas pela Petrobras e que são consideradas de elevado potencial pela própria agência.
A ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) afirmou que o leilão está mantido. "Se parar o leilão, nem a Petrobras tem acesso [às áreas de exploração]. Ninguém tem acesso."
Em 1997, antes da abertura do setor, a Petrobras pôde ficar com os blocos de exploração de petróleo que lhe interessavam. Segundo a legislação, a estatal teria um período de três anos, depois prorrogados, para encontrar petróleo nessas áreas. Em 2002, a empresa devolveu à ANP parte desse blocos -68 deles serão levados à leilão na próxima semana.
As entidades alegam que essas áreas são vizinhas a locais onde a Petrobras já encontrou petróleo e que, por isso mesmo, são grandes as possibilidades de sua existência nas regiões licitadas. "Estão indo a leilão áreas em que a Petrobras investiu", disse Antônio Carrara, coordenador da FUP. "É bilhete premiado", afirmou o secretário de Comunicação da CUT, Antônio Carlos Spis.
A ANP contesta. "É completamente equivocada a informação de que a ANP estaria licitando reservas descobertas pela Petrobras", afirma em nota. "São oferecidas só áreas exploratórias onde não há garantia da existência de petróleo e gás."
Segundo a ANP, as licitações são realizadas de acordo com a Lei do Petróleo, aprovada no Congresso em 1997.

Colaborou a Sucursal de Brasília

Texto Anterior: Cervejas: Schin mantém participação no mercado
Próximo Texto: Saiba mais: 24 interessados vão disputar as áreas ofertadas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.