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AVIAÇÃO
Palocci, Dirceu e Viegas debatem tema em almoço e esperam definição em 2 semanas; Lula pretende preservar marca
Governo prefere "solução de mercado" na Varig
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O governo deverá fechar nas
próximas semanas o pacote para
a aviação civil, que visa principalmente salvar a Varig. O assunto
foi o prato principal num almoço,
no Palácio do Planalto, com os
ministros Antonio Palocci Filho
(Fazenda), José Dirceu (Casa Civil), José Viegas (Defesa) e o presidente do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social), Carlos Lessa, além de assessores.
A pedido do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, Dirceu está
concentrando no governo as discussões para tentar uma saída que
salve a operação da Varig. Espera
ter uma definição para o problema nas duas próximas semanas.
Segundo a Folha apurou, Dirceu dispõe atualmente de duas soluções para a Varig. A primeira
envolve um apoio financeiro de
US$ 150 milhões do BNDES para
aliviar a situação da empresa. A
segunda seria uma saída de mercado. A Varig seria entregue aos
seus credores, que iriam tentar
vendê-la para uma ou mais companhias aéreas.
Das duas opções, Dirceu, assim
como Palocci e Viegas, tem demonstrado mais simpatia pela segunda. Dirceu não quer que o governo mais uma vez dê dinheiro à
Fundação Rubem Berta, controladora da Varig, que teve sua
chance de recuperar a companhia
e fracassou. Por isso, os esforços
são no sentido de encontrar uma
saída de mercado.
Há outras resistências à primeira alternativa. Neste caso, o
BNDES se tornaria praticamente
sócio da Varig, o que, para muitos, seria entendido como uma estatização da empresa.
Dirceu tem deixado claro, durante reuniões para discutir o
problema, que o interesse do presidente Lula não é o de salvar os
controladores da Varig, mas a
operação da companhia aérea. Ou
seja, o interesse do governo é de
manter a marca, os 18 mil empregos e as concessões que a empresa
possui para operar nos aeroportos internacionais.
Palocci deu uma espécie de aval
financeiro para operações que injetem recursos no setor e que dependem principalmente do
BNDES. Há, porém, sérios obstáculos de ordem jurídica.
Conforme a Folha apurou, a
Procuradoria Geral da República
desautorizou uma das alternativas em estudo pela cúpula do governo: a de fazer um "acerto de
contas" entre o que as empresas,
especialmente a Varig, reivindicam na Justiça a título de compensação pelo congelamento de
tarifas anos atrás.
Na avaliação jurídica da Procuradoria, o governo não pode fazer
acertos com créditos que ele não
reconhece. A ação já está no STJ
(Superior Tribunal de Justiça). Há
anos o governo contesta a reivindicação e nega a existência de erros passíveis de compensações.
A intenção, por enquanto, é
aguardar a decisão final da Justiça, ou seja, do STJ, sem propor antecipadamente um acordo com as
companhias semelhante ao que
foi feito com a Transbrasil -que
embolsou o dinheiro e mesmo assim quebrou.
A próxima reunião para tentar
fechar o pacote será na próxima
semana, também no Planalto.
Apesar de estar sendo chamada
de "pacote de salvamento da Varig", o governo unificou o discurso de que se trata de medidas para
garantir sobrevida "ao setor". Isso
inclui a TAM, a Gol e, possivelmente, a Vasp, que está em pior
situação do que as outras. Toda a
operação, porém, é ainda complicada porque as empresas têm saúde financeira muito diferente entre elas.
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