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LEÃO GULOSO
Resultado, divulgado ontem pela Receita Federal, é novo recorde
Carga tributária aumenta e vai a 36% do PIB em 2004
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A carga tributária do país no
ano passado cresceu e chegou a
35,91% do PIB (Produto Interno
Bruto), um novo recorde para o
Brasil, de acordo com os dados divulgados ontem pela Receita Federal. O recorde anterior havia sido obtido no ano de 2002, ainda
no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, quando a carga tributária atingiu
35,61% do PIB.
Esse resultado leva em conta os
tributos arrecadados pela União,
pelos Estados e pelos municípios
no ano passado. Em 2003, primeiro ano do governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, a carga
tributária total ficou em 34,90%
do PIB.
Os dados mostram que o Ministério da Fazenda não conseguiu
cumprir a promessa feita no início do governo pelo ministro Antonio Palocci Filho, de não elevar
a carga tributária acima do patamar de 2002.
A carga tributária da União no
ano passado ficou em 25,04% do
PIB, acima dos 24,92% registrados em 2002. Em 2003, a carta tributária da União havia ficado em
24,23% do PIB.
No ano passado, a União arrecadou em impostos R$ 442,2 bilhões. Foi uma arrecadação recorde, a exemplo do que já havia
ocorrido em anos anterior. No total, com Estados e municípios, a
arrecadação no ano ficou em R$
634,39 bilhões, de acordo com os
dados divulgados ontem pela Receita Federal. Em 2003, a arrecadação do governo federal ficou
em R$ 337 bilhões e em 2002, R$
335,4 bilhões.
Ricardo Pinheiro, secretário-adjunto da Receita Federal, atribuiu o aumento aos efeitos da cobrança das contribuições PIS e
Cofins sobre as importações desde maio do ano passado.
"Houve mais medidas de desoneração. A única para onerar foi a
cobrança de PIS [Programa de Integração Social] e Cofins [Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social] para as importações", disse.
O aumento da carga tributária,
aliado ao controle nos gastos com
investimentos públicos, ajudou o
governo a obter no ano passado
um superávit primário (economia de receita para o pagamento
de juros) de R$ 81 bilhões nas contas do setor público, equivalente a
4,6% do PIB.
Promessa
Quando prometeu que a carga
tributária da União neste governo
não ultrapassaria a de 2002, Palocci não especificou a que tipo de
arrecadação se referia.
Em uma tentativa de demonstrar resultados decrescentes, o secretário-adjunto Ricardo Pinheiro destacou o comportamento
dos tributos administrados pela
Receita Federal.
Sem incluir a arrecadação de tributos de Estados, municípios e
também os da Seguridade Social,
houve uma pequena redução na
carga de 2004 com relação a 2002,
segundo Pinheiro.
Nesse caso, no ano passado o
governo arrecadou R$ 286,8 bilhões, ou seja, 16,23% do PIB. Em
2002, a arrecadação, baseada neste conceito, chegou a um resultado de R$ 219,9 bilhões, o que representa 16,34% do PIB. Essa arrecadação já é livre das restituições de impostos feitas pelo governo. Em 2003, esse resultado foi
de R$ 242,8 bilhões, o que representou 15,61% do PIB.
Na opinião de Pinheiro, o déficit
da Previdência Social, cujas previsões vão de R$ 32 bilhões a R$ 40
bilhões para este ano, é o principal
fator que impede uma redução da
carga tributária no país.
No Brasil, apenas 10 mil empresas são responsáveis por entre
70% e 80% da arrecadação de impostos do governo. Dos cerca de
180 milhões de brasileiros, apenas
20 milhões possuem rendimentos
suficientes para declarar o Imposto de Renda. Nesse grupo, cerca
de 5 milhões têm impostos a pagar ao governo depois da retenção
na fonte.
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