São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2008

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TAM registra lucro e Gol tem prejuízo no 1º semestre

Empresas tomam direções opostas com demanda aquecida e petróleo em alta

Valor das ações da TAM na Bolsa de Valores recua 18,9% desde o começo do ano, enquanto preço dos papéis da Gol baixa 62,8%

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

Em um cenário de demanda aquecida e petróleo em alta, as duas maiores companhias aéreas do país divulgaram ontem resultados em direções opostas. A TAM acumulou lucro de R$ 52,7 milhões no primeiro semestre, o que significa uma alta de 72,7% em relação a igual período do ano passado. A Gol apurou prejuízo de R$ 290,867 milhões de janeiro a junho. No primeiro semestre de 2007, a companhia de baixo custo e baixa tarifa havia registrado ganhos de R$ 248,652 milhões.
Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a demanda no mercado doméstico cresceu 10,8% no primeiro semestre e a oferta registrou alta de 14,7%. Embora as empresas tenham efetuado aumentos de tarifas, não conseguiram repassar integralmente o custo. As companhias puderam oferecer mais assentos com a chegada de novas aeronaves que haviam sido encomendadas muito antes de o barril do petróleo bater na faixa dos US$ 130.
No caso da Gol, a capacidade cresceu 23% com mais 24 aeronaves. A TAM elevou a oferta em 13,6% com o aumento da frota em quatro aviões, com a chegada de novos A320 e A321 e a extinção dos Fokker-100 da frota operacional.
Somente no segundo trimestre, a TAM registrou lucro de R$ 50,2 milhões e reverteu o prejuízo apurado em igual período do ano passado, de R$ 28,6 milhões. Já a Gol registrou perda de R$ 216,767 milhões. A TAM decidiu antecipar a divulgação dos dados do segundo trimestre. A companhia só comentará o desempenho com analistas e jornalistas amanhã.
Do início do ano até ontem, as ações da Gol caíram 62,8%, e as da TAM, 18,9%. Enquanto a Gol enfrentou a revisão do modelo de negócios da Varig e a concentração em rotas no Brasil e na América do Sul, a TAM consolidou a liderança nas linhas internacionais.

Motivos
O presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, atribuiu o resultado prioritariamente à escalada do petróleo. O preço do barril aumentou 90,6% ante o segundo trimestre do ano passado. No mesmo período, o "yield" (média que o passageiro paga por quilômetro voado) aumentou 7,7%. Analistas citam também impactos negativos da aquisição da Varig.
No segundo trimestre, a companhia teve de arcar com a descontinuidade das operações em vôos intercontinentais da Varig. Os custos envolvem devolução de aeronaves e pagamento de multas.
Um dos fatores que chamaram a atenção no resultado da Gol foi o aumento da taxa de ocupação de equilíbrio entre receitas e despesas de 72,1% no segundo trimestre de 2007 para 77,8%. "Esse número subiu muito e mostra que está cada vez mais difícil rentabilizar a operação", diz Marco Saravalle, analista da Coinvalores.
"O cenário para a Gol é menos tenebroso do que mostram os números, com a perspectiva de integração com a Varig", diz Caio Dias, analista do Santander. No caso da TAM, ele afirma que as perspectivas são favoráveis, apesar de o resultado ser historicamente menor do que os desempenhos registrados pela companhia no passado.
As duas empresas enfrentaram aumento de custos com combustível. Na Gol, o aumento das despesas com combustível e lubrificantes foi de 47,9% e chegou a R$ 733,642 milhões. A TAM registrou alta de 54,2%, com R$ 988,6 milhões. As duas apresentaram aumento significativo da receita.
"Isso demonstra que a Gol tem muita gordura para cortar no segundo semestre. O vilão permanente é o combustível, mas não é só isso. Ela precisa investir na racionalização", afirma Paulo Bittencourt Sampaio, consultor em aviação. A empresa já divulgou que pretende fazer a junção de Varig e Gol em uma única empresa, o que permitiria reduzir custos. A decisão depende da Anac.


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