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TAM registra lucro e Gol tem prejuízo no 1º semestre
Empresas tomam direções opostas com demanda aquecida e petróleo em alta
Valor das ações da TAM na
Bolsa de Valores recua
18,9% desde o começo do
ano, enquanto preço dos
papéis da Gol baixa 62,8%
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Em um cenário de demanda
aquecida e petróleo em alta, as
duas maiores companhias aéreas do país divulgaram ontem
resultados em direções opostas. A TAM acumulou lucro de
R$ 52,7 milhões no primeiro
semestre, o que significa uma
alta de 72,7% em relação a igual
período do ano passado. A Gol
apurou prejuízo de R$ 290,867
milhões de janeiro a junho. No
primeiro semestre de 2007, a
companhia de baixo custo e
baixa tarifa havia registrado ganhos de R$ 248,652 milhões.
Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a demanda no mercado doméstico
cresceu 10,8% no primeiro semestre e a oferta registrou alta
de 14,7%. Embora as empresas
tenham efetuado aumentos de
tarifas, não conseguiram repassar integralmente o custo. As
companhias puderam oferecer
mais assentos com a chegada
de novas aeronaves que haviam
sido encomendadas muito antes de o barril do petróleo bater
na faixa dos US$ 130.
No caso da Gol, a capacidade
cresceu 23% com mais 24 aeronaves. A TAM elevou a oferta
em 13,6% com o aumento da
frota em quatro aviões, com a
chegada de novos A320 e A321
e a extinção dos Fokker-100 da
frota operacional.
Somente no segundo trimestre, a TAM registrou lucro de
R$ 50,2 milhões e reverteu o
prejuízo apurado em igual período do ano passado, de R$
28,6 milhões. Já a Gol registrou
perda de R$ 216,767 milhões. A
TAM decidiu antecipar a divulgação dos dados do segundo trimestre. A companhia só comentará o desempenho com
analistas e jornalistas amanhã.
Do início do ano até ontem,
as ações da Gol caíram 62,8%, e
as da TAM, 18,9%. Enquanto a
Gol enfrentou a revisão do modelo de negócios da Varig e a
concentração em rotas no Brasil e na América do Sul, a TAM
consolidou a liderança nas linhas internacionais.
Motivos
O presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, atribuiu o resultado prioritariamente à escalada do petróleo. O
preço do barril aumentou
90,6% ante o segundo trimestre do ano passado. No mesmo
período, o "yield" (média que o
passageiro paga por quilômetro
voado) aumentou 7,7%. Analistas citam também impactos negativos da aquisição da Varig.
No segundo trimestre, a
companhia teve de arcar com a
descontinuidade das operações
em vôos intercontinentais da
Varig. Os custos envolvem devolução de aeronaves e pagamento de multas.
Um dos fatores que chamaram a atenção no resultado da
Gol foi o aumento da taxa de
ocupação de equilíbrio entre
receitas e despesas de 72,1% no
segundo trimestre de 2007 para 77,8%. "Esse número subiu
muito e mostra que está cada
vez mais difícil rentabilizar a
operação", diz Marco Saravalle,
analista da Coinvalores.
"O cenário para a Gol é menos tenebroso do que mostram
os números, com a perspectiva
de integração com a Varig", diz
Caio Dias, analista do Santander. No caso da TAM, ele afirma
que as perspectivas são favoráveis, apesar de o resultado ser
historicamente menor do que
os desempenhos registrados
pela companhia no passado.
As duas empresas enfrentaram aumento de custos com
combustível. Na Gol, o aumento das despesas com combustível e lubrificantes foi de 47,9%
e chegou a R$ 733,642 milhões.
A TAM registrou alta de 54,2%,
com R$ 988,6 milhões. As duas
apresentaram aumento significativo da receita.
"Isso demonstra que a Gol
tem muita gordura para cortar
no segundo semestre. O vilão
permanente é o combustível,
mas não é só isso. Ela precisa
investir na racionalização",
afirma Paulo Bittencourt Sampaio, consultor em aviação. A
empresa já divulgou que pretende fazer a junção de Varig e
Gol em uma única empresa, o
que permitiria reduzir custos.
A decisão depende da Anac.
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