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BC nega estratégia de reduzir aplicações em títulos dos EUA
Mudanças no saldo investido refletem "variações do mercado", diz diretor do banco
BC diz que a administração das reservas é dinâmica e
que pode mudar de um dia para o outro, mas a política de longo prazo não muda
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central nega que tenha uma estratégia de reduzir
suas aplicações em títulos do
Tesouro norte-americano,
mesmo com as perspectivas de
enfraquecimento do dólar no
mercado internacional. Desde
o agravamento da crise, no final
do ano passado, países como a
China têm defendido que a
moeda dos EUA deixe de servir
de referência para as aplicações
dos bancos centrais.
De acordo com o diretor de
Política Monetária do BC, Mário Torós, pelo menos por enquanto o governo brasileiro
não pensa em mudar a estratégia usada para guiar os investimentos feitos com os recursos
das reservas internacionais do
país. "Estamos absolutamente
tranquilos com os investimentos nos Estados Unidos."
Ontem, a Folha informou
que, entre agosto de 2008 e
maio deste ano, o BC reduziu
em US$ 25,5 bilhões suas aplicações em títulos emitidos pelo
governo dos EUA. O governo
brasileiro é um dos principais
detentores de papéis da dívida
norte-americana.
Torós comentou o assunto
ao apresentar, pela primeira
vez, um balanço sobre a política adotada pelo BC na administração das reservas internacionais. O economista divulgou
números referentes às aplicações feitas em 2008 e não quis
comentar dados deste ano.
Ainda assim, Torós ressaltou
que variações no saldo das aplicações do Brasil em títulos dos
EUA podem refletir apenas
"variações do mercado", não
significando necessariamente
mudanças na estratégia adotada. "A administração de reservas é uma coisa dinâmica, pode
mudar de um dia para o outro,
mas a política de longo prazo
não muda. Em princípio, não
vemos nenhum problema em
fazer investimentos nos EUA."
Para Torós, também não está
claro qual seria a alternativa a
ser seguida caso se decidisse
reduzir as aplicações na moeda
dos EUA, já que outros países
desenvolvidos -que poderiam
passar a funcionar como parâmetro para o mercado- também enfrentam problemas.
Os números do BC mostram
que, até o final de 2008, os investimentos em dólar ainda representavam 89,1% do saldo
das reservas. Além disso, 79,1%
dos recursos foram investidos
em títulos da dívida de governos de países desenvolvidos,
principalmente os EUA.
Em 2008, esse conjunto de
investimentos proporcionou
rentabilidade, em dólar, de
9,3%. No mesmo período, a Selic teve variação de 12,5%.
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