São Paulo, quinta-feira, 13 de agosto de 2009

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BC nega estratégia de reduzir aplicações em títulos dos EUA

Mudanças no saldo investido refletem "variações do mercado", diz diretor do banco

BC diz que a administração das reservas é dinâmica e que pode mudar de um dia para o outro, mas a política de longo prazo não muda


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central nega que tenha uma estratégia de reduzir suas aplicações em títulos do Tesouro norte-americano, mesmo com as perspectivas de enfraquecimento do dólar no mercado internacional. Desde o agravamento da crise, no final do ano passado, países como a China têm defendido que a moeda dos EUA deixe de servir de referência para as aplicações dos bancos centrais.
De acordo com o diretor de Política Monetária do BC, Mário Torós, pelo menos por enquanto o governo brasileiro não pensa em mudar a estratégia usada para guiar os investimentos feitos com os recursos das reservas internacionais do país. "Estamos absolutamente tranquilos com os investimentos nos Estados Unidos."
Ontem, a Folha informou que, entre agosto de 2008 e maio deste ano, o BC reduziu em US$ 25,5 bilhões suas aplicações em títulos emitidos pelo governo dos EUA. O governo brasileiro é um dos principais detentores de papéis da dívida norte-americana.
Torós comentou o assunto ao apresentar, pela primeira vez, um balanço sobre a política adotada pelo BC na administração das reservas internacionais. O economista divulgou números referentes às aplicações feitas em 2008 e não quis comentar dados deste ano.
Ainda assim, Torós ressaltou que variações no saldo das aplicações do Brasil em títulos dos EUA podem refletir apenas "variações do mercado", não significando necessariamente mudanças na estratégia adotada. "A administração de reservas é uma coisa dinâmica, pode mudar de um dia para o outro, mas a política de longo prazo não muda. Em princípio, não vemos nenhum problema em fazer investimentos nos EUA."
Para Torós, também não está claro qual seria a alternativa a ser seguida caso se decidisse reduzir as aplicações na moeda dos EUA, já que outros países desenvolvidos -que poderiam passar a funcionar como parâmetro para o mercado- também enfrentam problemas.
Os números do BC mostram que, até o final de 2008, os investimentos em dólar ainda representavam 89,1% do saldo das reservas. Além disso, 79,1% dos recursos foram investidos em títulos da dívida de governos de países desenvolvidos, principalmente os EUA.
Em 2008, esse conjunto de investimentos proporcionou rentabilidade, em dólar, de 9,3%. No mesmo período, a Selic teve variação de 12,5%.


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