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Lobão afirma que país terá mais 50 usinas nucleares
Segundo ministro, novas unidades serão construídas ao longo de cinco décadas
Para professor, "afirmação do ministro parece mais uma fantasia, um desejo, do que um plano de governo" ao se referir a 50 anos
JANAINA LAGE
ENVIADA ESPECIAL A ANGRA DOS REIS
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou ontem que o governo prevê a instalação de mais 60.000 MW de
energia nuclear nos próximos
50 anos. Segundo ele, embora
ainda não haja uma decisão do
CNPE (Conselho Nacional de
Política Energética), há uma
definição no governo de que a
energia nuclear ganhará mais
espaço entre as fontes de energia usadas no país.
De acordo com o ministro,
cada usina terá capacidade de
cerca de 1.000 MW. Com isso, o
total de usinas poderá ficar entre 50 e 60, de acordo com a potência exata de cada uma. "Nós
estamos decidindo progredir o
programa nuclear. Vamos
construir no Brasil inúmeras
outras usinas nucleares. (...)
Depois das próximas quatro,
vamos iniciar a construção de
uma a cada ano", disse.
O país tem atualmente cerca
de 100.000 MW de energia instalada, o que inclui hidrelétricas e térmicas, entre outras
fontes. Segundo Leonam dos
Santos Guimarães, assistente
da presidência da Eletronuclear, estatal responsável pela
administração das usinas, com
o ritmo de crescimento da economia da ordem de 6%, como
verificado no primeiro semestre, o país precisará diversificar
mais o uso de fontes de energia.
Além de retomar a construção de Angra 3, projeto parado
por 20 anos, o governo já decidiu construir mais quatro usinas nucleares. Duas ficarão no
Nordeste e duas no Sudeste. Segundo Lobão, os locais exatos
das usinas no Nordeste ainda
não foram definidos.
"Esse é um cenário muito diferente do início do programa
nuclear, com Angra 1", disse.
Ainda não há definição ou manifestação de interesse dos Estados da região Sudeste. Os estudos anteriores da Eletronuclear, no entanto, já incluíram
como possibilidade a construção de usinas em São Paulo.
Sobre Angra 3, o ministro
afirmou que ainda não há decisão sobre o local em que será
construído o depósito definitivo de rejeitos, mas que isso não
será um problema para a usina.
Lobão visitou ontem Angra 2, o
local onde será instalada Angra
3 e verificou os equipamentos
que estão guardados há mais de
uma década. Segundo o presidente da Eletronuclear, Othon
Pinheiro da Silva, as obras começarão em abril.
Avaliação
Para Adilson de Oliveira,
professor da UFRJ, antes de
mencionar a hipótese de construção de dezenas de novas usinas, o governo deveria implementar medidas para viabilizar
as próximas quatro, como fechar o orçamento para as obras,
preparar mão-de-obra qualificada e apresentar formas de financiamento para compra de
máquinas e equipamentos.
"Cinqüenta anos é um horizonte de tempo tão amplo que a
afirmação do ministro parece
mais uma fantasia, um desejo,
do que um plano de governo.
Por outro lado, é fundamental
para o país terminar a construção de Angra 3, porque estamos
em uma cenário energético
complicado, dependendo de
usinas hidrelétricas como as do
rio Madeira, que estão longe do
centro de carga", afirmou.
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