São Paulo, sábado, 13 de setembro de 2008

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Lobão afirma que país terá mais 50 usinas nucleares

Segundo ministro, novas unidades serão construídas ao longo de cinco décadas

Para professor, "afirmação do ministro parece mais uma fantasia, um desejo, do que um plano de governo" ao se referir a 50 anos

JANAINA LAGE
ENVIADA ESPECIAL A ANGRA DOS REIS

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou ontem que o governo prevê a instalação de mais 60.000 MW de energia nuclear nos próximos 50 anos. Segundo ele, embora ainda não haja uma decisão do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), há uma definição no governo de que a energia nuclear ganhará mais espaço entre as fontes de energia usadas no país.
De acordo com o ministro, cada usina terá capacidade de cerca de 1.000 MW. Com isso, o total de usinas poderá ficar entre 50 e 60, de acordo com a potência exata de cada uma. "Nós estamos decidindo progredir o programa nuclear. Vamos construir no Brasil inúmeras outras usinas nucleares. (...) Depois das próximas quatro, vamos iniciar a construção de uma a cada ano", disse.
O país tem atualmente cerca de 100.000 MW de energia instalada, o que inclui hidrelétricas e térmicas, entre outras fontes. Segundo Leonam dos Santos Guimarães, assistente da presidência da Eletronuclear, estatal responsável pela administração das usinas, com o ritmo de crescimento da economia da ordem de 6%, como verificado no primeiro semestre, o país precisará diversificar mais o uso de fontes de energia.
Além de retomar a construção de Angra 3, projeto parado por 20 anos, o governo já decidiu construir mais quatro usinas nucleares. Duas ficarão no Nordeste e duas no Sudeste. Segundo Lobão, os locais exatos das usinas no Nordeste ainda não foram definidos.
"Esse é um cenário muito diferente do início do programa nuclear, com Angra 1", disse. Ainda não há definição ou manifestação de interesse dos Estados da região Sudeste. Os estudos anteriores da Eletronuclear, no entanto, já incluíram como possibilidade a construção de usinas em São Paulo.
Sobre Angra 3, o ministro afirmou que ainda não há decisão sobre o local em que será construído o depósito definitivo de rejeitos, mas que isso não será um problema para a usina. Lobão visitou ontem Angra 2, o local onde será instalada Angra 3 e verificou os equipamentos que estão guardados há mais de uma década. Segundo o presidente da Eletronuclear, Othon Pinheiro da Silva, as obras começarão em abril.

Avaliação
Para Adilson de Oliveira, professor da UFRJ, antes de mencionar a hipótese de construção de dezenas de novas usinas, o governo deveria implementar medidas para viabilizar as próximas quatro, como fechar o orçamento para as obras, preparar mão-de-obra qualificada e apresentar formas de financiamento para compra de máquinas e equipamentos.
"Cinqüenta anos é um horizonte de tempo tão amplo que a afirmação do ministro parece mais uma fantasia, um desejo, do que um plano de governo. Por outro lado, é fundamental para o país terminar a construção de Angra 3, porque estamos em uma cenário energético complicado, dependendo de usinas hidrelétricas como as do rio Madeira, que estão longe do centro de carga", afirmou.


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