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Caixa e BB puxam alta de tarifa bancária
Para compensar redução nos juros, instituições aumentaram taxas e engordaram suas receitas tarifárias em até 50%
Na última sexta, governo proibiu cobrança de "taxa de renovação cadastral", debitada cada vez que o cliente alterava seus dados
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao mesmo tempo em que
anunciavam cortes nas taxas de
juros como forma de estimular
a economia em recessão no final de 2008 e início deste ano,
os bancos reforçavam o caixa
com a cobrança de tarifas bancárias, o que ajudou a engordar
o lucro no período.
As instituições oficiais Caixa
Econômica Federal e Banco do
Brasil, que, por determinação
do governo, foram as que primeiro acenaram ao público
com a bandeira de redução de
juros, são também as que mais
aumentaram suas receitas com
tarifas.
Segundo levantamento feito
a partir do balanço das instituições financeiras, a Caixa é a recordista entre os cinco maiores
bancos do país.
No primeiro semestre deste
ano, a instituição controlada
integralmente pelo Tesouro
Nacional aumentou em 50,86%
a renda com tarifas bancárias
em relação ao mesmo período
de 2008, passando de R$
233,869 milhões para R$
352,813 milhões.
No Banco do Brasil, a alta foi
de 27,23%. As receitas somaram R$ 1,232 bilhão no primeiro semestre de 2008 e R$ 1,567
bilhão no mesmo período deste
ano. Os principais concorrentes privados do BB e da Caixa
Econômica também registraram alta nesses ganhos, mas foram mais modestos: Bradesco
(11,78%) e Santander/Real
(10,96%). Apenas o Itaú apresentou queda de 5%.
O ritmo de crescimento das
receitas nos bancos oficiais é
maior do que a ampliação da
base de correntistas.
A Caixa encerrou junho deste ano com 6,35% a mais de
clientes pessoas físicas do que
em junho de 2008. O aumento
nas empresas que operam com
o banco foi de 7,62%. O BB calcula sua expansão pelo número
de contas correntes, que é diferente, já que um mesmo cliente
pode ter várias contas.
O crescimento nas contas de
pessoas físicas, no período, foi
de 20%, e entre as empresas,
chegou a 23%.
Tarifas prioritárias
Os principais itens da conta
"rendas de tarifas bancárias"
que constam no balanço dos
bancos são as tarifas classificadas como prioritárias pelo Banco Central, que foram padronizadas no início de 2008, são cobradas de empresas e pessoas
físicas e não incluem valores
cobrados pela prestação de serviços como cartões de crédito,
seguros e cobranças.
Na época, com o objetivo de
permitir que os correntistas
pudessem comparar os valores
praticados entre os bancos e estimular a concorrência, BC e
Fazenda criaram um lista de
serviços básicos, proibindo a
cobrança de alguns deles tidos
como essenciais (fornecimento
de cartão e uma quantidade mínima de cheques, saques e extratos por mês e também compensação de cheques).
Com isso, as tarifas prioritárias, que passavam de 100 em
alguns bancos, caíram para 31,
ligadas a 20 tipos de serviços.
Nessa nova lista estão, entre
outras, as tarifas para abertura
e renovação de cadastro, emissão de cartão, transferências e
sustação de cheque. Ainda assim, os bancos estão aumentando suas receitas.
Uma modificação introduzida pelo BC ajudou a aumentar
os ganhos.
Com a justificativa de maior
controle das informações sobre
o cliente, a taxa de renovação
cadastral, que incidia anualmente, passou a ser cobrada
com mais frequência.
"É uma espécie de taxa pela
conta corrente, mas só é cobrada quando tem uma atualização", disse Antônio Cássio Segura, gerente-executivo da área
de varejo do BB. Na noite da última sexta-feira, o governo
proibiu essa cobrança.
O BB e a Caixa justificaram a
elevação dos ganhos com tarifas por causa do aumento e a fidelização dos clientes, que passaram a consumir mais produtos. Mas também admitem elevação de alguns preços.
Fidelização
Segura diz que o BB intensificou a atuação com metas agressivas de fidelização.
"Houve aumento de uma ou
outra. Mas sempre nos mantendo abaixo da média do mercado. Esse é um posicionamento estratégico."
O presidente do Banco do
Brasil, Aldemir Bendine, disse
que, com a padronização, a instituição passou a cobrar algumas tarifas que eram gratuitas
no banco, mas que eram cobradas pela concorrência.
Levantamento na lista de tarifas divulgadas pelo Banco
Central na internet mostra que
o cadastro para iniciar relacionamento, que saiu de graça no
BB até o fim de abril do ano passado, hoje custa ao cliente R$
30, e a taxa de renovação subiu
de R$ 16 para R$ 30. Na Caixa,
os R$ 15 cobrados no cadastro e
na renovação custam R$ 30 e
R$ 22,50, respectivamente.
O Bradesco seguiu o caminho
inverso do BB e zerou a cobrança da tarifa. Já Santander e Itaú
Unibanco cobram R$ 50 pelo
serviço, que custava R$ 11,40 e
R$ 15,00, respectivamente.
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