São Paulo, domingo, 13 de setembro de 2009

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Caixa e BB puxam alta de tarifa bancária

Para compensar redução nos juros, instituições aumentaram taxas e engordaram suas receitas tarifárias em até 50%

Na última sexta, governo proibiu cobrança de "taxa de renovação cadastral", debitada cada vez que o cliente alterava seus dados

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao mesmo tempo em que anunciavam cortes nas taxas de juros como forma de estimular a economia em recessão no final de 2008 e início deste ano, os bancos reforçavam o caixa com a cobrança de tarifas bancárias, o que ajudou a engordar o lucro no período.
As instituições oficiais Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, que, por determinação do governo, foram as que primeiro acenaram ao público com a bandeira de redução de juros, são também as que mais aumentaram suas receitas com tarifas.
Segundo levantamento feito a partir do balanço das instituições financeiras, a Caixa é a recordista entre os cinco maiores bancos do país.
No primeiro semestre deste ano, a instituição controlada integralmente pelo Tesouro Nacional aumentou em 50,86% a renda com tarifas bancárias em relação ao mesmo período de 2008, passando de R$ 233,869 milhões para R$ 352,813 milhões.
No Banco do Brasil, a alta foi de 27,23%. As receitas somaram R$ 1,232 bilhão no primeiro semestre de 2008 e R$ 1,567 bilhão no mesmo período deste ano. Os principais concorrentes privados do BB e da Caixa Econômica também registraram alta nesses ganhos, mas foram mais modestos: Bradesco (11,78%) e Santander/Real (10,96%). Apenas o Itaú apresentou queda de 5%.
O ritmo de crescimento das receitas nos bancos oficiais é maior do que a ampliação da base de correntistas.
A Caixa encerrou junho deste ano com 6,35% a mais de clientes pessoas físicas do que em junho de 2008. O aumento nas empresas que operam com o banco foi de 7,62%. O BB calcula sua expansão pelo número de contas correntes, que é diferente, já que um mesmo cliente pode ter várias contas.
O crescimento nas contas de pessoas físicas, no período, foi de 20%, e entre as empresas, chegou a 23%.

Tarifas prioritárias
Os principais itens da conta "rendas de tarifas bancárias" que constam no balanço dos bancos são as tarifas classificadas como prioritárias pelo Banco Central, que foram padronizadas no início de 2008, são cobradas de empresas e pessoas físicas e não incluem valores cobrados pela prestação de serviços como cartões de crédito, seguros e cobranças.
Na época, com o objetivo de permitir que os correntistas pudessem comparar os valores praticados entre os bancos e estimular a concorrência, BC e Fazenda criaram um lista de serviços básicos, proibindo a cobrança de alguns deles tidos como essenciais (fornecimento de cartão e uma quantidade mínima de cheques, saques e extratos por mês e também compensação de cheques).
Com isso, as tarifas prioritárias, que passavam de 100 em alguns bancos, caíram para 31, ligadas a 20 tipos de serviços.
Nessa nova lista estão, entre outras, as tarifas para abertura e renovação de cadastro, emissão de cartão, transferências e sustação de cheque. Ainda assim, os bancos estão aumentando suas receitas.
Uma modificação introduzida pelo BC ajudou a aumentar os ganhos.
Com a justificativa de maior controle das informações sobre o cliente, a taxa de renovação cadastral, que incidia anualmente, passou a ser cobrada com mais frequência.
"É uma espécie de taxa pela conta corrente, mas só é cobrada quando tem uma atualização", disse Antônio Cássio Segura, gerente-executivo da área de varejo do BB. Na noite da última sexta-feira, o governo proibiu essa cobrança.
O BB e a Caixa justificaram a elevação dos ganhos com tarifas por causa do aumento e a fidelização dos clientes, que passaram a consumir mais produtos. Mas também admitem elevação de alguns preços.

Fidelização
Segura diz que o BB intensificou a atuação com metas agressivas de fidelização.
"Houve aumento de uma ou outra. Mas sempre nos mantendo abaixo da média do mercado. Esse é um posicionamento estratégico."
O presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, disse que, com a padronização, a instituição passou a cobrar algumas tarifas que eram gratuitas no banco, mas que eram cobradas pela concorrência.
Levantamento na lista de tarifas divulgadas pelo Banco Central na internet mostra que o cadastro para iniciar relacionamento, que saiu de graça no BB até o fim de abril do ano passado, hoje custa ao cliente R$ 30, e a taxa de renovação subiu de R$ 16 para R$ 30. Na Caixa, os R$ 15 cobrados no cadastro e na renovação custam R$ 30 e R$ 22,50, respectivamente.
O Bradesco seguiu o caminho inverso do BB e zerou a cobrança da tarifa. Já Santander e Itaú Unibanco cobram R$ 50 pelo serviço, que custava R$ 11,40 e R$ 15,00, respectivamente.


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