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São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 2003

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FOLHAINVEST

MERCADO FINANCEIRO

Sem expectativa de fatos novos no Brasil, comportamento internacional pode ditar ritmo dos negócios

Cenário externo vira centro das atenções

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Investidores deverão voltar-se para o cenário externo, na falta de expectativa por grandes notícias nacionais, dizem analistas.
Os mercados já teriam colocado nos preços estimativas mais otimistas, afirmam. Mas ninguém se arrisca a dizer quando virá uma realização de lucros, que poderá ter origem no cenário externo.
"O mercado tende a ficar sem tendência definida na próxima semana", afirma Pedro Martins, do JP Morgan.
Nos EUA, onde segue a todo o vapor a divulgação dos resultados de empresas no terceiro trimestre, o volume de negócios pode cair hoje, em razão do feriado (Dia de Cristóvão Colombo).
As principais Bolsas de Valores norte-americanas abrem, mas o mercado de bonds segue fechado, o que costuma comprometer os negócios com ações nos EUA e, eventualmente, no Brasil.
"Não é o mesmo impacto [aqui] de quando todos os mercados fecham, mas poderá haver algum reflexo", diz Martins.

Arrecadação
O resultado da arrecadação federal em setembro, que será conhecido hoje, deverá vir bem inferior ao de setembro de 2002 (R$ 22,8 bilhões). As estimativas para o mês passado giram em torno de R$ 20 bilhões, em razão da atividade econômica mais fraca.
Há cerca de dois meses, o consenso de mercado para o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano era de 1,5%. Agora, o mercado projeta alta de apenas 0,5%.
"A nossa estimativa é menor ainda, 0,3%", diz Alexandre Bassoli, economista-chefe do HSBC.
"A arrecadação sobe com inflação alta. Com inflação baixa, fica mais difícil gerar superávit fiscal. Será preciso um esforço maior de contenção de gastos para chegar à meta, que deve ser atingida", diz.
A meta de superávit primário é de 4,25% do PIB.
O repique da inflação, registrado pelos últimos indicadores, não indica tendência de alta de preços, para analistas. Ele decorreria do reajuste de preços administrados, de vestuário e da entressafra agrícola. "Embora mais lentamente, a inflação deve continuar declinante. Provavelmente a contribuição da valorização do câmbio sobre os preços já foi superada. Ele está relativamente estável há quatro meses", diz Bassoli.
Para o economista do HSBC, o Copom (Comitê de Política Monetária), que tem demonstrado cautela, deve estar atento aos preços em suas próximas reuniões.
"A atenção é necessária num contexto de recuperação da demanda e de menor espaço para redução de juros", acrescenta.
HSBC e JP Morgan estimam corte de um ponto percentual da taxa básica de juros, a Selic, na reunião da próxima semana. Para o final do ano, a expectativa dos bancos é de Selic a 18%.

Emissões
O mercado continua atento à possibilidade de uma nova emissão de títulos pelo governo.
Segundo analistas, o momento é propício à emissão de papéis mais longos, dada a grande liquidez internacional.

Lucro
Analistas projetam, no terceiro trimestre, crescimento de 16% nos lucros de empresas que compõem o índice norte-americano da Standard & Poor's 500.
Entre as principais companhias que apresentam seus resultados nesta semana estão Intel, Johnson & Johnson e Motorola (amanhã); General Motors, IBM e Apple Computer (na quarta-feira), além de Caterpillar e Coca-Cola (na quinta-feira).


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