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FOLHAINVEST
MERCADO FINANCEIRO
Sem expectativa de fatos novos no Brasil, comportamento internacional pode ditar ritmo dos negócios
Cenário externo vira centro das atenções
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Investidores deverão voltar-se
para o cenário externo, na falta de
expectativa por grandes notícias
nacionais, dizem analistas.
Os mercados já teriam colocado
nos preços estimativas mais otimistas, afirmam. Mas ninguém se
arrisca a dizer quando virá uma
realização de lucros, que poderá
ter origem no cenário externo.
"O mercado tende a ficar sem
tendência definida na próxima semana", afirma Pedro Martins, do
JP Morgan.
Nos EUA, onde segue a todo o
vapor a divulgação dos resultados
de empresas no terceiro trimestre,
o volume de negócios pode cair
hoje, em razão do feriado (Dia de
Cristóvão Colombo).
As principais Bolsas de Valores
norte-americanas abrem, mas o
mercado de bonds segue fechado,
o que costuma comprometer os
negócios com ações nos EUA e,
eventualmente, no Brasil.
"Não é o mesmo impacto [aqui]
de quando todos os mercados fecham, mas poderá haver algum
reflexo", diz Martins.
Arrecadação
O resultado da arrecadação federal em setembro, que será conhecido hoje, deverá vir bem inferior ao de setembro de 2002
(R$ 22,8 bilhões). As estimativas
para o mês passado giram em torno de R$ 20 bilhões, em razão da
atividade econômica mais fraca.
Há cerca de dois meses, o consenso de mercado para o PIB
(Produto Interno Bruto) deste
ano era de 1,5%. Agora, o mercado projeta alta de apenas 0,5%.
"A nossa estimativa é menor
ainda, 0,3%", diz Alexandre Bassoli, economista-chefe do HSBC.
"A arrecadação sobe com inflação alta. Com inflação baixa, fica
mais difícil gerar superávit fiscal.
Será preciso um esforço maior de
contenção de gastos para chegar à
meta, que deve ser atingida", diz.
A meta de superávit primário é
de 4,25% do PIB.
O repique da inflação, registrado pelos últimos indicadores, não
indica tendência de alta de preços,
para analistas. Ele decorreria do
reajuste de preços administrados,
de vestuário e da entressafra agrícola. "Embora mais lentamente, a
inflação deve continuar declinante. Provavelmente a contribuição
da valorização do câmbio sobre
os preços já foi superada. Ele está
relativamente estável há quatro
meses", diz Bassoli.
Para o economista do HSBC, o
Copom (Comitê de Política Monetária), que tem demonstrado
cautela, deve estar atento aos preços em suas próximas reuniões.
"A atenção é necessária num
contexto de recuperação da demanda e de menor espaço para
redução de juros", acrescenta.
HSBC e JP Morgan estimam
corte de um ponto percentual da
taxa básica de juros, a Selic, na
reunião da próxima semana. Para
o final do ano, a expectativa dos
bancos é de Selic a 18%.
Emissões
O mercado continua atento à
possibilidade de uma nova emissão de títulos pelo governo.
Segundo analistas, o momento
é propício à emissão de papéis
mais longos, dada a grande liquidez internacional.
Lucro
Analistas projetam, no terceiro
trimestre, crescimento de 16%
nos lucros de empresas que compõem o índice norte-americano
da Standard & Poor's 500.
Entre as principais companhias
que apresentam seus resultados
nesta semana estão Intel, Johnson
& Johnson e Motorola (amanhã);
General Motors, IBM e Apple
Computer (na quarta-feira), além
de Caterpillar e Coca-Cola (na
quinta-feira).
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